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Guarulhos: PCC muda estratégia para enviar cocaína à Europa

Suspeitos presos usavam etiquetas de passageiros comuns para enviar malas com cocaína para o exterior; entenda como funcionava o esquema

atualizado

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Divulgação/Polícia Federal
foto colorida de caixa com drogas que foi retirada de bagagem no Aeroporto de Guarulhos; segundo PF, PCC está por trás do esquema de bagagens - Metrópoles
1 de 1 foto colorida de caixa com drogas que foi retirada de bagagem no Aeroporto de Guarulhos; segundo PF, PCC está por trás do esquema de bagagens - Metrópoles - Foto: Divulgação/Polícia Federal

São Paulo — A Polícia Federal (PF) prendeu 9 suspeitos de integrar três quadrilhas especializadas em despachar cocaína em voos comerciais para a Europa e a África. Os grupos são ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e, entre os detidos, há lideranças da facção. A PF também apurou que os criminosos adotaram uma nova estratégia para enviar droga ao exterior, transferindo a cocaína das malas para caixas (foto em destaque), antes de serem embarcadas em voos.

“Os criminosos colocavam etiquetas de passageiros comuns em malas com drogas, para funcionários não envolvidos no esquema não desconfiarem, e depois faziam a troca para caixas ainda na pista de decolagem”, explicou o delegado da PF Felipe Faé Lavareda de Souza.

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Os agentes foram às ruas de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (07/12), para cumprir 14 mandados de prisão e 18 de busca e apreensão. Drogas e armas também foram apreendidas.

700 quilos de cocaína

Os três grupos criminosos atuavam no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na Grande São Paulo, de onde despacharam irregularmente, via bagagens ou em cargas, ao menos 700 quilos de cocaína, dos quais 578 para a Alemanha, 77 para Portugal e 37 para a Etiópia.

Essa quantidade de droga foi traficada entre 2021 e 2022, de acordo com o delegado Felipe Faé.

As investigações da PF mostram que os criminosos se comunicavam em grupos de WhatsApp para organizar a logística do envio da droga em voos procedentes do maior aeroporto do Brasil.

Imagens de câmeras de monitoramento também contribuíram para identificar os criminosos e compreender a forma como agiam na área restrita do aeroporto.

As identidades dos presos não foi informada pela PF. Entre eles há funcionários da área restrita e membros da quadrilha, incluindo ao menos um motorista de aplicativo.

A PF trabalhava para tentar cumprir os mandados de prisão restantes até a publicação desta reportagem.

Oito anos de tráfico

Como o Metrópoles mostrou, há pelo menos oito anos o PCC opera um esquema de envio de drogas para a Europa em bagagens despachadas no Aeroporto de São Paulo. A facção paga o equivalente a um ano de salário para funcionários da área restrita trocarem malas de passageiros pelas bagagens com cocaína, driblando a fiscalização.

Quando as bagagens com drogas chegam até seus destinos, os funcionários corrompidos já sabem quais malas devem procurar. Para isso, recebem fotos das bagagens, enviadas por mensagens de celular.

Em seguida, esses funcionários procuram se antecipar aos profissionais que não foram aliciados, de acordo com a polícia europeia. Assim, retiram as malas das aeronaves, levando-as para “um local seguro”, longe da fiscalização, e as levam para fora do aeroporto.

Base da pirâmide

Em 2020, a PF organizou e unificou vários inquéritos policiais abertos para investigar os integrantes do esquema criminoso que usa o Aeroporto de Guarulhos para despachar drogas para a Europa.

Os funcionários da área restrita, encarregados de pegar as bagagens depois que elas são despachadas pelos passageiros no check-in e as colocar dentro do avião, são a base da pirâmide e recebem de R$ 25 mil a R$ 30 mil por cada mala despachada com a droga, normalmente cocaína.

Eles retiram etiquetas de bagagens aleatórias despachadas regularmente pelos passageiros e as colocam em outras malas contendo drogas. Estas, segundo a investigação, são despachadas depois que o check-in já foi encerrado.

As malas com as etiquetas já trocadas são desviadas da fiscalização automática, para escapar do raio-x que identifica conteúdos ilícitos.

Já os responsáveis por receberem as malas com as drogas nos destinos e as desviarem da fiscalização local podem ganhar mais de R$ 100 mil por cada bagagem ilegalmente despachada.

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