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“Não quero fazer com a Marina o que fizeram comigo”, diz Salles

Ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles nega desmonte na área e diz ter de esperar para avaliar o trabalho de Marina Silva na pasta

atualizado

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Arte/Metrópoles
Ricardo Salles (PL) e Marina Silva (Rede)
1 de 1 Ricardo Salles (PL) e Marina Silva (Rede) - Foto: Arte/Metrópoles

São Paulo – O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) evita avaliar a gestão de Marina Silva (Rede) no Ministério do Meio Ambiente, pasta que ele chefiou entre 2019 e 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), por considerar que a ministra de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa de mais tempo para mostrar resultados.

Em entrevista concedida ao Metrópoles na última sexta-feira (17/3), Salles disse ter sido alvo de críticas “irracionais” durante toda a sua gestão no governo Bolsonaro, quando foi acusado de promover um desmonte na fiscalização ambiental e até alvo de inquérito por supostamente favorecer um esquema de exportação ilegal de madeira.

“Eu nunca quis fazer com os outros o que fizeram comigo, que foi uma oposição e um volume de críticas irracionais e, em larga medida, desequilibradas, desproporcionais. Não quero fazer com a Marina o que fizeram comigo. Acho que ela precisa de um tempo para comprovar que a maneira deles trabalharem nessa nova administração permite que se resolvam os problemas do desmatamento e do saneamento”, afirmou.

“Isso não quer dizer que a gente tenha sido perfeito, que não tenha nada para melhorar, mas que o volume das críticas e a gravidade dos comentários que foram levantados não correspondem à realidade. Não me sinto à vontade de fazer com a Marina o que eles fizeram comigo”, completou Salles.

Salles nega desmonte

O ex-ministro de Bolsonaro nega ter feito um desmonte na fiscalização ambiental do país, embora tenha deixado a pasta quando passou a ser alvo de inquérito por suposta atuação em favor de madeireiros que exportavam ilegalmente do Brasil.

À reportagem, ele disse ter recebido o ministério com orçamento reduzido e déficit de funcionários e que não tinha poder para demitir servidores de carreira, já que eram concursados.

“Tanto no Ibama quanto no ICMBio já havia um déficit de 50% no quadro de funcionários. Eu não mandei ninguém embora, já comecei no ministério com uma falta de funcionários e nós fizemos, no último ano do governo, fruto de um pedido meu, uma recomposição parcial por meio da abertura de novos concursos, algo que não ocorria há quase 10 anos”, afirmou.

Ele também acrescentou que o decreto de conciliação ambiental, alvo de críticas, já era implementado em São Paulo – onde ele foi secretário do Meio Ambiente no governo de Geraldo Alckmin, atual vice-presidente da República, embora a resolução não tenha ocorrido durante a sua gestão – e visava reduzir o tempo de processos administrativos na área, que podem durar anos.

“O (processo) de São Paulo funcionou maravilhosamente bem e o de Brasília teve muita dificuldade porque os funcionários internos dos órgãos fizeram um movimento de boicote à implementação da conciliação ambiental”, disse Salles.

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