SP vive aumento de casos de dengue e 14 cidades decretam emergência
SP registrou 13.555 casos prováveis de dengue na primeira semana de 2025, um aumento de 85% em relação ao mesmo período do ano passado
atualizado
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São Paulo — O estado de São Paulo registrou 13.555 casos prováveis de dengue (3.559 confirmados) na primeira semana epidemiológica de 2025, de acordo com os dados dessa sexta-feira (10/1) do painel da dengue administrado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), um aumento de 85% em relação ao ano anterior. No mesmo período de 2024, foram 7.320.
Em nota ao Metrópoles, a pasta informou que, em virtude da situação, 14 municípios já possuem decreto de situação de emergência vigente.
São eles:
- Espírito Santo do Pinhal;
- Estrela D’Oeste;
- Glicério;
- Igaratá;
- Jacareí;
- Paraibuna;
- Populina;
- Potirendaba;
- Ribeira;
- Rubinéia;
- São José do Rio Preto;
- São José dos Campos;
- Tambaú;
- Tanabi.
O decreto permite o emprego urgente de medidas de prevenção e contenção de riscos para epidemias, surtos, doenças emergentes e desastres, de acordo com a definição do Ministério da Saúde.
Para o infectologista Thiago Morbi, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, as arboviroses, como a dengue, tendem a aumentar no verão principalmente por fatores ambientais e climáticos. “Chuvas frequentes e o calor criam uma condição ideal para a reprodução dos mosquitos Aedes aegypti, que são os principais vetores da dengue e das arboviroses que nós temos aqui no Brasil”, disse.
Segundo Thiago, esse padrão sazonal é muito recorrente aqui no Brasil. “Uma coisa que contribui para isso é a urbanização desordenada, em vista da dificuldade de controle de criadouros em áreas que são muito povoadas”, explicou o médico sobre os criadouros dos mosquitos, que tendem a se formar em locais com águas acumuladas e paradas, mesmo que em pequenas quantidades.
Regiões com mais casos
Segundo o painel da SES, no Departamento Regional de Saúde (DRS) de Araçatuba, que engloba a cidade e municípios vizinhos, há 909 casos confirmados para uma população de 721 mil pessoas, o que resulta no mais alto coeficiente de incidência da doença registrado no estado a cada 100 mil habitantes: 126,01.
De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde de Araçatuba, o município registrou 314 casos da doença somente nos primeiros dias deste ano, com duas mortes confirmadas e uma terceira em investigação. Em dezembro, foram 918 ocorrências. Em todo o ano de 2024, 2.946 casos foram confirmados.
O secretário municipal de Saúde, Daniel Martins Ferreira Júnior, afirmou que o município vive uma epidemia, mas ainda não é necessário decretar situação de emergência. Para que isso ocorra, seriam necessários pelo menos 800 casos na semana ou quando o município não tiver local adequado para reidratação, o que vem sendo realizado normalmente pelo Pronto-Socorro Municipal e nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Por isso, a cidade realiza somente um mutirão de combate à epidemia de dengue no momento, para conscientizar e mobilizar a população na eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
Outro DRS com coeficiente em destaque é o de São José do Rio Preto, que consta na lista de municípios que decretaram situação de emergência. Neste ano, há 708 casos confirmados da doença para uma população de 1,6 milhão de pessoas, o que resulta no segundo mais alto coeficiente de incidência da dengue no estado a cada 100 mil habitantes: 41,75.
Por lá, o prefeito Fábio Candido decretou estado de emergência em 3 de janeiro deste ano. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, somando os casos de dezembro do ano passado e janeiro deste ano, 4.241 casos da doença foram confirmados, 142 somente em 2025. Em todo o ano de 2024, 17 pessoas morreram.
Na quinta-feira (9/1), foi anunciada a ampliação de 55 leitos dedicados à internação de pacientes diagnosticados com a doença na cidade.
Além disso, foi instaurada a campanha “Rio Preto sem dengue: a luta é de todos” em 4 de janeiro, com os agentes de saúde percorrendo as áreas de abrangência do Solo Sagrado e do São Francisco, que atualmente têm as maiores incidências de dengue da cidade. Durante as visitas, os agentes vistoriam os imóveis à procura de possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti.
Centro de Operações de Emergência
Para ampliar o monitoramento das arboviroses, orientando a execução de ações voltadas à vigilância epidemiológica, laboratorial, assistencial e ao controle de vetores, o Ministério da Saúde anunciou, na quinta-feira (9), a instalação do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para Dengue e outras Arboviroses em São Paulo.
O planejamento e a resposta coordenada serão realizados em constante diálogo com estados, municípios, pesquisadores, instituições científicas e outros ministérios.
A pasta também anunciou a aquisição de 9,5 milhões de doses da vacina contra a dengue para 2025, como estratégia complementar. Porém, ainda não há doses disponíveis em larga escala, pela limitação de produção do laboratório fabricante, sendo a eliminação dos focos do mosquito a estratégia principal. Até o momento, 5,5 milhões de doses já foram enviadas aos estados e ao Distrito Federal.
Outra resposta do Brasil para o controle das arboviroses é o lançamento do Plano de Contingência Nacional para Dengue, Chikungunya e Zika. A finalidade é garantir uma preparação adequada para conter o avanço das doenças. O novo plano revisa e amplia a versão anterior, publicada em 2022, e busca reforçar as estratégias de prevenção, preparação e resposta às epidemias de arboviroses.
Em 2024, o Brasil registrou 6,6 milhões de casos prováveis de dengue e 6 mil óbitos, segundo o painel do Ministério da Saúde.
Até esta quinta-feira, foram notificados 16,3 mil casos prováveis e 16 óbitos em investigação em 2025. Do total de casos, 50% estão concentrados nos estados de São Paulo e Minas Gerais, enquanto a região Sudeste responde por 61,8% das ocorrências.
Dengue
A dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses, que se caracterizam por serem causadas por vírus transmitidos por vetores artrópodes. No Brasil, o vetor da dengue é a fêmea do mosquito Aedes aegypti.
Essa arbovirose é uma doença “febril aguda, sistêmica, dinâmica, debilitante e autolimitada”, segundo o Ministério da Saúde. A maioria dos doentes se recupera, mas parte deles podem progredir para formas graves, inclusive vindo a óbito.
Todo indivíduo que apresentar febre (39°C a 40°C) de início repentino e apresentar pelo menos duas das seguintes manifestações (veja abaixo) deve procurar imediatamente um serviço de saúde:
- dor de cabeça;
- prostração;
- dores musculares e/ou articulares;
- dor atrás dos olhos.
Em 21 de dezembro de 2023, a vacina contra dengue foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS), tornando o Brasil o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público de saúde.