Fibra do mamão papaia maduro ajuda a prevenir câncer, diz pesquisa da USP
Estudo descobriu que substância presente na fruta contribui para inibir proliferação e migração de células tumorais
atualizado

Um estudo feito pelo Centro de Pesquisa em Alimentos da Universidade de São Paulo (USP) descobriu que uma substância presente no mamão papaia maduro é capaz de inibir o surgimento de lesões pré-câncer no intestino. A pectina, um tipo de fibra solúvel comum na fruta, preveniu o surgimento de lesões pré-neoplásicas (ou seja, que aparecem antes do desenvolvimento do câncer) no intestino de ratos.
De acordo com o trabalho, as estruturas da pectina mudam de acordo com o estágio de maturação do mamão papaia. Por isso, os camundongos utilizados na pesquisa foram alimentados com a fibra do mamão ainda verde e de mamões maduros. Um terceiro grupo de ratos recebeu celulose, uma fibra insolúvel que não é biologicamente ativa.
Os pesquisadores, então, contaram as lesões no intestino dos animais de cada um dos grupos. Eles observaram que os ratos que consumiram a fibra do mamão maduro apresentaram menos lesões do que os outros.
Outros testes feitos pela equipe envolveram ensaios in vitro com células cancerígenas humanas. Segundo o trabalho, as fibras do mamão maduro foram capazes de induzir a morte de células de câncer, bem como impedir sua proliferação e migração.
Samira Bernardino Ramos do Prado, nutricionista e autora do estudo, afirma que, na etapa da pesquisa em células humanas, um dos principais parâmetros observados foi a galectina-3, proteína natural do organismo que tem sua expressão aumentada em alguns tipos de câncer. A substância também potencializa a migração das células tumorais, o que torna o tumor mais agressivo.
Segundo Samira, a galectina-3 é capaz de se ligar à fibra do mamão. Assim, ela deixa de se conectar à célula cancerígena e de se transferir para outras partes do corpo, amenizando a evolução da doença.
O próximo passo é entender como funcionam os mecanismos envolvidos na inibição das lesões em ratos. O estudo foi vencedor da última edição do Prêmio Capes de Teses, que selecionou as melhores teses de doutorado defendidas em 2019.
A pesquisa é uma continuação do projeto Alterações biológicas das pectinas de mamão com possíveis benefícios à saúde humana, que teve início em 2014.