Psicólogos tentam garantir pagamento de consultas on-line
Categoria discute com ANS uma maneira de fazer com que as operadoras cubram atendimentos de pacientes a distância
atualizado
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Com o avanço do coronavírus no Brasil, vários estados decretaram medidas de distanciamento social, mantendo apenas os serviços considerados essenciais funcionando normalmente. Para diminuir o contato físico, cada vez mais psicólogos estão se cadastrando na plataforma criada pelo Conselho Federal de Psicologia em 2018 para atender os pacientes on-line, a distância.
Porém, as operadoras de saúde exigem, para realizar o pagamento, que o atendimento seja feito presencialmente. Atender fora da unidade credenciada seria uma quebra de contrato.
“A nossa plataforma cadastra os psicólogos para que atendam on-line. Todos precisam cadastrar o plano terapêutico, as bases teóricas para cada paciente. É um atendimento com embasamento técnico e ético. É por meio dela que fiscalizamos esses profissionais”, explica a presidente do Conselho Federal de Psicologia, Ana Sandra Fernandes. Ela conta que a quantidade de cadastros na plataforma explodiu nas últimas semanas, mas que são todos psicólogos com habilitação. “Temos uma estrutura que permite e dá segurança para as operadoras de plano de saúde”, diz.
Ana Sandra conta que o Conselho está em contato com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e com a Unidas, que congrega as operadoras, para garantir que os atendimentos a distância sejam remunerados o mais rápido possível. “Entendo que os planos de saúde precisem de um tempo para adequação, e o conselho está à disposição para discutir os melhores meios possíveis para que essa liberação seja feita rapidamente”, afirma.
Em nota enviada ao Metrópoles, a ANS explica que as operadoras de saúde não são “obrigadas a disponibilizar profissional que ofereça o atendimento pela modalidade de comunicação à distância”, mas que, caso a operadora tenha em sua rede algum profissional que ofereça o serviço a distância, a cobertura é obrigatória. Se o plano de saúde tiver ainda a opção de livre escolha de profissionais, mediante reembolso, o atendimento on-line também deve ser coberto.
Para fortalecer ainda mais a recomendação, depois de uma reunião extraordinária que aconteceu na última quarta-feira (25/03), o órgão passou a aconselhar que os usuários de plano de saúde procurem, sempre que possível, atendimento médico por telefone ou outras tecnologias que permitam a troca de informação de forma não presencial.
“A ANS recomenda que as operadoras adequem suas redes para disponibilizar atendimento remoto utilizando recursos de tecnologia da informação e comunicação na forma prevista nas resoluções dos respectivos conselhos de profissionais de saúde e da portaria editada pelo Ministério da Saúde“, diz nota do órgão.
“As pessoas não podem ficar desassistidas nesse momento que precisam tanto. Já tivemos reuniões e mandamos ofícios. Estamos fazendo essa articulação na tentativa de conseguir, no diálogo, essa liberação”, garante Ana Sandra. Com a recomendação da ANS, o processo pode caminhar mais rápido. “Nossa expectativa é que aconteça o mais rapidamente possível”, diz.