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Lavagem do PCC: mensagem mostra Dezinho tratando de salão de beleza

MPSP acusa mulher e cunhados de Dezinho, chefão do PCC que está preso desde julho, de participar de esquema de lavagem de dinheiro

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Imagem colorida de Dezinho. Ele é um homem negro, de óculos e barba, e usa uma camiseta rosa - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Dezinho. Ele é um homem negro, de óculos e barba, e usa uma camiseta rosa - Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo — Investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) reuniu uma série de troca de mensagens para mostrar que Odair Lopes Mazzi Junior, o Dezinho, envolveu familiares no esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC).

No material (veja abaixo), obtido pelo Metrópoles, os familiares discutem a compra de imóveis em São Paulo, tratam da transferência de carros e prestam satisfação para Dezinho, acusado de ser o verdadeiro responsável pelo dinheiro. Segundo a Promotoria, essas transações serviam para esquentar recursos do PCC.

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As mensagens foram obtidas no desdobramento da Operação Sharks, do MPSP, que mira o setor financeiro da facção. Uma delas é atribuída a Carolina Mazzi de Aquino Lopes, a mulher de Dezinho, ao abrir um salão de beleza em Moema, bairro nobre da capital paulista, em maio de 2020. No áudio, a mulher deixa claro que o capital para investir no negócio vem do seu marido.

“Mor, daí assim, você que tem que decidir qual é o tipo de salão que você quer abrir. Esse que tô aqui, por exemplo, deve ter gastado uns 500 mil, entendeu? Eu tentei chegar num intermediário, não ficar um negócio tão badarosca e não ficar um negócio tão caro. Então é… Agora, o dinheiro é teu. Você que tem que saber o que vai fazer, né?”, diz a transcrição.

Acusação

Carolina é acusada de manter empresas de fachada para lavar dinheiro do chefão do PCC. Ela e Dezinho são casados desde outubro de 2015. Também foram denunciados por participar do suposto esquema Diego e Natasha Mazzi de Aquino, ambos cunhados de Dezinho.

“[Dezinho] é o líder e principal beneficiário, mas todos os demais investigados atuam de forma ativa e previamente coordenada, em núcleo associativo envolvido diretamente na condução de empresas, participação de negócios imobiliários e de bens móveis, bem como na movimentação de valores”, afirmam os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, que assinam o relatório.

A denúncia contra os familiares da liderança da facção criminosa foi aceita pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) no dia 27 de setembro. Todos respondem ao processo em liberdade. O Metrópoles não conseguiu contato com os advogados de defesa e o espaço segue aberto para manifestação.

Mulher de Dezinho

Antes de virar ré, Carolina foi alvo da segunda fase da Operação Sharks, deflagrada pelo MPSP há quase dois meses. Na ocasião, os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão e encontraram joias e relógios de luxo, avaliados em R$ 2 milhões, em imóveis do casal. Ela negou vínculos com a facção.

À Justiça, a Promotoria chegou a pedir que oito empresas que têm participação de Carolina, incluindo salões de beleza e clínicas de bronzeamento, tivessem as atividades econômicas suspensas. Apenas um dos pedidos foi acolhido.

O MPSP aponta que Carolina comprou um apartamento, na Rua Voluntários da Pátria, em Santana, na zona norte da capital paulista, por R$ 501,4 mil. Uma das mensagens mostra que, inicialmente, ela teria tentado pagar o valor em espécie, mas a construtora recusou a transação.

“O rapaz do apartamento acabou de me ligar e disse que não tem como aceitar o pagamento em dinheiro porque, quando ele foi fazer o depósito, mesmo que ele leve segurança, vão te acionar sobre a origem do dinheiro e tudo mais por causa do valor”, diz a transcrição.

Segundo o MPSP, o casal também é proprietário de um Volvo X60, um Jeep Compass, um Kia Sportage, um Mitsubishi Eclipse e uma Land Rover Freelander.

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Cunhados

Já Diego, que é bancário, é acusado de oferecer o próprio cartão de crédito para o casal fazer transações e de prestar orientações financeiras sobre “como proceder para se esquivar de problemas”, de acordo com a acusação.

Nas mensagens, ele ainda admite que empresta o nome para que Dezinho e a mulher registrem carros comprados pelo casal. “Se for colocar o Fox sim, né? A Sportage tá no meu nome, aí, se você quiser, eu espero”, diz trecho da transcrição.

“Ele tem ciência das situações em que sua irmã e cunhado estão envolvidos. Mesmo tendo esse conhecimento, Diego realiza registro de bens em seu nome e atua na transferência deste”, afirma o MPSP.

Por sua vez, Natasha é sócia de Carolina em parte das empresas e teria sido a responsável pela compra do apartamento em Santana. “Ela atua diretamente na movimentação financeira”, diz a Promotoria.

Operação Sharks

Dezinho está detido desde julho, quando foi pego em um resort de luxo na Praia dos Carneiros, no litoral de Pernambuco. Ele tinha um mandado de prisão no âmbito da Operação Sharks, que investigou a lavagem de dinheiro do PCC, e usava documentos falsos para evitar ser capturado.

Segundo o MPSP, Dezinho era responsável por coordenar o tráfico internacional de drogas do PCC e esteve à frente do envio de R$ 1,2 bilhão para o Paraguai em 2019, através do esquema de “dólar cabo”, técnica de lavagem de dinheiro.

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O esquema apontado na Operação Sharks incluía a movimentação por meio de contas bancárias de laranjas e empresas fantasmas, além da distribuição de parte do valor para “casas-cofres”, de onde o dinheiro era levado para doleiros depois.

Segundo o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco, Dezinho conseguiu escalar na hierarquia da facção enquanto esteve em liberdade e já integrava a “sintonia final de rua” – grupo que recebe ordens de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC.

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