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Suplente do PT é acusada de dar calote em mais de 100 cabos eleitorais

Trabalhadores da campanha de Amanda Zanotti (PT) acusam a suplente de vereadora em SP e lideranças de calote e desvio de verbas eleitorais

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Carlos Pires/Divulgação
Imagem colorida mostra Amanda Zanotti. eleita suplente de vereador em São Paulo - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra Amanda Zanotti. eleita suplente de vereador em São Paulo - Metrópoles - Foto: Carlos Pires/Divulgação

São Paulo — Amanda Zanotti (PT), suplente de vereadora da Câmara Municipal de São Paulo, é acusada de dar calote em mais de 100 cabos eleitorais que trabalharam em sua campanha. A dívida acumulada, segundo os colaboradores informaram ao Metrópoles, chega a aproximadamente R$ 170 mil.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Amanda (foto em destaque) recebeu R$ 450 mil para investir na campanha. Desse total, 99,39% foram doados pela direção nacional do PT.

Ainda conforme o TSE, a campanha da suplente teve R$ 287,4 mil em despesas. A diferença — neste caso, de R$ 162,6 mil — costuma ser devolvida ao partido. A transferência, no entanto, ainda não consta no sistema do tribunal.

Amigos e familiares pagos sem trabalhar

Segundo relatos de colaboradores que levaram calote ao Metrópoles, familiares e amigos do coordenador geral da campanha da petista, Ademir Mota da Silva, e do coordenador financeiro, Higor Geraldo Maranhao de Mattos, receberam transferências em dinheiro, mas não trabalharam na campanha.

No portal de dados do TSE, é possível ver uma transferência no valor de R$ 8 mil para Ademir e outra no valor de R$ 6 mil para Higor. Os cabos eleitorais que não foram pagos identificaram pelo menos 11 pessoas do círculo pessoal da dupla que estão na folha de pagamento da campanha, mas que não teriam trabalhado.

Amanda chegou a dizer a alguns dos colaboradores que levou um golpe de Ademir. A suplente, no entanto, nunca apresentou nenhuma prova ou sinal de desavença entre os dois.

A petista, na verdade, estaria ajudando Ademir com a venda de um imóvel na praia de Ilha Comprida, litoral de São Paulo. A negociação seria feita para pagar os valores devidos, segundo prints de conversas entre Ademir e Amanda e áudios enviados pela suplente a uma prestadora de serviços – que também não foi paga.

Ouça alguns dos áudios aos quais o Metrópoles teve acesso:

A casa, segundo relatos dos trabalhadores da campanha, seria da mãe de Ademir e foi anunciada na internet.

O Metrópoles teve acesso ao grupo no WhatsApp onde 80 pessoas cobram a campanha de Amanda dos valores devidos. A suplente, o coordenador geral da campanha e o tesoureiro – todos apontados como responsáveis pelo débito – não estão entre os membros.

O dono de uma agência, que prefere não se identificar, é uma das pessoas com maior quantia a receber da campanha. Segundo ele, Amanda lhe deve cerca de R$ 40 mil pelos serviços de estratégia de comunicação e marketing.

Dos colaboradores da campanha que conversaram com o Metrópoles, ele é o único que teve um contrato redigido para prestação de serviços. No entanto, isso não garantiu que os pagamentos fossem feitos no prazo acordado.

Os demais serviços foram todos acordados verbalmente, com registros apenas pelo WhatsApp. A maioria das pessoas que têm dinheiro a receber trabalharam com panfletagem e cadastro de eleitores. Amanda e Ademir também teriam oferecido aos trabalhadores uma quantia adicional pelo trabalho de boca de urna, que é considerado crime eleitoral.

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Vítimas da campanha

A auxiliar de limpeza Anarosa Xavier de Brito, de 50 anos, é uma dessas pessoas. Ela conta que trabalhou para a campanha de Amanda do dia 6 de setembro ao dia 6 de outubro, data do pleito. Por esse trabalho, ela deveria receber R$ 1.300, mas diz que não recebeu um centavo.

“Às vezes tenho esperança [de receber o dinheiro], às vezes bate desânimo, às vezes a gente fica com aquela ansiedade depois, né? Eu tô pedindo a Deus pra tirar da mente isso aí”, disse.

A mesma rotina e sentimento foram descritos por outros colaboradores da campanha. Maísa Silva do Nascimento, de 33 anos, é microempreendedora e esperava receber a quantia acordada para investir em sua loja. Sem receber, ele diz que não sabe nem como pagar o aluguel. “Meu psicológico tá muito abalado por conta disso. Eu ouvi em vários relatos, mexeu muito comigo”, contou.

Diversos dos trabalhadores lesados registraram boletins de ocorrência, acusando Amanda, Ademir e Higor de estelionato. Além disso, o grupo elaborou um abaixo-assinado, com mais de 100 assinaturas, e protocolou um relato comum enviado ao PT.

Segundo Celton Lázaro Antunes, de 38 anos, que foi coordenador da campanha na zona leste e cobra R$ 10 mil, os representantes do partido teriam dito que o PT não tem responsabilidade sobre o acontecimento, “porque o fundo eleitoral foi depositado na conta dela e a candidata que manipula, é ela que faz a distribuição e é ela que cuida do valor”.

O que diz a campanha

Em resposta ao Metrópoles, Amanda e Ademir destacaram que não houve sobra dos recursos destinados à campanha.

A prestação de contas, segundo eles, não foi atualizada no site do TSE com os comprovantes já enviados. Há ainda os documentos que estão sendo submetidos pelo escritório de contabilidade para fechamento dos gastos.

A dupla destaca ainda que houve um erro administrativo na campanha, e foram contratadas mais pessoas do que a equipe poderia pagar. Por isso, eles salientam que não houve desvio de dinheiro público, e tudo será esclarecido.

A suplente lamenta o impacto da situação na vida financeira dos lesados, e garantiu estar indo atrás de resolver o problema desde o dia 7 de outubro, data seguinte à realização do primeiro turno das eleições municipais.

“Estou acompanhando de perto e prestando atendimento a todos para que todos sejam resolvidos o mais rápido possível”, afirmou Amanda.

A reportagem também contatou o PT e Higor, mas não houve retorno até a publicação deste texto.

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