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Preso por pedofilia normalizava abusos sexuais com lavagem cerebral

Vítimas com idades entre 8 e 13 anos eram convencidas pelo comerciante William Luiz Ferreira que era “normal” manter relações sexuais

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Imagem colorida de homem suspeito de pedofilia em Brotas/SP
1 de 1 Imagem colorida de homem suspeito de pedofilia em Brotas/SP - Foto: Reprodução/Facebook

São Paulo – O comerciante William Luiz Ferreira, de 29 anos, preso preventivamente por pedofilia na cidade de Brotas, no interior de São Paulo, fazia lavagem cerebral em suas vítimas para que elas achassem normal a rotina de abusos sexuais aos quais eram submetidas, segundo a polícia.

“Pelo que ouvimos de algumas vítimas, ele não as ameaçava [para cometer os crimes]. Ele tinha tempo, ficava o dia todo jogando lábia, convencia as crianças. Não era do dia para a noite, ele ia condicionando as vítimas para os abusos parecerem normais”, afirmou ao Metrópoles o delegado titular Douglas Falsarella Brandão do Amaral, da Delegacia Geral de Brotas.

Para atrair as vítimas, William usava o “método clássico” dos abusadores de menores, de acordo com a Polícia Civil. Ele oferecia doces, além de permitir que as crianças e pré-adolescentes jogassem de graça videogames ou sinuca em seu bar, localizado no bairro Jardim Modelo, na cidade do interior.

Os abusos sexuais das vítimas, com idades entre 8 e 13 anos, apontam as investigações, começaram há pelo menos dez anos. Até o momento, já foram identificadas 30 delas, todas do sexo masculino. O número tende a aumentar, ainda de acordo com a polícia.

O grande volume de meninos, destaca o delegado titular, resulta do fato de o comerciante criar uma narrativa enganosa, compartilhada inclusive entre as próprias crianças e adolescentes.

As investigações já confirmaram que alguns dos meninos que aparecem nos milhares de vídeos, produzidos clandestinamente no bar, são filhos de amigos e clientes de William.

Pedofilia brotas
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“Lobo em pele de cordeiro”

Foram encontrados em um HD externo mais de seis mil arquivos de pornografia infantil, dos quais cerca de 50% foram produzidos pelo comerciante. Ele fazia os registros no próprio comércio, com câmeras de vigilância instaladas no estabelecimento.

Os abusos, de acordo com a polícia, ocorriam sobre uma mesa de sinuca e um sofá, tanto durante o dia, como de noite.

“Os pais e responsáveis deixavam alguns dos meninos ficarem com ele [criminoso]. Isso é uma discrepância: crianças ficando junto de um cara de 29 anos deveria ser um alerta. Nunca se deve confiar a responsabilidade de nossos filhos para qualquer pessoa. Ela pode ter segundas intenções e ser um lobo em pele de cordeiro”, alerta Douglas Falsarella.

Durante a análise do material, a polícia identificou um jovem, atualmente com 18 anos. Ele foi a primeira vítima a prestar depoimento na delegacia. O rapaz afirmou que sofreu abusos sexuais desde os 8 anos, sem saber que era vítima. Ele só notou isso por volta dos 15 anos, mas teve medo de denunciar.

O primeiro abuso sofrido por ele ocorreu justamente quando a família deixou William dar uma carona para o menino, quando iam para uma chácara. “O suspeito falou que ia levar e o pai e a mãe deixaram.”

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Prisão e confissão

Com base nos primeiros depoimentos de vítimas e dos arquivos apreendidos, a polícia solicitou a prisão preventiva de William, que foi expedida pela Justiça e cumprida nessa segunda-feira (20/3), no bar onde os crimes ocorreram.

Em depoimento na delegacia, o comerciante confessou a prática de sexo anal e oral “com diversas crianças e adolescentes”, acrescentando que a sua vítima mais recente, chamada por ele de “namorado”, é um garoto de 13 anos.

Na presença da mãe, o adolescente confirmou à polícia ter sofrido abusos sexuais, “principalmente após [o comerciante] lhe oferecer bebidas alcoólicas.”

Nenhum advogado havia se apresentado para defender o comerciante até o momento.

A polícia trabalha agora para identificar mais vítimas. William foi indiciado por estupro de vulnerável e por armazenar e produzir material pornográfico infantil.

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