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Nunes cresce no “vácuo” do bolsonarismo e aposta em peso da máquina

Pesquisas mostram crescimento do prefeito Ricardo Nunes após apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro à campanha pela reeleição em SP

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Prefeitura de São Paulo
Imagem colorida mostra Ricardo Nunes, homem branco, de cabelo e barba pretos, em imagem do peito para cima, falando ao microfone na frente de um banner da Prefeitura - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra Ricardo Nunes, homem branco, de cabelo e barba pretos, em imagem do peito para cima, falando ao microfone na frente de um banner da Prefeitura - Metrópoles - Foto: Prefeitura de São Paulo

São Paulo – Seis meses atrás, dava para encher um gabinete da Prefeitura com os aliados de Ricardo Nunes (MDB) que temiam a aliança eleitoral do prefeito com Jair Bolsonaro (PL), diante do risco de as investigações que implicam o ex-presidente contaminarem a campanha pela reeleição.

Este receio ainda não se dissipou por completo, mas o efeito prático da estratégia adotada pelo emedebista, demonstrado pelas últimas pesquisas de intenção de voto, mudou a opinião até de quem ainda torce o nariz para os bolsonaristas dentro da administração paulistana.

A última rodada de pesquisas, encerrada com o Datafolha nessa segunda-feira (11/3), mostra que Nunes cresceu no “vácuo” do bolsonarismo na corrida municipal e já desponta como favorito no embate contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSol), que liderava com folga os levantamentos feitos desde o ano passado.

No Datafolha, Boulos (30%) e Nunes (29%) apareceram tecnicamente empatados — a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos —, cenário semelhante ao registrado pelo Paraná Pesquisas, em fevereiro, e pela Real Time Big Data, na semana passada. Em todas, Nunes venceria Boulos no segundo turno.

O plano do prefeito sempre foi claro: obter o apoio de Bolsonaro para evitar uma candidatura bolsonarista à Prefeitura da capital que lhe roubasse votos dos eleitores de direita e ameaçasse sua ida ao segundo turno contra o candidato de esquerda, apoiado pelo PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Após longo “namoro”, Nunes recebeu do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, no fim de 2023, a confirmação de que Bolsonaro o apoiará na eleição deste ano. A decisão do ex-presidente minou de vez a única pré-candidatura bolsonarista, do deputado federal Ricardo Salles (PL), que anunciou desistência pela segunda vez.

Nos bastidores, os bolsonaristas diziam que iram aguardar a “viabilidade” eleitoral de Nunes contra Boulos e que Bolsonaro indicaria o vice na chapa do prefeito. Em fevereiro, o ex-presidente sugeriu o nome do coronel Mello Araújo, ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), tropa de elite da Polícia Militar paulista.

Enquanto cozinha a definição do vice para ganhar tempo — a vaga também é cobiçada por outros partidos —, Nunes tem feito acenos para manter firme a aliança com Bolsonaro. O mais explícito deles foi subir no trio elétrico do ex-presidente no ato realizado no fim de fevereiro na Avenida Paulista, enquanto aliados o aconselhavam a não ir.

Embora o apoio bolsonarista venha sendo explorado negativamente por Boulos, que tenta colar no prefeito a rejeição que Bolsonaro carrega na capital paulista, Nunes tem tido êxito com a estratégia até agora. Desde agosto de 2023, ele cresceu cinco pontos (de 24% para 29%) no Datafolha, enquanto Boulos caiu dois (de 32% para 30%).

Além de se consolidar como o candidato anti-Boulos que o bolsonarismo almeja, Nunes também conta com a ajuda do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para se esquivar de ter um companheiro de chapa genuinamente bolsonarista que possa dar munição aos adversários.

Recentemente, como revelou o colunista Igor Gadelha, Tarcísio entrou em campanha para que o ex-ministro de Lula e ex-deputado pelo PCdoB Aldo Rebelo seja escolhido como vice de Nunes. Rebelo assumiu a Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura no lugar de Marta Suplicy, que deixou a pasta em janeiro para ser vice de Boulos.

Licenciado do PDT, partido que fechou apoio ao deputado do PSol, Rebelo é visto como um nome que ajuda a levar a candidatura do prefeito ao centro, amenizando o impacto negativo que o apoio de Bolsonaro terá sobre o eleitorado mais progressista da capital. Ele e o ex-presidente mantêm boa relação, o que torna o plano viável.

Máquina e gestão

Uma vez assegurada a aliança com Bolsonaro e descartada outra candidatura mais competitiva no campo da direita — o deputado federal Kim Kataguiri (União), por exemplo, não deve ter legenda porque o presidente do seu partido na cidade, vereador Milton Leite, é aliado de Nunes — o prefeito centrará a campanha nas realizações da sua gestão, fugindo de uma polarização nacionalizada com Boulos.

Mostra disso é tom adotado pelo presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, que é coordenador da pré-campanha de Nunes. Nessa segunda, o deputado emedebista celebrou o resultado do Datafolha dizendo que “o prefeito está prefeitando” e que “é isso que interessa para a população”. “Quem aposta na polarização, na divisão e na disputa política barata vai perder”, como já está perdendo”, disse.

Para este ano eleitoral, Nunes conta com um caixa turbinado na Prefeitura, após enfrentar críticas por causa da baixa execução orçamentária em 2023. O emedebista prevê um valor recorde de quase R$ 15 bilhões em investimentos na cidade, mais de 40% do que foi orçado no ano passado. As áreas de transporte, com R$ 2,6 bilhões, e habitação, com R$ 3,6 bilhões, concentram o maior volume a ser investido na capital ao longo de 2024.

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