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Cientistas americanos criam implante cerebral capaz de ler pensamentos

O implante do tamanho de um selo postal é colocado no cérebro e codifica sinais do centro de fala do órgão, prevendo o que o paciente pensa

atualizado

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1 de 1 cérebro - Foto: Westend61/Getty Images

Neurologistas e engenheiros da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, anunciaram nesta segunda-feira (6/11) a criação um implante cerebral que lê os pensamentos do paciente sem que a pessoa tenha que falar. O artigo foi publicado na revista científica Nature.

O chip do tamanho de um selo de carta contém 256 sensores microscópicos capazes de interpretar a atividade neural e entender o que o cérebro quer dizer antes mesmo de o som ser emitido (ainda que, até chegar ao computador, ele demore mais do que a fala humana).

Para os pesquisadores, os resultados são modestos mas inspiradores e apontam para um horizonte em que a tecnologia permitirá a leitura dos pensamentos para ajudar na saúde. Segundo eles, o implante poderá um dia ajudar as pessoas incapazes de falar a recuperar a capacidade de comunicação.

“Há muitos pacientes que sofrem de distúrbios motores debilitantes, como esclerose lateral amiotrófica (ELA), que podem ter a capacidade de falar restaurada com tecnologias como essa”, afirma o neurologista Gregory Cogan, professor da universidade de Duke e um dos principais autores do estudo, em comunicado à imprensa.

Como funciona o implante?

Cientistas vêm procurando há anos maneiras de ler os pensamentos de quem não pode falar, mas o diferencial da versão apresentada nesta segunda é a velocidade: o dispositivo é o mais rápido e eficiente em interpretar os sinais entre os modelos desenvolvidos até o momento por ter o dobro de neurosensores no mesmo espaço de outros implantes.

Alguns neurônios separados por uma distância de um grão de areia podem ter padrões de atividade totalmente diferentes ao coordenar a fala. Por isso, é necessário distinguir sinais de células cerebrais vizinhas para ajudar a fazer previsões precisas sobre a fala pretendida — aí, a quantidade de neurotransmissores do dispositivo faz diferença.

O novo chip foi testado em quatro pacientes. Todos passaram por cirurgias para implantar o aparelho no cérebro e ficaram conscientes durante todo o procedimento. Os voluntários são saudáveis e capazes de falar — o objetivo dos cientistas era comparar o desempenho da fala efetiva com o que o sensor interpretava.

Ele se mostrou capaz de decifrar as palavras com um acerto de 40% a 42%, a depender do paciente, na mesma velocidade que as pessoas usualmente falariam e sem precisar de grandes períodos de adaptação: em vez de horas para extrair os dados coletados, o dispositivo foi capaz de interpretar a leitura com apenas 90 segundos de espera.

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Limitações

Embora o trabalho represente um avanço, ainda há um longo caminho a percorrer até que a prótese de fala esteja disponível para a população. “Estamos em um ponto ainda muito aquém na interpretação do que é a fala natural, mas podemos ver que é possível chegar lá”, afirma o neurologista Jonathan Viventi, que também participou do estudo.

Além de ter apresentado eficácia de apenas 40%, melhor em identificar o som que iniciaria a palavra do que os que viriam depois, o implante também possui a limitação de só passar as informações capturadas no cérebro para um computador através de fios.

“Agora, estamos desenvolvendo o mesmo tipo de dispositivo de gravação, mas sem fios”, completa Cogan. “Você seria capaz de se movimentar e não precisaria ficar preso a uma tomada, o que é realmente emocionante.”

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