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Em interrogatório, Brennand diz que advogado esteve em “briga de bar”

Empresário Thiago Brennand se irritou ao ser questionado sobre seu histórico nas artes marciais durante interrogatório realizado na segunda

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Thiago Brennand é homem branco, de cabelo cortado, camiseta branca, sentado
1 de 1 Thiago Brennand é homem branco, de cabelo cortado, camiseta branca, sentado - Foto: Reprodução

São Paulo – Interrogado na última segunda-feira (22/1), o empresário Thiago Brennand, acusado de estupro, tortura, lesão corporal e cárcere privado, se irritou ao ser questionado sobre seu histórico nas artes marciais e afirmou que um dos advogados de acusação havia se envolvido em uma “briga de bar”.

Imagens do interrogatório foram divulgadas pelo jornal O Globo. Ele foi ouvido virtualmente por quase duas horas no caso que tem como vítima uma modelo pernambucana de 38 anos. Ela mora em Miami e teve um breve relacionamento com Brennand em 2021. Segundo a denúncia, em menos de uma semana, a mulher foi vítima de uma série de crimes cometidos por Brennand.

Na oitiva, Brennand foi representado pela advogada Patrícia Vanzolini, primeira mulher a presidir a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), conhecida por se posicionar em defesa da representatividade. No interrogatório, Brennand tentou se descolar da imagem de homem violento, afirmando que é uma pessoa “calma” e “tranquila”.

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Questionado pela promotora Helena Cecília Diniz Teixeira Calado, Brennand negou todos os crimes que lhe são imputados e diz que teve apenas relações consensuais com a vítima.

“Aqui há cinco registros de atividade sexual não autorizada com a vítima. O senhor confirma isso?”, perguntou o juiz Diogo da Silva Castro, da comarca de Porto Feliz. “Não, excelência, não confirmo. Todas as relações que eu mantive com ela foram consensuais”, defendeu-se.

Brennand cita o vídeo de uma relação sexual que teve com a vítima para corroborar seu ponto.

“Ela jantou comigo todos os dias. Foi para academia comigo. Fomos passear em São Paulo. Tem um vídeo da nossa relação sexual feito no dia 1º de setembro de 2021. Esse vídeo é uma prova cabal de tudo. Na verdade, são três vídeos. O coito é claramente anal. A linguagem corporal fala por si só. Isso ocorreu horas antes da partida dela. Esse vídeo bastaria para defenestrar todo esse caso”, afirma Brennand.

“Eu fiquei absolutamente de coração partido, com uma desilusão amorosa. Fiquei com mais dor do que raiva, mas tive que encerrar a relação”, completa.

Faixa preta

A paciência de Brennand se esgotou quando foi questionado sobre seu histórico nas artes marciais. O advogado Marcio Cezar Janjacomo Junior perguntou ao réu sobre os esportes de luta que ele praticava.

Após consultar o juiz, o empresário respondeu: “Neste ano, vou para o sexto grau de faixa preta de jiu-jítsu, sexto grau de faixa preta em kickboxing e segundo grau em judô”.

O advogado João Vinícius Manssur, assistente de acusação, insistiu no tema. “Quanto tempo demora para chegar ao sexto grau de faixa preta em jiu-jítsu?”, questionou. “O senhor sabe a resposta, pois também é faixa preta”, devolveu o empresário.

“Eu sou muito calmo. Nervoso nem em situação… Eu nunca tive uma briga de bar, por exemplo, como teve o doutor João Manssur. Eu nunca estive envolvido em briga de bar. Sou um cara muito tranquilo, mesmo quando há problema.”

No ano passado, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou o histórico de Brennand nas artes marciais como um agravante dos crimes.

Em nota ao Metrópoles, o advogado João Vinícius Manssur afirmou que “a conduta reprovável do réu será analisada pelo d. Juízo quando da prolação da sentença e em todas as esferas competentes”.  Acrescentou, ainda, que “quem está sendo julgado, por óbvio, é o réu e não o advogado”.

“Sigo confiante na Justiça e na luta incansável à toda forma de violência contra a mulher, reafirmando que a advocacia é essencial para a administração da Justiça e a estrutura do Estado Democrático de Direito”, finalizou o advogado na nota.

Condenações

A primeira condenação de Brennand aconteceu em outubro de 2023. Ele foi considerado culpado por estuprar uma norte-americana, em julho de 2021, e pegou 10 anos e seis meses de cadeia.

A vítima diz ter sido forçada pelo empresário a praticar sexo anal na mansão dele, em Porto Feliz, no interior paulista. Também afirma que, durante o relacionamento, foi xingada e ameaçada.

Ainda naquele mês, Brennand pegou mais um ano e oito meses de prisão, em regime semiaberto, por agredir a modelo Helena Gomes em uma academia de luxo, no Shopping Iguatemi, na zona oeste da capital paulista.

Imagens das câmeras internas (veja abaixo) mostram o empresário batendo no tórax da mulher, puxando seus cabelos e cuspindo em seu rosto. A agressão ocorreu em agosto de 2022 e foi responsável por trazer à tona uma série de denúncias.

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Na semana passada, Brennand sofreu o terceiro revés no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e foi condenado por estuprar uma massagista brasileira, em Porto Feliz, em 2022.

A vítima diz que chegou a ter relação consensual com Brennand, mas o sexo “transmutou em coação quando solicitou o uso de preservativo”. “Depois de perceber a presença de diversas armas pela casa, a mulher foi levada a um quarto e estuprada ao se recusar a manter relações sexuais”, afirma a acusação.

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