Aproximadamente 20% das pessoas que são infectadas pelo coronavírus desenvolvem Covid longa, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A condição faz com que milhões de pessoas em todo o mundo sofram sintomas como fraqueza, exaustão e problemas cognitivos, por exemplo, por quatro semanas ou mais após a infecção.
A astenia, ou sensação de fraqueza e falta de energia generalizada, é um dos sintomas mais recorrentes. O médico infectologista do Grupo Santa e chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Lúcia Werciley Junior explica que a condição é causada pelo estresse celular durante a infecção.
“A Covid-19 é uma doença que causa um processo inflamatório no corpo, podendo causar danos celulares ou até mesmo a perpetuação desse processo e perdurar por muito tempo. Ou seja, o corpo permanece inflamado, o que causa alguns sintomas”, afirma.
Além da Covid-19, a condição também pode ser causada por outros fatores, como gripes e resfriados, problemas de tireoide, deficiências vitamínicas ou exposição a alguns tratamentos, como a quimioterapia, levando à perda de força e à fadiga, cansaço recorrente e fraqueza.
De acordo com o infectologista, em pacientes com Covid longa, o problema pode ser amenizado com a suplementação de nutrientes que ajudam a controlar e diminuir o estresse mitocondrial – unidade da célula responsável pela fabricação de energia –, como as proteínas NADH, coenzima Q10 e Pirroloquinolina Quinona (PQQ), usadas também em outras doenças que causam fadiga.
A NADH possui um substrato usado para a formação e manutenção da energia — quanto maior a quantidade da substância presente no organismo, maior será a produção de energia pelas células. A coenzima Q10, também conhecida como ubiquinona, é essencial na produção mitocondrial de energia, possui atividade antioxidante, ajuda a controlar o colesterol e triglicérides e alguns estudos já encontraram relação entre a suplementação da substância e a melhora nos sintomas da depressão em pessoas com transtorno bipolar. Já o PQQ é uma vitamina do complexo B, antioxidante, que participa de vários processos fisiológicos e estimula a produção de novas mitocôndrias.
“As três são pedaços proteicos energéticos que o corpo necessita. Quando suplementamos, estamos dando em maior quantidade para que o funcionamento do organismo seja potencializado”, explica.

Sem ter um nome definitivo, o conjunto de sintomas que continua após a cura da infecção pelo coronavírus é chamado de Síndrome Pós-Covid, Covid longa, Covid persistente ou Covid prolongada Freepik

Denominam-se Covid longa os casos em que os sintomas da infecção duram por mais de 4 semanas. Além disso, alguns outros pacientes até se recuperam rápido, mas apresentam problemas a longo prazo Pixabay

Um dos artigos mais recentes e abrangentes sobre o tema é de um grupo de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia. Os pesquisadores selecionaram as publicações mais relevantes sobre a Covid prolongada pelo mundo e identificaram 55 sintomas principais iStock

Entre os 47.910 pacientes que integraram os estudos, os cinco principais sintomas detectados foram: fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar Getty Images

A Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada da infecção, sem que o paciente tenha precisado de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que pegaram a doença ainda tinham algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírusFreepik

Além disso, um dos estudos analisados aponta que a fadiga após o coronavírus é mais comum entre as mulheres, assim como a perda de cabeloMetrópoles

Especialistas acreditam que a Covid longa pode ser uma "segunda onda" dos danos causados pelo vírus no corpo. A infecção inicial faz com que o sistema imunológico de algumas pessoas fique sobrecarregado, atacando não apenas o vírus, mas os próprios tecidos do organismo Getty Images

Por enquanto, ainda não há um tratamento adequado para esse quadro clínico que aparece após a recuperação da Covid-19. O foco principal está no controle dos sintomas e no aumento gradual das atividades do dia a diaGetty Images
As proteínas são encontradas em alguns alimentos como abacate, amendoim e brócolis, e também podem ser adquiridas através de suplementação oral manipulada ou por medicamentos injetáveis. A dosagem varia de acordo com a necessidade de cada paciente e qualquer adição na dieta deve ser prescrita por um médico.
“É necessário fazer uma avaliação para entender qual é a realidade do paciente e fazer a melhor escolha da medicação”, afirma o especialista.
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