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Novembro Azul: machismo faz homens descuidarem da saúde

Especialistas afirmam que o machismo está na origem da baixa preocupação dos homens com a própria saúde física e mental

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Foto mostra homem em consulta médica com um médico em um consultório amplo - Metrópoles - machismo
1 de 1 Foto mostra homem em consulta médica com um médico em um consultório amplo - Metrópoles - machismo - Foto: Getty Images

A saúde do homem é um dos temas principais deste mês: a campanha Novembro Azul foi feita justamente para conscientizá-los a não negligenciarem os cuidados com o câncer de próstata. O machismo é uma das principais razões para os homens se importarem menos do que as mulheres com a saúde física e mental.

“A construção social machista exige que os homens neguem suas vulnerabilidades, já as práticas de cuidado e autocuidado são associadas às mulheres. Isso afasta os homens das preocupações de saúde. É raro até a gente encontrar homens desacompanhados em postos de saúde”, exemplifica o psicoterapeuta Fernando Pessoa de Albuquerque, autor do livro “Homens, masculinidades e saúde metal”.

Segundo ele, a maneira como o machismo opera na divisão de tarefas coloca as mulheres em uma posição de cuidado constante. A saúde deles, normalmente, fica a cargo de mães, esposas e filhas. “As mulheres vão se sobrecarregando com as obrigações de cuidado no âmbito doméstico. E os homens, por sua vez, vão se afastando dessas práticas”, complementa.

Como o machismo interfere na saúde

O oncologista Igor Morbeck, do Instituto Lado a Lado pela Vida, tem opinião semelhante. “Desde muito jovens, os homens são socializados a serem “fortes” e “resistentes”, o que pode levar alguns a ignorarem ou minimizarem os problemas de saúde”, aponta.

Além disso, os comportamentos menos saudáveis e até os perigosos são mais comuns entre os homens, como fumar, consumir álcool em excesso e arriscar-se.

Morbeck é um dos responsáveis pela campanha Novembro Azul e tomou como uma de suas missões combater a cultura machista na prevenção do câncer de próstata. “É importante que eles tenham informação para que se sintam mais seguros em relação às rotinas de saúde”, afirma.

O urologista Danilo Galante concorda que há uma certa displicência dos homens em realizar exames preventivos, especialmente o de próstata. “Além das circustâncias do exame, o medo da perda da virilidade prejudica demais a prevenção de doenças. No caso do câncer de próstata, ocorre, muitas vezes, de o câncer já estar avançado quando o homem busca ajuda”, alerta.

Homens usam menos os serviços

Estas tendências gerais apontadas pelos especialistas são verificadas em números. O cirurgião plástico Alexandre Calandrini é coordenador de saúde da Sami, empresa de planos populares. Segundo ele, ainda que os homens sejam 46% dos associados, eles respondem por apenas 34% das consultas realizadas.

“O público masculino não procura o acompanhamento médico, descuidando da prevenção e da saúde mental e indo aos consultórios apenas em busca de tratamentos mais pontuais ou emergências”, resume.

A situação se repete na plataforma Melvi, que oferece consultas médicas a preços reduzidos. Segundo o pneumonologista Rodrigo Athanazio, coordenadaor médico do serviço, o descuido faz com que os homens sejam diagnosticados com quadros mais graves. “Há uma questão cultural de negar fragilidades e de resisitir a dor, isso afasta o paciente dos cuidados com a saúde. É algo que há muitos anos a medicina vem tentando enfrentar”, afirma.

Eles também descuidam da saúde mental

O descuido com o corpo extrapola a prevenção de doenças físicas e chega à saúde mental. Segundo Albuquerque, no consultório, é comum ouvir homens negarem o sofrimento psíquico.

“O machismo retira dos homens a capacidade de se conhecer internamente. Há uma pobreza de vocabulário emocional até mesmo para apresentar demandas relacionadas a adoecimentos. Isso faz com que eles se expressem quase sempre com raiva, quando estão sentindo outras coisas, como medo ou vergonha”, conclui o psicoterapeuta.

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