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Quando poderei visitar meu neto de novo? Infectologistas respondem

Durante o isolamento social, avôs e avós sentem muita saudade das crianças, mas o momento cobra uma reinvenção do convívio

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ONU/Unsplash
Arte, vídeo chamada, criança e avó
1 de 1 Arte, vídeo chamada, criança e avó - Foto: ONU/Unsplash

Quando poderei ver meu netinho? Idosos em isolamento social por todo mundo se fazem essa pergunta. No Brasil, a escalada da pandemia do novo coronavírus obriga os médicos a darem um duro aviso: ainda não é o momento de visitar parentes, sobretudo os que têm mais idade.

É um vírus altamente transmissível, se perpetua em superfícies e em objetos, além de ter uma população-alvo que pode desenvolver quadros letais. Por fim, não tem vacina ou tratamento. Como resolver essa equação? As pessoas não podem se deixar levar pela emoção”, avalia José David Urbaez, diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal.

O médico pondera que o momento exige nos acostumarmos a viver com a escassez de convívio com quem se ama. “É um sofrimento imposto a todo o grupo, mas é ainda pior se o idoso se infectar e vier a óbito. Tem que colocar na balança o que gera mais dor: a pessoa que vai ver o neto, terá que se conformar a vê-lo a dois metros de distância, de máscara, sem abraço, sem expressões de afeto e vínculo. Você corta a espontaneidade, esvazia o significado do encontro”, pondera.

“A máscara não chancela a visita ao idoso apesar de ser um dos pilares da contenção da transmissão. Um pilar sozinho não sustenta nada, principalmente quando falamos em crianças pequenas. Menores de dois anos não devem usar máscara pelo risco de sufocamento e crianças maiores sentem incômodo, ficam mexendo. Se a visita for caso de extrema necessidade, porque os pais não têm com quem deixar o filho, o ideal é manter a distância de dois metros e conter os impulsos da criança de correr para o colo dos avós”, explica a infectologista Ana Helena Germoglio, que trabalha no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) e no Hospital Águas Claras.

Para Ana Helena, submeter a criança a um contato tão restrito pode ser até traumático. “Se fosse um encontro entre adultos, ao ar livre, mantendo a distância, seria mais fácil. Mas para crianças, pode levar a um trauma maior. Eu não faria isso com meus filhos e com os avós deles”, afirma. “Infelizmente, não sabemos onde isso vai chegar, quando o convívio social volta, quando as crianças vão ver os avós”, lamenta a médica.

Novos formatos
O ideal é usar a tecnologia e a criatividade para driblar a saudade. “Os pais podem abrir o computador na sala e deixar a câmera ligada para os avós. Não é uma ligação de vídeo para expressar afeto, é conviver cotidianamente. Como se estivéssemos abrindo a porta de um quarto: a senhora vai ver o neto brincando e correndo pela casa, vai contar uma história para ele. É uma maneira de manter o vínculo, bem mais satisfatória que o encontro cheio de medo”, sugere o infectologista David Urbaez.

“Esse debate é interessante para mostrar que não somos só biologia. A gente é essa coisa subjetiva, por isso tanto sofrimento no isolamento social. Por isso insistimos em resolver essa charada com a biologia, querer usar máscara e manter a distância, mas não é a solução. Temos que inventar outro mundo de troca de afeto”, garante o médico.

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