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“Check-up do cérebro evitaria mortes”, diz neurocirurgião Paulo Niemeyer

Referência na área de neurocirurgia, médico está atendendo em Brasília no Hospital DF Star e concedeu entrevista exclusiva ao Metrópoles

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Igo Estrela/Metrópoles
Paulo Niemeyer Filho
1 de 1 Paulo Niemeyer Filho - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Considerado referência nacional na área de neurocirurgia, o médico Paulo Niemeyer Filho defende que os check-ups incluam também exames de imagem do cérebro. De acordo com ele, a prática conseguiria antecipar diagnósticos, como o de um aneurisma, por exemplo, capazes de salvar vidas.

Diretor médico do Instituto Estadual do Cérebro (IEC), do Rio de Janeiro, e membro da Academia Nacional de Medicina (ANM), Niemeyer foi convidado para integrar a equipe do Hospital DF Star, da Rede D’Or, em Brasília, onde está realizando atendimentos quinzenais de pacientes com indicação para cirurgia no cérebro.

Entre os problemas que necessitam de intervenção cirúrgica no órgão mais complexo do corpo, estão tumores cerebrais, aneurismas e dores crônicas na coluna, além de traumas. O especialista conversou com o Metrópoles, na última terça-feira (22/6), e relatou os avanços médicos na área de neurocirurgia.

Segundo Niemeyer – que é sobrinho do arquiteto Oscar Niemeyer, uma espécie de mudança cultural deveria ocorrer para que as pessoas não perdessem vidas por problemas cerebrais que são tratáveis. Como exemplo, ele cita o caso dos aneurismas: a taxa de mortalidade entre os pacientes que são socorridos depois do rompimento de aneurismas cerebrais supera os 50%. Quando o problema é identificado antes do rompimento, sem que tenha ocorrido sangramentos, o risco cai para 5%.

“A investigação cerebral deve ser feita em qualquer check-up de rotina”, afirma o médico. “Não há nenhuma razão para achar que o cérebro não deve ser investigado. As pessoas que morrem de aneurisma não fizeram, durante o seu check-up, uma angioressonância para saber se têm um aneurisma ou não. Isso é um hábito cultural que precisa ser modificado”, diz.

Veja a entrevista:

Cirurgias menos invasivas

Niemeyer relata que, atualmente, as cirurgias para a retirada de tumores são as mais frequentes em sua especialidade. Os avanços no campo da neuro-oncologia, entretanto, são notáveis, o que proporciona diagnósticos mais completos e cirurgias de grande precisão. Para os pacientes, o progresso representa menos riscos e sequelas.

“Anos atrás se operava sem saber exatamente o que iríamos encontrar. Hoje temos uma quantidade de exames de imagem com tal qualidade que você sabe até o grau de malignidade do tumor. É quase que uma biópsia virtual”, explica Niemeyer. “Hoje também não há mais no cérebro um lugar que seja inatingível. Isso melhorou muito os resultados: não só para a localização dos tumores, mas também para a segurança de retirada”, afirma.

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Diagnóstico tardio na pandemia

Com a pandemia de Covid-19, muitas pessoas deixaram de procurar atendimento médico por medo da infecção provocada pelo novo coronavírus. Pacientes que tinham sintomas neurológicos também adiaram a visita a um especialista, o que pode ser um risco para a saúde.

“A pandemia foi uma situação atípica, de guerra, pânico, e as pessoas ficaram presas em casa. Isso, sem dúvidas, prejudicou não só os doentes neurológicos, mas de todas as doenças que deixaram de ser investigadas e tratadas a tempo”, comenta o neurocirurgião.

O conselho do especialista é que as pessoas não desprezem sintomas ligados ao cérebro, como uma dor de cabeça recorrente ou uma sensação de formigamento em um dos membros do corpo. “É importante conversar com o médico de confiança. Pelo relato, ele saberá se o caso é uma urgência, que justifica ir ao pronto-socorro, ou não”, orienta.

Livro sobre os mistérios do cérebro

Em outubro de 2020, o médico lançou o livro No labirinto do cérebro (editora Objetiva). Na publicação, Niemeyer traz explicações sobre o funcionamento do órgão e relata suas próprias experiências como neurocirurgião, com histórias reais de pacientes.

O livro é escrito de maneira descomplicada e acessível, para que os leitores possam entender mais sobre o assunto. “O cérebro sempre foi um tema muito mistificado, até para os próprios médicos. Nos últimos anos, a neurociência se tornou um assunto que está em todos os lugares”, destaca. “Fiz o livro para leigos e médicos de outras áreas, falo do funcionamento das várias áreas cerebrais e conto alguns casos. É um livro para matar a curiosidade mesmo”, relata.

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