Estudo mostra por que alguns fumantes não desenvolvem câncer de pulmão
Pesquisa americana sugere que tabagistas podem ter um mecanismo mais eficiente de reparo de danos no DNA, o que dificultaria o câncer
atualizado

O principal fator de risco para câncer de pulmão é o tabagismo. Ainda assim, cerca de 80% dos pacientes que fumam há muitos anos nunca chegam a desenvolver a neoplasia.
Uma pesquisa do departamento de genética da Faculdade de Medicina Albert Einstein, nos Estados Unidos, publicada na revista científica Nature, pode começar a explicar por que isso acontece. Segundo os cientistas, os fumantes que não desenvolvem o câncer parecem ter células menos dispostas a sofrer mutações.
Os resultados sugerem que esses pacientes têm genes reparadores de DNA mais ativos, evitando que as células se multipliquem de forma errada e formem tumores. O estudo analisou informações de 14 pessoas que nunca fumaram e 19 consideradas tabagistas leves, moderados e pesados.
“As células da superfície dos pulmões sobrevivem por anos, até décadas, e, por isso, podem acumular mutações com a idade e o tabagismo“, explica o pneumologista Simon Spivack, um dos autores do estudo. Ele lembra que, de todas as células do pulmão, essas são as mais suscetíveis a se tornar cancerosas.
Os pesquisadores também perceberam que a quantidade de cigarros consumidos por dia aumenta as chances de mutação nas células, mas existe um teto: pessoas que passaram mais de 23 anos fumando um maço por dia. O estudo não encontrou diferença entre os fumantes que consumiam mais do que essa quantidade de cigarros por mais tempo.

O câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 13% de todos os casos novos são nos órgãos Getty Images

No fim do século 20, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis no mundo Getty Images

O tabagismo é a principal causa. Cerca de 85% dos casos diagnosticados estão associados ao consumo de derivados de tabaco Getty Images

A mortalidade entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, enquanto entre ex-fumantes é cerca de quatro vezes maior Getty Images

A exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos e história familiar de câncer de pulmão também favorecem o desenvolvimento desse tipo de câncer Getty Images

Outros fatores de risco são: exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos, água potável contendo arsênico, altas doses de suplementos de betacaroteno em fumantes e ex-fumantes Getty Images

Os sintomas geralmente não ocorrem até que o câncer esteja avançado. Porém, pessoas no estágio inicial da doença já podem apresentar tosse persistente, escarro com sangue, dor no peito, pneumonia recorrente, cansaço extremo, rouquidão persistente, piora da falta de ar, diminuição do apetite e dificuldade em engolir Getty Images

O diagnóstico do câncer no pulmão é feito com a avaliação dos sinais e sintomas apresentados, o histórico de saúde familiar e o resultado de exames específicos, como a radiografia do tórax, tomografia computadorizada e biópsia do tecido pulmonar Getty Images

Para aqueles com doença localizada no pulmão e nos linfonodos, o tratamento é feito com radioterapia e quimioterapia ao mesmo tempo Getty Images

Em pacientes que apresentam metástases a distância, o tratamento é com quimioterapia ou, em casos selecionados, com medicação baseada em terapia-alvo Getty Images

A cirurgia, quando possível, consiste na retirada do tumor com uma margem de segurança, além da remoção dos linfonodos próximos ao pulmão e localizados no mediastino. É o tratamento de escolha por proporcionar melhores resultados e controle da doença Getty Images
“Nossos dados sugerem que esses indivíduos sobreviveram por tanto tempo apesar de fumar muito porque conseguiram suprimir o acúmulo de mutações. Isso mostra que eles podem ter sistemas muito eficientes no reparo do dano ao DNA ou na desintoxicação da fumaça do cigarro”, afirma Spivack.
Os pesquisadores querem, agora, medir a capacidade de reparo do próprio DNA para redefinir a maneira de medir o risco do paciente desenvolver câncer.
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