Nos primeiros meses de 2021, Israel tomou a dianteira mundial na vacinação contra a Covid-19. Com uma população de 9 milhões de habitantes e um contrato com a Pfizer, em fevereiro o país já tinha imunizado 50% da população com pelo menos uma dose.
No entanto, o ritmo não se manteve. Segundo o site Our World in Data, no momento, 63,96% dos israelenses já tomaram as duas doses da vacina e 69,36% já receberam pelo menos uma injeção.
O cenário israelense voltou a chamar a atenção no final de agosto, quando o país começou a viver uma nova onda de infecções, muito por conta da variante Delta, que chegou à nação em abril. Ainda não está claro se a nova cepa, que se tornou dominante lá, consegue driblar a imunidade adquirida após a vacina.
Cientistas do mundo inteiro ainda estão tentando explicar a nova onda em Israel. Um dos problemas enfrentados pela nação é que a imunização está estagnada e há dificuldades para avançar. A população israelense é considerada jovem, e cerca de um terço dos moradores do país tem menos de 14 anos.
A vacina da Pfizer só foi aprovada para pessoas com menos de 12 anos, ou seja, grande parte dos moradores não pode ser imunizada. Entre os elegíveis a receber as doses, cerca de 1 milhão de pessoas – principalmente judeus ultraortodoxos – ainda não foi vacinada.
O que se sabe sobre a vacinação de adolescentes contra Covid-19

As principais agências regulatórias de medicamentos do mundo já aprovaram a imunização de adolescentes com 12 anos ou mais contra a Covid-19Getty Images

A vacina da Pfizer/BioNTech é a única que pode ser aplicada em menores de 18 anos no BrasilPete Bannan/MediaNews Group/Daily Local News via Getty Images

A autorização para o uso emergencial em adolescentes com 12 anos ou mais foi dada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em junho deste anoIgo Estrela/Metrópoles

A Pfizer foi pioneira nos estudos clínicos com pessoas mais jovens e a primeira empresa a pedir a aprovação da agência brasileiraIgo Estrela/Metrópoles

Além de proteger os jovens contra os efeitos da infecção, a vacinação contribui para reduzir a circulação viral, protegendo também adultos e idosos mais vulneráveisGetty Images


A miocardite (inflamação do coração) foi apontada por estudos como um dos efeitos colaterais após a vacinação com imunizantes de RNA, como Pfizer e Moderna. O evento é considerado muito raroIgo Estrela/Metrópoles

A miocardite é mais comum entre os jovens, observada com maior frequência entre os meninos após a segunda dose. Ela pode causar dor no peito e batimentos cardíacos acelerados, sintomas que desaparecem em poucos diasIgo Estrela/Metrópoles

Cientistas alertam que o risco de desenvolver miocardite após a infecção pelo novo coronavírus é até seis vezes maior do que após a vacina e reforçam a necessidade da imunizaçãoGetty Images
Reforço e booster
Para tentar diminuir o número de novos casos, o governo israelense decidiu aplicar mais uma dose na população elegível para o imunizante. Apesar de polêmica (e contra as orientações da Organização Mundial de Saúde), a estratégia parece estar funcionando: na última semana, os diagnósticos começaram a cair e os hospitais estão menos pressionados.
Outra teoria para a alta de casos é que Israel tenha reaberto a economia cedo demais — em março, o país foi o primeiro do mundo a remover as medidas de proteção contra a Covid-19. Foi adotado um passaporte de vacinação, e a obrigatoriedade do uso de máscaras caiu.
Em junho, o governo voltou atrás e passou a exigir que a população use máscaras em locais fechados e em aglomerações à céu aberto. Nachman Ash, coordenador da resposta à pandemia de Israel, estima que pelo menos 80% da população deverá estar completamente imunizada antes que as medidas sejam canceladas novamente.
Por ter sido um dos primeiros países a aplicar as vacinas e continuar sofrendo para lidar com o coronavírus, os olhos do mundo estão atentos ao que acontece em Israel. Se a terceira dose ajudar a controlar o crescimento de casos no país, certamente será uma solução a ser copiada.