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Preso há 12 anos, Gil Rugai segue em celibato e nega crime até hoje

Exame criminológico, feito a pedido da Justiça, faz o perfil de Gil Rugai e revela os planos do ex-seminarista para quando sair da cadeia

atualizado

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Reprodução/ Redes Sociais
Gil Rugai 3
1 de 1 Gil Rugai 3 - Foto: Reprodução/ Redes Sociais

São Paulo – Detido no “presídio dos famosos”, o ex-seminarista Gil Rugai, de 40 anos, trabalha na faxina da cadeia, faz faculdade de arquitetura e se mantém adepto do celibato. O preso, condenado por matar o pai e a madrasta a tiros em 2004, alega inocência até hoje e tem planos para quando estiver em liberdade.

As informações constam do exame criminológico feito pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) e obtido pelo Metrópoles. A análise do perfil de Gil Rugai era uma exigência da Justiça paulista para avaliar se deve ou não autorizar a progressão dele para o regime aberto. Ainda não há decisão.

Para os profissionais da SAP, o ex-seminarista é “cortês”, “respeitoso” e tem “condições pessoais para a benesse pleiteada”. Já o Ministério Público de São Paulo (MPSP), que é favorável a mantê-lo preso, argumenta que a pena de Gil só deveria acabar em 2044 e que a “gravidade dos crimes cometidos evidencia personalidade inclinada à criminalidade”.

Condenado a 32 anos por dois homicídios, Gil Rugai está no regime semiaberto, na Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, em Tremembé, no interior paulista. A unidade é conhecida por receber criminosos de casos de repercussão, como Alexandre Nardoni e os irmãos Daniel e Christian Cravinhos.

O ex-seminarista já ficou quase 12 anos na cadeia, entre idas e vindas, beneficiado por habeas corpus e pedidos de liberdade provisória. Esse período representa pouco mais de um terço da pena estabelecida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

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Rotina na cadeia

O laudo da Secretaria da Administração Penitenciária rasga elogios a Gil Rugai e diz que o preso valoriza “laços familiares”, com visitas regulares da mãe e do irmão. Segundo o documento, compartilhado com a Justiça na terça-feira (26/9), ele apresenta “ótimo” comportamento e considera o período na prisão “doloroso, mas um aprendizado sem igual”.

Ex-aluno de teologia e descrito como “leitor voraz”, o preso ajuda em atividades internas e se mantém afastado de relacionamentos amorosos. Ele é declaradamente gay desde a adolescência e está solteiro. “Sobre a vida afetiva, expõe sublimações por questões religiosas e celibato”, diz o documento.

Entre as atividades voluntárias, Gil Rugai coordenou aulas para alfabetizar outros detentos e prepará-los para o Enem, ofereceu oficinas de escrita, organizou o acervo da biblioteca e até costurou máscaras contra Covid para funcionários da cadeia. “Nos momentos de lazer, participa de reuniões religiosas, teatro, cinema”, diz o documento.

“Conviver com as diferenças individuais, diversidades culturais, lhe proporcionou revisão de conceitos e preconceitos”, consta na análise. “Esse movimento interno lhe ajudou a valorizar a simplicidade da vida.”

Planos de futuro

Na prisão, o ex-seminarista trabalha oficialmente fazendo faxina – ofício que cumpre com “assiduidade”, “obediência às ordens” e “ótimo desempenho das funções”, de acordo com os profissionais da SAP. Os dias de serviço são descontados da pena de Gil Rugai.

Como está no regime semiaberto, recebeu aval da Justiça para frequentar a Faculdade Anhanguera, em Taubaté, onde cursa arquitetura e urbanismo desde março. Ele está no segundo semestre da graduação e é bolsista do ProUni.

Em liberdade, ele pretende morar em Taubaté, concluir o curso de arquitetura e atuar na área. Com formação em alfaiataria, outro plano é empreender no ramo de confecção de camisas masculinas.

“O que eu sei é que eu não posso me expor muito… [Preciso] ter uma vida discreta”, afirmou Gil Rugai, durante a entrevista, conforme trecho transcrito no exame criminológico.

Assassinatos

O laudo mostra, ainda, que Gil Rugai nega ter assassinado seus familiares e se declara inocente até hoje. “Ressente que o Poder Judiciário o condenou como autor dos fatos, não havia razão para isso. Amava seu pai e se dava bem com sua madrasta.”

O Tribunal do Júri considerou Gil Rugai culpado pelo assassinato de Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino. O casal foi morto com 11 tiros, na casa onde morava, em Perdizes, na zona oeste da capital paulista, em março de 2004.

A motivação dos homicídios foi a demissão de Gil Rugai da produtora Referência Filmes, que pertencia ao seu pai. Ele também foi investigado pelo desfalque de R$ 25 mil na empresa.

Uma testemunha relatou ter visto o ex-seminarista saindo da casa do pai após o crime. O cartucho usado para matar o casal foi encontrado no quarto de Gil Rugai.

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