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Metrô de SP perdeu 1 em cada 4 passageiros depois da pandemia

Metrô de São Paulo perdeu 22,6% dos passageiros na comparação com pré-pandemia; mudança nas compras e no trabalho influenciam a demanda

atualizado

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William Cardoso/Metrópoles
Passageira deixa a estação Chácara Klabin do Metrô, em São Paulo
1 de 1 Passageira deixa a estação Chácara Klabin do Metrô, em São Paulo - Foto: William Cardoso/Metrópoles

São Paulo — O metrô de São Paulo perdeu 1 em cada 4 passageiros depois da pandemia de Covid. Dados oficiais mostram que o sistema metroviário da capital paulista transportou 4,1 milhões de pessoas por dia útil em abril — número mais atualizado —, ante 5,3 milhões de passageiros no mesmo mês em 2019, ano pré-pandemia. Em quatro anos, a queda foi de 22,6%.

Entre as justificativas para a diminuição no número de pessoas transportadas estão as mudanças nos hábitos da população provocadas pela pandemia, entre elas a adoção do home office e do trabalho híbrido. A retomada da demanda tem sido mais lenta do que se imaginava ao longo da pandemia e já se vislumbra alteração definitiva nos padrões de deslocamento motivados pelo emprego.

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Foi justamente o trabalho híbrido que tirou a necessidade da relações públicas Giulia Faraco Jubelini, de 34 anos, de se deslocar diariamente pelo metrô. Até o início de 2020, ela precisava embarcar no Jabaquara, na zona sul, e seguir por três linhas (1-Azul, 2-Verde e 4-Amarela) até a Estação Fradique Coutinho, na zona oeste, onde trabalha.

“Com a pandemia, fiquei totalmente no trabalho remoto. Em março deste ano, voltou a ser híbrido e tenho que ir duas vezes por semana”, conta Giulia.

A relações públicas explica que o metrô sempre foi seu principal meio de transporte, tanto que buscou, ao longo dos anos, lugares próximos às estações para morar. “No máximo, a cinco minutos a pé [da estação]”, diz Giulia, que hoje vive perto da Estação Ana Rosa.

A expectativa de Giulia é que, na sua função, não seja mais necessário retornar ao trabalho presencial diariamente. Ou seja, se depender dela, dificilmente o metrô vai recuperar mais passageiros nos dias úteis.

“Ocupo um cargo de gestão, com 12 pessoas que reportam para mim e vejo que o trabalho flui muito bem”, conta. “Acho importante os contatos que a gente tem [duas vezes por semana], mas a flexibilidade de evitar a locomoção pela cidade é um grande benefício”, afirma.

Hábitos e tendências

Presidente do conselho da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Joubert Flores afirma que se está vivendo uma nova tendência e é preciso enfrentar essa situação, que leva, inclusive, à perda de recursos por parte das empresas, como o Metrô.

“Como a gente é extremamente dependente da tarifa para a manutenção desses sistemas, com a perda a partir da pandemia, que até hoje não conseguiu voltar, isso impacta a receita e a sustentabilidade das empresas”, diz.

Para Flores, o trabalho remoto e o modelo híbrido causaram, de fato, perdas relevantes, de 10% a 15% do total de passageiros transportados antes da pandemia. Segundo ele, a recuperação é mais lenta, como mostra a curva dos últimos anos.

A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), por exemplo, controlada pelo governo paulista, aumentou em 35% a receita tarifária no ano passado em comparação com 2021, mas ainda assim o resultado financeiro foi cerca de R$ 800 milhões inferior ao obtido em 2019, antes da pandemia.

O representante da ANPTrilhos, que tem Metrô, ViaMobilidade e ViaQuatro como associadas, diz que mudanças de hábito relacionadas ao comércio foram acentuadas durante a pandemia e também influenciam na perda de passageiros. “Você encomenda no supermercado, nos sites, não se desloca mais para fazer isso, o que tem um impacto”, diz.

Flores afirma que, por uma questão de distanciamento, as pessoas voltaram a ter carro durante a pandemia. Já neste ano, por causa da política do governo federal de redução dos preços, há mais um incentivo ao transporte individual. “Agora, temos a notícia da facilitação para adquirir carro, estimulando outra vez. Vai na contramão da sustentabilidade e do incentivo ao transporte público”, diz.

Segundo Flores, é preciso atrair novos usuários, com novos investimentos. O representante da associação afirma que o Brasil como um todo tem uma malha muito pequena para uma densidade populacional muito grande, especialmente em aglomerações urbanas gigantescas, como é o caso de São Paulo

“O fato de ter diminuído o número de passageiros não desobriga a gente de ter uma malha que atinja mais pessoas. Precisa fortalecer a estrutura para dar uma mobilidade mais digna à população”, diz.

Mudanças

O Metrô afirma que os efeitos da pandemia de Covid ainda refletem na demanda transportada pela companhia, que perdeu quase 25% dos passageiros entre 2019 e 2022, mas não impactam na operação das quatro linhas, nem no serviço prestado.

“Atualmente, a empresa mantém a mesma oferta de viagens e de trens em operação nos horários de pico e de vale, do período pré-pandemia”, diz o Metrô, em nota. “Como resultado do esforço em manter a qualidade do serviço, apesar da queda na arrecadação tarifária, a Pesquisa de Avaliação do Serviço aponta que o Índice de Satisfação do Passageiro saltou de 59% em 2019 para 70% em 2022”, completa.

Segundo o Metrô, estudos internos indicam que, em novembro deste ano, a companhia irá atingir 81% da demanda registrada antes da pandemia. E, em novembro de 2024, a projeção é chegar a 83%. “Importante informar que está em andamento uma importante ampliação da malha para estimular o uso deste transporte movido a energia limpa, cujas principais características são a rapidez, regularidade e confiabilidade, que melhora o deslocamento da população”, diz.

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