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Pesquisa mostra que grávidas passam anticorpos contra Covid-19 para bebês

Os anticorpos de longa duração são transmitidos para as crianças via placenta e foram detectados, também, no cordão umbilical

atualizado

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Burton0215/Getty
Mãos em barriga de grávida
1 de 1 Mãos em barriga de grávida - Foto: Burton0215/Getty

Um estudo conduzido no Hospital Pennsylvania, na Filadélfia, descobriu que mulheres infectadas pelo coronavírus durante a gravidez podem transmitir os anticorpos adquiridos contra a Covid-19 para os fetos, o que também os tornaria protegidos contra a infecção. O trabalho foi publicado recentemente na revista científica Jama Pedriatrics.

Primeiro, os pesquisadores realizaram testes de sorologia para a detecção de anticorpos em 1.471 grávidas que passaram pelo hospital entre 9 de abril e 8 de agosto de 2020. As mulheres tinham idade média de 32 anos.

Entre as mulheres analisadas, 83 tiveram resultado positivo para IgG e/ou IgM (que aparece alguns dias após a contaminação, quando já houve replicação viral considerável e o organismo começa a se defender) no momento do parto. O IgG aparece mais ao fim da infecção e tende a permanecer por um tempo mais longo no corpo, o que costuma ser relacionado à imunidade adquirida – apesar de isso ainda não ser uma garantia no caso da Covid-19

O trabalho foi feito, então, com as 83 gestantes que já haviam testado positivo para infecções anteriores de Covid-19 e, portanto, apresentavam anticorpos para o coronavírus Sars-CoV-2. Destas, 72 conseguiram transmitir IgG (anticorpos de mais longa duração), via placenta, para os bebês. Os pesquisadores também encontraram IgG no cordão umbilical.

Dos 11 bebês que não receberam anticorpos, cinco deles eram de mães nas quais foram detectados apenas o IgM e seis nasceram de mães com concentrações de IgG bem mais baixas do que as de outras mães cujos filhos apresentaram anticorpos.

Entre as 72 grávidas que transmitiram os anticorpos para os filhos, tanto mães assintomáticas (sem sintomas) quanto as mulheres que tiveram quadros leves, moderados e severos da doença conseguiram transferir a proteção também via placenta. Quanto maior o tempo entre a contaminação e o parto, maior o volume de anticorpos detectados na criança, de acordo com a pesquisa.

Transmissão da doença de mãe para feto é rara

Segundo Dustin Flannery, pesquisador do departamento neonatal do hospital que liderou o estudo, os resultados trazem algumas conclusões importantes. O fato de haver uma transmissão menor do IgM, que aparece em geral quando a pessoa ainda está doente, indica uma menor chance de a mãe passar a doença ao feto.

“Nossos resultados se alinham com as evidências atuais que sugerem que, embora a transmissão placentária e neonatal de Sars-CoV-2 possa ocorrer, tais eventos não são comuns. Não detectamos anticorpos IgM em nenhuma amostra de soro do cordão umbilical, mesmo em casos de doença materna crítica ou parto prematuro, apoiando que a transmissão materno-fetal da Sars-CoV-2 é rara“, escrevem.

A pesquisa foi vista como boa notícia por outros pesquisadores. “O estudo de Flannery e colegas, junto e com observações semelhantes em relatos de infecção por Covid-19 durante a gravidez, tem implicações importantes. Especificamente para informar as estratégias de vacinação materna e infantil”, escreveu a pesquisadora Flor Munoz, do Baylor College of Medicine, de Houston.

Os autores ponderam, no entanto, que os resultados ainda não permitem concluir se esses anticorpos presentes nos bebês serão suficientes para protegê-los. Ou seja, mais estudos serão necessários.

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