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“Gritava de dor”, diz homem que filmou PMs amarrando pés e mãos de suspeito

Autor do vídeo, um educador de 32 anos, afirma ter sido “intimidado” após PMs perceberem que ele havia gravado o suspeito sendo amarrado

atualizado

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Reprodução/Vídeo/Redes sociais
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1 de 1 PMs-homem-amarrado-SP-1 - Foto: Reprodução/Vídeo/Redes sociais

São Paulo – O homem que gravou policiais militares amarrando os pés e as mãos de um suspeito de furtar uma loja de conveniência na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, disse ter sido intimidado pelos agentes enquanto fazia o vídeo.

Nas imagens, é possível ver o suspeito gritando enquanto é carregado pelos policiais até uma viatura. A gravação foi feita em uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA). A Polícia Militar afastou os agentes envolvidos no caso e abriu inquérito para apurar a conduta.

Ao Metrópoles, o autor do vídeo, um educador de arte de 32 anos que preferiu não se identificar, disse que começou a gravar porque ficou “inconformado com a forma que estavam tratando o cidadão”.

“É um absurdo os policiais tratarem um ser humano daquele jeito. Como assim, estamos na época da escravidão?”, questionou o educador.

Segundo o educador, o suspeito ficou ao menos três horas amarrado até prestar depoimento. “Ele gritava de dor”, disse.

 

Quando perceberam que estavam sendo filmados, os PMs pediram documentos ao autor do vídeo. “Disseram que eu tinha que ser formado em segurança pública para questionar o que eles estavam fazendo com aquele rapaz”, contou ao Metrópoles.

“Você vai por bem ou por mal à delegacia, querendo ou não querendo”, disse o educador sobre o que ouviu dos PMs.

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O educador disse que quando confirmou que iria até o DP um dos PMs fez um gesto e, imediatamente, eles ligaram as câmeras presas ao uniforme. “Antes, quando foram me intimidar, não estavam ligadas”, relata.

Furto no Oxxo

Segundo um funcionário da loja de conveniência Oxxo, Robson e outros dois rapazes entraram na unidade durante a madrugada, por volta das 2h30 de segunda-feira, e fizeram um “arrastão”, colocando diversos produtos dentro de cestas. Ele suspeitou da ação porque Robson já teria cometido outros furtos, então acionou o botão do pânico e foi para o lado de fora.

O trio saiu da loja levando vários produtos sem pagar. Além das caixas de bombom, bebidas alcóolicas e energéticas, avaliados em cerca de R$ 500. O funcionário indicou as vestimentas e o sentido para o qual os suspeitos teriam ido.

Mais adiante, em outra rua, os PMs encontraram Robson Rodrigues Francisco com duas caixas de bombom. Segundo os policiais, “informalmente”, ele “confessou que havia furtado do mercado”.

Ainda de acordo com os PMs, Robson “estava bastante alterado e em nenhum momento acatou a ordem dos policiais, sendo necessário o uso da força para algemá-lo”.

Os PMs solicitaram apoio de outra viatura. Segundo o relato, foram necessários quatro policiais para segurar o suspeito. “Mesmo algemado, Robson continuou resistindo e foi necessária a utilização de uma corda para amarrar os pés”, disseram os policiais na delegacia.

Robson teria ameaçado sair correndo e também que “pegaria a arma dos policiais e daria vários tiros” neles, ainda conforme relato dos policiais. Os outros dois suspeitos foram detidos.

O que diz a PM

Em nota encaminhada ao Metrópoles, a Polícia Militar lamentou o episódio e reafirmou que a conduta dos agentes não é compatível com o treinamento e valores da instituição. Segundo a PM, foi instaurado inquérito para apurar as circunstâncias relativas às ações dos policiais envolvidos no episódio.

Os seis policiais presentes na ocorrência, de acordo com a nota, foram preventivamente afastados das atividades operacionais. “Os procedimentos adotados na abordagem serão analisados, inclusive as imagens registradas pelas Câmeras Operacionais Portáteis (COPs) usadas pelos policiais, que já foram inseridas como prova nos autos do Inquérito Policial Militar”, finaliza a nota.

 

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