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Polêmica sobre tela: SP-Arte nega exposição de suposta obra de Tarsila

Organização do evento afirmou que nunca teve contato com a obra; Folha de S. Paulo levantou polêmica sobre autenticidade de tela inédita

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Enzo Marcus/Metrópoles
Imagem colorida de fachada de evento da SP-Arte - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de fachada de evento da SP-Arte - Metrópoles - Foto: Enzo Marcus/Metrópoles

São Paulo — A SP-Arte, evento de exposição de produções artísticas que acontece no pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, nega que uma obra supostamente produzida por Tarsila do Amaral em 1925 tenha sido exposta na feira.

A polêmica começou após o jornal Folha de S.Paulo divulgar a abertura do evento, na última quarta-feira (3/4), com a possibilidade de compra da tela atribuída a artista como uma das atrações.

A autenticidade da tela não é confirmada e nunca passou pelo processo de aprovação da curadoria do evento, segundo a organização.

O que ocorreu foi que um dos sócios da Galeria Oma, responsável pelo evento, Thomaz Pacheco, apresentou a um jornalista da Folha de S.Paulo a obra de arte supostamente produzida por Tarsila do Amaral em 1925. A tela foi mostrada pelo galerista durante a abertura da SP-Arte e teve sua autenticidade questionada após outra reportagem produzida pela publicação.

A organização do evento, juntamente com a galeria responsável pelo produto, afirmou que a obra não chegou a ser exposta na feira, apenas mostrada individualmente ao jornalista.

Em nota, a SP-Arte afirma que a organização esclareceu que existe um “rigoroso processo de avaliação e seleção das galerias que pretendem participar da feira”, onde todas as participantes precisam apresentar de maneira prévia o que será exposto nas respectivas galerias, procedimento esse em que a obra de 1925 ligada à Tarsila nunca passou.

A SP-Arte confirmou ainda, que no dia seguinte à publicação da matéria da Folha sobre o caso, questionou a OMA sobre a suposta obra e recebeu como resposta que o produto já tinha sido levado de volta ao cofre da galeria, localizada no bairro dos Jardins, zona oeste de São Paulo. Além disso, ao saber do questionamento sobre a veracidade do quadro, a empresa pediu as documentações sobre a origem da obra.

Ao Metrópoles, um dos sócios da OMA e galerista responsável pela tela, Thomaz Pacheco, confirmou que a arte não foi exposta na SP-Arte e informou que o quadro já está passando por uma análise sobre sua certificação: “o único colegiado legítimo, autorizado a autenticar ou não uma obra da Tarsila, já está avaliando”, declarou.

Autenticidade da obra

O jornal Folha de S.Paulo ouviu fontes que afirmaram, entre outras coisas, que a tela não consta no catálogo de trabalhos da carreira da artista e que o valor cobrado pela arte, R$ 16 milhões, é muito baixo para o que representaria uma obra inédita da pintora. A publicação entrevistou, em anonimato, uma pessoa próxima ao comitê que organiza o catálogo raisonné – perfil que cataloga as obras produzidas ao longo da carreira de um pintor – da Tarsila do Amaral. Nessa conversa, a pessoa garante que a obra não foi produzida pela artista.

Jones Bergamin, um merchand – profissional que apresenta a obra a potenciais compradores – da Bolsa de Arte, uma das principais casas de leilão do Brasil, acredita que a tela não é verdadeira: “A obra não é autêntica, caiu de paraquedas de algum lugar que ninguém sabe de onde, sem histórico. É um pastiche”.

Sobre a origem da tela, o dono, que preferiu não ser identificado, afirmou que é um presente dado pelo pai à mãe no aniversário de casamento dos dois em 1960. O homem, que é de família libanesa, disse que o quadro estava na cidade de Zalé, no Líbano, desde 1976, para onde sua família se mudou. O sujeito, de 60 anos, revelou que trouxe o produto para o Brasil com medo que o conflito entre Israel e Hamas atingisse a área onde estava a obra.

Além disso, a reportagem diz que o homem consultou galeristas a respeito da autenticidade do produto e ouviu que o processo para a certificação seria longo pois a obra não estava no catálogo original da autora. Ele e o galerista responsável pela tela, Thomaz Pacheco, afirmaram que o trabalho não está na seleção de obras da carreira de Tarsila pois passou muito tempo fora do Brasil, longe do conhecimento do comitê especialista em projetos da artista.

O valor, considerado baixo, também é algo que chamou a atenção do especialista consultado pelo jornal: “R$ 16 milhões é um absurdo de dinheiro. Se fosse autêntica, ela seria mais valiosa do que R$ 16 milhões, deveria valer R$ 25 milhões, R$ 30 milhões. Conheço e trabalho com [obras de] Tarsila há muitos anos”, acrescentou o merchand Jonas Bergamin.

A tela, datada de 1925, segue algumas características típicas da autora, com casas pequenas no meio de árvores que seriam coqueiros, compatíveis com uma fase vivida por Tarsila quando se formou em Paris, na França.

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