Investigado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) por suposto favorecimento em contratos emergenciais do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), o empresário Ernaldo Caetano do Nascimento doou dinheiro para o partido do vereador Milton Leite, que exerce influência política no órgão do governo paulista.
Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que Nascimento fez uma transferência de R$ 100 mil para a conta do diretório municipal do União Brasil no dia 25 de agosto, no início da campanha eleitoral. O diretório é comandado por Leite, atual presidente da Câmara Municipal e aliado do governador Rodrigo Garcia (PSDB).
Como o Metrópoles mostrou na segunda-feira (14/11), duas construtoras que pertencem a Nascimento, e outra em nome do filho dele, receberam R$ 114 milhões por meio de contratos emergenciais, com dispensa de licitação, celebrados pelo DER, responsável pela manutenção das estradas não privatizadas do estado, desde 2020.
No ano passado, o MPSP abriu um inquérito para investigar suspeita de favorecimento a pelo menos uma das empreiteiras de Nascimento. Levantamento feito pela reportagem no site da Secretaria da Fazenda mostra que a Ercan Construtora recebeu R$ 53,6 milhões do DER por meio de 25 contratos emergenciais.
Segundo a denúncia feita à Promotoria, o empresário seria “amigo íntimo” do ex-superintendente Paulo César Tagliavini, que foi chefe de gabinete de Milton Leite na Câmara Municipal antes de assumir o DER. Ele deixou o cargo no ano passado. Os dois nomes que o sucederam também são ligados ao vereador do União Brasil.
Ao Metrópoles, Milton Leite afirmou que “todas as doações” recebidas pelo seu partido “foram voluntárias” e “dentro da lei”. Ele disse que não conhece o dono das empreiteiras contratadas pelo DER que doou para seu partido e ressaltou que as doações foram feitas por pessoas físicas, “sem qualquer relação com empresas”.
O Metróples procurou por duas vezes o empresário Ernaldo Caetano do Nascimento, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. O espaço permenece aberto para manifestação da empresa. O DER negou haver qualquer irregularidade nas contratações emergenciais.