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Municipalização a jato de escolas pega pais de alunos de surpresa

Metrópoles visitou 3 escolas estaduais que passarão para a Prefeitura de SP e encontrou pais com dúvidas sobre processo de municipalização

atualizado

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Jéssica Bernardo/ Metrópoles
Imagem colorida mostra mulher vestida de regata e shorts preto segurando a mão de uma criança vestindo uma camiseta verde da seleção da Nigéria - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra mulher vestida de regata e shorts preto segurando a mão de uma criança vestindo uma camiseta verde da seleção da Nigéria - Metrópoles - Foto: Jéssica Bernardo/ Metrópoles

São Paulo — A troca de gestão em 25 escolas estaduais, que ficarão sob a responsabilidade da Prefeitura de São Paulo a partir deste ano, tem pego de surpresa os pais de alunos matriculados nas unidades.

O Metrópoles visitou três escolas na zona sul da capital paulista que passaram pelo processo de municipalização e conversou com familiares de estudantes que foram aos locais em busca de informações.

Todos procuravam saber como seria a volta às aulas e disseram não ter sido comunicados sobre a mudança de gestão nas escolas.

Mãe de um aluno da Escola Clarina Amaral Gurgel, no Grajaú, Rafaela Balbino se surpreendeu ao ser questionada sobre a municipalização: “Descobri isso agora que você falou”.

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Com o filho ao lado, ela contou que estava há uma semana tentando contatar a escola para saber sobre o início do semestre letivo, mas parecia não haver ninguém no local.

“Desde a semana passada que eu tento ligar. Ninguém atende, não dão informação nenhuma. Eu vim na sexta e [a escola] estava fechada”.

Mãe de um aluno do 1º ano da unidade, Vanessa Rodrigues disse que ficou sabendo da municipalização através de boatos e estava preocupada com as mudanças.

“Eu queria saber o que muda, como vai funcionar, quais são as vantagens”, disse Vanessa.

Na manhã dessa segunda-feira (5/2), as duas foram atendidas por uma equipe nova, formada apenas por funcionários da rede municipal, que tinham acabado de se instalar no prédio.

Um servidor avisou para as duas mães que um mutirão será feito nos dias 7 e 8 de fevereiro para explicar detalhes sobre a mudança.

Uma placa com o logotipo da Prefeitura foi instalada em uma das entradas da escola. Do outro lado, uma parede ainda está pintada com o nome “E.E. [Escola Estadual] Clarina Amaral Gurgel”.

Falta de informações

Na Escola Prof. João Ernesto de Souza Campos, na Vila Missionária, a comerciante Luciene de Lima também se queixava da falta de informações.

“Eu não sei que dia que a aula vai começar, quem é o professor, qual a sala”, afirmou ela, que tem uma sobrinha matriculada na unidade.

Um cartaz colado em frente ao portão da instituição avisava que não haveria atendimento presencial nessa segunda e indicava um número para dúvidas.

Com um filho e uma neta matriculados na escola, Neide Silva também tentava mais notícias na porta da unidade.

“Minha maior preocupação é se vai ficar tudo misturado, os alunos pequenos com os grandes”, disse ela. “O material escolar que a gente ganha todo ano eu não sei como vai ficar”.

Ela diz que teve medo de que o filho perdesse dias de aula porque não sabia se o ano letivo seguiria ou não o calendário da Prefeitura.

“Se fosse da Prefeitura, o certo era começar hoje. A gente tá assim, de braços atados”, afirmou a mãe. Enquanto ela esperava no portão, uma mulher que se identificou como diretora da escola saiu e respondeu as dúvidas dela.

Na Escola Manuel Borba Gato, em Pedreira, Andreia Maria de Melo também tentava obter informações sobre a data de volta às aulas. Ela disse que soube da mudança de gestão por causa de um conhecido, que trabalhava na unidade.

“Se eu não tivesse um conhecido [que trabalha] aqui eu não ia saber porque a escola não forneceu essa informação”.

No fim da semana passada, as secretarias municipal e estadual de Educação afirmaram ao Metrópoles que os pais dos estudantes tinham sido informados sobre a data de volta às aulas e sobre as mudanças em curso.

Apesar de criticar a falta de comunicados sobre o tema, Andreia diz que é favorável à troca de gestão.

“Eu prefiro as escolas da Prefeitura porque elas têm mais suporte para as crianças”, diz a mãe, citando a entrega de uniforme escolar gratuito pela gestão municipal.

Giovana Santiago de Menezes também acha que a municipalização pode ser positiva. “Vamos ver como vai ser. Eu particularmente gostei quando ele estava na EMEI”, disse ela, que é mãe de um estudante da escola Manuel Borba Gato.

Mudança inédita

Essa é a primeira vez que a Prefeitura de São Paulo irá assumir a administração de escolas estaduais. A mudança vai atingir unidades que atendem os anos iniciais (1⁰ ao 5⁰ ano) do Ensino Fundamental e deve impactar cerca de 25 mil estudantes. Os profissionais da rede estadual poderão permanecer atuando nas unidades.

Como mostrou o Metrópoles, o interesse pela municipalização partiu da própria gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que iniciou as negociações para a mudança.

Em ofício enviado em novembro à secretaria estadual da Educação, a gestão municipal alegou que a mudança é respaldada por leis federais e visa “englobar o Estado de São Paulo à tendência de descentralização das políticas públicas”, promovendo melhorias nos serviços educacionais.

Em dezembro, a Prefeitura afirmou ter interesse em assumir a demanda de alunos, além do mobiliário, prédio e os profissionais que estejam em exercício.

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