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PCC: como a Baixada Santista foi dominada pelo tráfico de drogas

Foco da operação policial que já matou 16 pessoas, Baixada Santista é historicamente cobiçada pelo tráfico por causa do Porto de Santos

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Porto de Santos/Divulgação
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1 de 1 Imagem colorida com vista aérea do porto de santos - metrópoles - Foto: Porto de Santos/Divulgação

São Paulo — Diante de um cenário classificado como “guerra” contra o tráfico de drogas, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) cometeu, na última terça-feira (1º/8), uma inconfidência para os padrões da política paulista ao admitir que “a Baixada Santista foi tomada pelo crime organizado”.

O governador elevou o tom para justificar a operação policial deflagrada na região após o assassinato de um soldado das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), tropa de elite da Polícia Militar (PM), que já resultou na morte de 16 suspeitos, além de 86 prisões, em uma semana.

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Investigações das polícias Civil e Federal e do Ministério Público de São Paulo (MPSP) mostram que não há exagero na fala de Tarcísio. Por causa do Porto de Santos, o maior do país, a Baixada Santista é historicamente um ponto estratégico para o tráfico internacional de drogas.

Como o Metrópoles mostrou no último fim de semana, o Porto de Santos é a principal via marítima usada pelo narcotráfico para despachar cocaína do Brasil à Europa. No início dos anos 2000, o Primeiro Comando da Capital (PCC) travou uma guerra com facções rivais, em especial o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, para controlar o envio de droga pelos cargueiros que atracam em Santos.

Um dos principais investigadores de PCC no país, o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), afirma que o controle do tráfico pelo maior porto do país assegura a hegemonia da facção paulista.

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Hoje, o PCC tem tentáculos por todo o país, na América do Sul e nos principais destinos de cocaína na Europa. “Por causa disso, em qualquer lugar do estado de São Paulo, para se vender droga, precisa ser do PCC ou ter a venda permitida pela facção”, afirma Gakiya, que investiga o PCC há quase 20 anos e foi alvo, recentemente, de um plano de execução da facção.

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A presença e influência do PCC na Baixada Santista foi fortalecida após a saída de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, do sistema prisional, em 2017. Investigações do MPSP mostram que ele viajou à Bolívia e ao Paraguai para fazer conexões com fornecedores de drogas e usou o Porto de Santos para criar o atual modelo utilizado pela facção para envio de cocaína por navios para a Europa.

Disputa interna

Gakiya acrescenta que somente Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, sócio no tráfico internacional do principal líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, despachava quatro toneladas de cocaína por mês para a Europa por meio do Porto de Santos.

Gegê acabou se desentendendo com outras lideranças locais do PCC por causa de dinheiro e foi executado em fevereiro de 2018, junto com Fabiano Alves de Souza, o Paca, que também comandava a operação local.

Com a morte da dupla, Fuminho voltou a agir na região junto com André Oliveira Macedo, o André do Rap, outra liderança notória do PCC, que está foragido após ser solto depois de conseguir um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF). Hoje, ele figura na lista dos criminosos mais procurados pela Polícia Civil de São Paulo.

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Um exemplo recente da força do PCC na Baixada Santista envolve o caso do assassinato do soldado da Rota Patrick Bastos Reis, que desencadeou a operação policial que já matou ao menos 16 civis.

Como o Metrópoles mostrou, autoridades policiais afirmaram, em reservado, que teria partido do PCC a ordem para que Erickson David da Silva, o Deivinho, se entregasse à polícia. Apontado como o autor do disparo que matou o PM, ele se entregou na noite do último domingo (30/7).

De acordo com um integrante da cúpula da Polícia Civil, a operação policial nas comunidades do Guarujá começou a prejudicar o tráfico de drogas na região, o que teria irritado o PCC.

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