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Vídeo. Pacientes denunciam descaso em hospital de SP: “É um caos”

Imagens feitas com celular por pacientes mostram homem com dois braços engessados dando comida para senhor em cama de hospital

atualizado

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Arquivo Pessoal
Em foto colorida homem com braço engessado dá colida na boda de senhor amarrado em cama de hospital - Metrópoles
1 de 1 Em foto colorida homem com braço engessado dá colida na boda de senhor amarrado em cama de hospital - Metrópoles - Foto: Arquivo Pessoal

São Paulo – Pacientes e seus familiares denunciam a falta de informações, de limpeza, de funcionários, de itens como fraldas, e no atraso na administração de medicamentos, além do agendamento de cirurgias, no Hospital Geral de Guaianases, no extremo leste da capital paulista. A unidade é administrada pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Após a publicação desta reportagem, o secretário estadual da Saúde, Eleuses Paiva, determinou a abertura de uma sindicância interna para apurar as denúncias.

Imagens feitas por um paciente da ala de ortopedia (assista abaixo), na quinta-feira (28/9), e encaminhadas ao Metrópoles neste domingo (1/10), mostram um homem com os dois braços engessados dando comida para um senhor. O idoso é mantido amarrado em uma maca.

 

“Esse senhor aí não estava comendo nada, há dias. Aí o rapaz com os dois braços engessados conversou com jeitinho com ele, que acabou aceitando se alimentar. Nem era para ele estar internado na área de ortopedia, ele parece ter problemas psiquiátricos e é mantido amarrado para não atacar os enfermeiros”, relatou o autor das imagens, que pediu para não ter o nome publicado.

O paciente ainda registrou em vídeo o vazamento de um vaso sanitário, cuja água com fezes invadiu o quarto, ficando sob as camas. Algumas fraldas, segundo as imagens, foram usadas para tentar conter o vazamento, sem sucesso. O problema foi solucionado, segundo o rapaz, após um eletricista ir ao local. As imagens ainda mostram uma seringa caído no chão de um dos corredores da unidade de saúde.

O mesmo paciente que fez os registros afirmou que está há 11 dias internado, por causa de uma fratura que sofreu em um elevador de carga, durante o trabalho.

Ele acrescentou que, além da questões estruturais, sua medicação é administrada com atraso e nenhuma informação é dada sobre a cirurgia que ele precisa realizar.

Pacientes sem fralda e sem informação

A falta de informação também é um dos problemas destacados pela babá Carla Marques, de 42 anos. A filha dela, de 16 anos, está internada no hospital de Guaianases desde 18 de agosto, quando a jovem sofreu um acidente de carro, junto com a irmã gêmea, que foi atendida em outra unidade de saúde e já teve alta.

“Minha filha que está internada precisa de uma cirurgia no braço direito. Mas até agora não foi feita e não sabemos quando. Ela é jovem e está perdendo muito tempo internada. Um dos meus medos é que ela fique com alguma sequela por causa desse atraso.”

Carla acrescentou que precisa pagar do bolso para que a filha possa usar fraldas diariamente. Segundo a babá, o item acaba rapidamente e demora para ser reposto no hospital da zona leste.

Além da falta de fraldas, a escassez de enfermeiros é outro problema, de acordo com Carla. Por causa disso, ela precisa permanecer no hospital com frequência, para garantir que a filha se mantenha limpa.

“O hospital está sem funcionários suficientes tanto para o atendimento aos pacientes quando para a limpeza. A precariedade não é culpa dos que tentam fazer alguma coisa, mas tem outros que além de tudo ainda são grossos e tratam mal as pessoas. A gente parece que não existe para eles, é um caos.”

A babá afirmou ainda já ter testemunhado pacientes desistindo e indo embora, por conta própria, pela incerteza sobre agendamentos de cirurgias.

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“Palhaçada”

Uma profissional da área da limpeza, cuja mãe está internada no hospital da zona leste, afirmou ao Metrópoles que alguns funcionários gritam com pacientes, após serem interpelados com reclamações sobre a falta de estrutura do local.

“Minha mãe ficou com medo da forma que o enfermeiro tratou outro paciente. Precisa saber conversar, do contrário, deixa a vaga pra quem quer ajudar as pessoas.”

A mulher, que pediu para não ter o nome publicado, por temer represálias, também paga do bolso as fraldas usadas pela mãe e faz a higiene pessoal da parente. “Isso tudo é uma palhaçada. Eu não sabia que era assim o hospital. De fora não dá para saber, mas quando entra, a gente vê.”

Um primo da profissional de limpeza acrescentou que a família não recebe nenhum tipo de retorno sobre a cirurgia da familiar, que está há cerca de um mês internada no hospital de Guaianases, após fraturar o fêmur.

“Ficamos a mercê deles, não sabemos concretamente nada que está planejado para a minha tia. Dizem que precisamos aguardar. É uma falta de respeita. Nós como cidadãos pagamos impostos e quando precisamos de um serviço essencial não temos como usufruir. O hospital não oferece suporte, materiais básicos, é muito triste.”

Secretaria da Saúde

O secretário estadual da Saúde Eleuses Paiva afirmou, em nota, ter determinado para que o diretor do hospital e o coordenador de Serviços de Saúde fossem até a unidade de Guaianases “para apurar in loco os fatos relatados pela reportagem”. Ele também determinou a abertura de uma sindicância interna para apurar as denúncias.

“O secretário considera inadmissível que situações como as relatadas pela reportagem ocorram nas unidades do estado e tomará todas as medidas cabíveis para identificar os responsáveis pela irregularidades e resolver a situação dos pacientes.”

Com relação ao entupimento dos banheiros, a Secretaria da Saúde afirmou que o problema foi “pontual”, com base em informações preliminares da diretoria da unidade.

“Sobre as fraldas e medicamentos, as faltas pontuais foram substituídas por similares, sem prejuízo ao atendimento dos pacientes. O processo de aquisição de novos medicamentos e insumos já foi realizado.”

A diretoria do hospital da zona leste paulistana afirmou, por meio da Secretaria da Saúde, que “não há” falta de profissionais na unidade e que a limpeza do local é feita por uma empresa terceirizada. “A alimentação dos pacientes é realizada pela equipe de enfermagem, mas muitas vezes o acompanhante se oferece a auxiliar neste processo.”

Sobre o atraso para o agendamento da cirurgia da jovem de 16 anos, a pasta afirmou que ela é monitorada e aguarda vaga em “regulação municipal” para a realização do procedimento.

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