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Quem é o cabo suspeito de transportar as armas furtadas do Exército

Com histórico de disciplina, cabo Vagner Tandu entrou no Exército em 2019, ano em que seu pai virou foragido após condenação por homicídio

atualizado

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Divulgação/Exército Brasileiro
foto colorida do cabo do Exército Vagner da Silva Tandu (à esq), suspeito de envolvimento no furto de metralhadoras do Arsenal de Guerra de SP - Metrópoles
1 de 1 foto colorida do cabo do Exército Vagner da Silva Tandu (à esq), suspeito de envolvimento no furto de metralhadoras do Arsenal de Guerra de SP - Metrópoles - Foto: Divulgação/Exército Brasileiro

São Paulo – Apontado como o responsável por transportar as 21 metralhadoras furtadas do Arsenal de Guerra de São Paulo até as mãos de criminosos fora do quartel do Exército em Barueri (SP), o cabo Vagner da Silva Tandu é, até o momento, o único dos seis militares acusados de participação direta no furto das armas cuja identidade veio a público.

Aos 23 anos, o cabo Tandu (foto em destaque) era motorista do ex-diretor do Arsenal de Guerra tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, que foi exonerado do cargo após a descoberta do furto, em 10 de outubro – o caso foi revelado três dias depois pelo Metrópoles. Todos os suspeitos foram alvo de quebras dos sigilos bancário e telefônico e de pedidos de prisão feitos pelo Exército à Justiça Militar – sem decisão até agora.

Com um histórico de disciplina e bons serviços, o cabo Tandu recebe salário líquido de R$ 2,9 mil e serve ao Exército desde março de 2019, mesmo ano em que o pai dele passou a ser considerado foragido da Justiça. Em dezembro de 2017, Valmir da Silva Tandu, de 45 anos, foi condenado a 12 anos de prisão por participação em um homicídio em Osasco, cidade vizinha de Barueri, na Grande São Paulo.

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O crime ocorreu em janeiro de 2008 e foi motivado por uma dívida de R$ 3 mil. Edicélio Alves dos Santos, de 39 anos, matou a vítima com 12 tiros em uma estrada. Segundo o Ministério Público Estadual (MPSP), Valmir Tandu estava junto e ajudou o amigo na fuga. Ele chegou a ser absolvido no primeiro Tribunal do Júri, mas foi condenado no segundo julgamento. El sempre alegou inocência à Justiça.

Desde março de 2019, mesmo mês em que seu filho entrou no Exército, Valmir é procurado pela polícia para cumprir a pena em regime fechado. Na semana passada, foi a vez de o filho dele sumir por 24 horas, depois que o Comando do Sudeste pediu, na última quinta-feira (26/10), a prisão preventiva do cabo e dos outros cinco militares suspeitos.

O Metrópoles apurou que, na véspera, ele teria esvaziado seus armários no quartel em Barueri. Na quinta, faltou ao trabalho e, na sexta (27/10), apresentou um laudo psiquiátrico recomendando que ele ficasse uma semana afastado.

No entanto, ao passar por uma perícia com um médico do Exército nessa segunda-feira (30/10), Vagner teve o laudo rejeitado e foi considerado apto a trabalhar. Segundo pessoas ligadas à instituição, o militar cumpriu a jornada normalmente na segunda e na terça-feira (31/10).

De acordo com fontes do Exército, a advogada de Vagner tem mantido contato direto com o Ministério Público Militar para tratar da situação de seu cliente. O Metrópoles não conseguiu localizar a defesa do cabo nem do pai dele. O espaço segue aberto para manifestação.

Furto das armas

De acordo com as investigações internas do Exército, 21 metralhadoras foram levadas do Arsenal de Guerra em Barueri, possivelmente entre os dias 5 e 8 de setembro, em ação que teria tido a participação direta de seis militares e contado com a negligência de outros 20 integrantes da instituição.

Foram 13 metralhadoras calibre .50, capazes de derrubar aeronaves, e oito calibre 7.62, que perfuram veículos blindados. Vagner teria tirado proveito da função de motorista do então diretor do Arsenal de Guerra para transportar as armas em veículo militar para fora do quartel, sem chamar a atenção.

Outros cinco militares teriam ajudado o cabo diretamente. As investigações indicam que eles realizaram o corte intencional de energia do quartel, o que impediu as câmeras de segurança de registrarem a ação.

Facções criminosas

As armas foram levadas para fora do quartel a fim de que fossem negociadas com as facções Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro.

Segundo a Polícia Civil, os grupos criminosos acabaram recusando o armamento por falta de peças e por causa do estado de conservação das metralhadoras. O furto só foi descoberto pelo Exército mais de um mês depois do crime, no último dia 10, durante inspeção no quartel.

Até o momento, 19 metralhadoras foram recuperadas – oito na comunidade Gardênia Azul, zona oeste do Rio, e nove enterradas na lama em uma área isolada na cidade de São Roque, no interior de São Paulo. Na ação mais recente da polícia carioca, outras duas metralhadoras .50 foram localizadas nesta quarta-feira (1/11) no Rio Janeiro — totalizando 10 unidades recuperadas no estado.

Ninguém foi preso pelo crime até o momento.

Na manhã dessa terça-feira, uma operação conjunta do Exército e da Polícia Militar cumpriu mandados de busca e apreensão na comunidade de Vila Galvão, em Guarulhos, em busca das quatro armas ainda não encontradas, todas de calibre .50.

O objetivo da operação, segundo o Exército, era buscar pistas que levassem aos envolvidos e ao armamento que ainda não foi recuperado. A diligência, contudo, terminou sem presos e nenhuma metralhadora foi localizada.

Após a operação, a instituição divulgou uma nota na qual reiterou que o furto é “inaceitável” e que “envidará todos os esforços para recuperar as armas subtraídas no mais curto prazo, responsabilizando os autores”.

Prisão administrativa

Além do pedido de prisão dos seis militares suspeitos, o Exército aplicou “punição disciplinar” a outros 17 militares por falha de conduta na fiscalização do armamento. A punição consiste em uma espécie de prisão administrativa no quartel, que pode durar de 1 a 20 dias. O Metrópoles apurou que, inicialmente, 20 homens receberam a punição, mas três deles tiveram o recurso aceito.

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