OMS sobre doações: “Não queremos mais promessas, queremos vacinas”
Entidade cobra novamente a doação de doses dos imunizantes para países pobres e pede mais uma vez a pausa na aplicação da terceira dose
atualizado

Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (9/9), Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), voltou a cobrar os países mais ricos sobre as promessas de doações de doses da vacina contra a Covid-19 prometidas a nações carentes. O chefe da entidade se disse chocado com a informação de que os integrantes do G7 possuem vacinas suficientes para imunizar suas populações e aplicar reforços, enquanto há países sem conseguir sequer vacinar profissionais de saúde e idosos.
“A vacina deve ser para todos, não só para os países ricos. Nações mais pobres não são segunda ou terceira prioridade, e não devem receber as sobras. Todos têm direito de ser imunizados. Há um mês, pedi que se adie a terceira dose para o final de setembro, mas pouca coisa mudou no cenário global e agora precisamos de uma moratória até o final do ano“, alertou Ghebreyesus.
Bruce Aylward, conselheiro sênior do diretor-geral, explica que com a aplicação da terceira dose em alguns países, as entregas da Covax Facility (iniciativa da OMS para distribuir imunizantes a todos os países) está tendo que diminuir as previsões de entregas. “As mortes estão diminuindo em países que estão aplicando boosters, enquanto aumentam onde as pessoas sequer receberam a primeira dose. Temos que resolver essa disparidade. Nosso trabalho enquanto OMS é pedir igualdade de qualquer maneira possível”, alerta.
Segundo ele, para chegar a 40% da população mundial vacinada até o final do ano são necessárias 2 bilhões de doses. A produção mundial é de 1,5 bilhão de vacinas por mês. “Os volumes estão aí. É um problema resolvível, mas que depende de vontades políticas e das indústrias”, diz o conselheiro.
Para ajudar a resolver o problema, Ghebreyesus diz que não é possível esperar mais pelas doações. “Não queremos mais promessas, queremos vacinas. Espero que dessa vez, eles entreguem. Precisamos entender que é de interesse de todo o mundo, e a desigualdade não vai nos ajudar a acabar com a pandemia, só a solidariedade e distribuição igualitária. Chega de promessas”, declarou.
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