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De mula a barraqueiro: polícia mapeia cargos do tráfico na Cracolândia

Novo relatório da Polícia Civil revela cinco diferentes cargos no tráfico de drogas da Cracolândia e funções incluem até “captar clientes”

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Divulgação/GCM
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1 de 1 rsz_1operação_gcm_cracolândia_1__resized_compressed - Foto: Divulgação/GCM

São Paulo – Novo relatório do setor de inteligência da Polícia Civil revela as cinco diferentes funções, que incluem até “captar clientes”, exercidas por criminosos para alimentar o tráfico de drogas da Cracolândia, no centro da capital paulista. A região é dominada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).

Segundo documento policial, ao qual o Metrópoles teve acesso, a organização do “fluxo”, como é chamada a concentração de dependentes químicos na Cracolândia, é composta pelas funções de “montador de barracas”, “segurança do fluxo”, “auxiliar de traficante” e “mula financeira ou de drogas”.

Já o posto mais alto é ocupado pelo “traficante de drogas”, para quem todos os demais devem obediência.

O mapeamento, feito pela Delegacia Seccional Centro, tem como base investigações realizadas entre julho de 2023 e fevereiro de 2024. Nesta quarta-feira (8/5), uma nova operação da Polícia Civil prendeu um chefe do PCC e outras 12 pessoas na região.

As funções listadas são “estáveis” e “permanentes”, de acordo com o relatório. O esquema também envolve troca de turnos e de horários entre os criminosos. “Haverá sempre um indivíduo responsável por exercer aquela função, necessária para o desenvolvimento frenético do comércio de entorpecentes”, diz o documento.

“Todos aqueles que atuam no funcionamento do ‘fluxo’ da Cracolândia, seja qual for a função (…), somente o faz com a autorização dos controladores que, muitas vezes, nem ali se encontram, mas, sim, exercem suas funções de comando à distância, no conforto de suas residências.”

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Funções na Cracolândia

Na base da pirâmide da Cracolândia, o montador de barracas é o sujeito contratado pelo traficante para erguer e, quando necessário, desmontar e guardar a tenda, onde é vendido o crack e outras drogas. Essa estratégia serve para dificultar que os policiais cheguem aos verdadeiros donos do entorpecente.

Por sua vez, o segurança fica responsável por montar guarda na entrada do fluxo e visualizar “tudo que ocorre no seu entorno”, como a chegada de viaturas, policiais ou pessoas estranhas à Cracolândia. Em geral, a comunicação é feita por apitos ou sinais sonoros.

O auxiliar de traficante, também chamado de “olheiro”, tem função comercial. Segundo a análise policial, o objetivo dele é “captar clientes” e levá-los até a barraca para a qual trabalha. Já as mulas, posto ocupado geralmente por mulheres, ficam responsáveis por transportar dinheiro e drogas.

O relatório considera como traficante o proprietário da barraca.

“É a pessoa mais ‘importante’ naquele ambiente, pois ninguém se estabelece no ‘fluxo’ sem sua autorização ou anuência”, diz.

Ainda segundo o documento, esses criminosos também têm poder de realizar julgamentos, nos chamados Tribunais do Crime, e punir quem comete “fato tido como ilícito dentro das regras de condutas ali estabelecidas”.

Operação

Entre os detidos na última operação, deflagrada pelo 3º Distrito Policial (Campos Elíseos), está o traficante Paulo Rogério Amorim, o Bahia, de 41 anos, que é apontado como integrante do PCC e coordenador da rotina na Cracolândia.

Com antecedentes criminais, Bahia voltou à mira da Polícia Civil em agosto de 2023, após aparecer em um vídeo em que ameaça de morte moradores do centro de São Paulo que denunciassem crimes ocorridos no “fluxo”.

Ao todo, a operação prendeu dez homens e três mulheres. Entre os detidos, também estão um suspeito da Bolívia, um da Tanzânia e dois de Moçambique.

Na ação, a Polícia Civil também apreendeu 243 porções de cocaína, 27 de maconha, um simulacro de arma de fogo e balanças de precisão.

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