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SP: “Bando do Magrelo” diz ser liderado por novo Marcola e desafia PCC

Quadrilha que desafia PCC em Rio Claro, no interior de SP, contribuiu para o aumento dos assassinatos na região

atualizado

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Reprodução/MPSP
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1 de 1 abre_abre-bandodomagrelo - Foto: Reprodução/MPSP

São Paulo — Uma quadrilha que disputa pontos de venda de drogas com o Primeiro Comando da Capital (PCC) tem levado terror à região de Rio Claro, cidade do interior paulista, onde o número de assassinatos dobrou nos últimos anos.

Liderado por Anderson Ricardo, o Magrelo (foto em destaque), o bando chamou a atenção do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e foi denunciado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Magrelo também é conhecido como Patrão e, segundo autoridades ouvidas pelo Metrópoles, ele se considera “o novo Marcola“, referindo-se a Marco Willians Herbas Camacho, o líder máximo do PCC.

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“Esse bando não é uma facção, ainda não tem tamanho para isso. São oito denunciados, que se opõem ao PCC naquela região, brigando por território. Esse ‘Patrão’ compra droga que vem do Paraguai e quer ter o poder de vender em a toda região de Rio Claro, que é rica”, explica ao Metrópoles a desembargadora Ivana David, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

A magistrada acrescenta que Magrelo estaria envolvido na morte de ao menos 30 pessoas na região. Dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo mostram que, em 2020, foram assassinadas 21 vítimas em Rio Claro. O número praticamente dobrou para 40, no ano seguinte, por causa da atuação da quadrilha.

Na denúncia, o Gaeco afirma que as execuções em via pública, em plena luz do dia, com disparos de fuzil, “colocam tristes holofotes na cidade.” Além dos homicídios, a quadrilha é alvo de inquéritos que apuram o crime de organização criminosa com associação para o tráfico de drogas.

Um dos assassinatos atribuídos à quadrilha de Magrelo é o do empresário Sérgio Aparecido Fazio, de 43 anos, que foi morto quando trafegava com sua caminhonete em Rio Claro, em dezembro do ano passado. Uma câmera de monitoramento registrou o crime (veja abaixo).

 

A vítima foi morta com tiros de fuzil e pistola, em plena luz do dia, em uma avenida movimentada da cidade. O Metrópoles apurou que o empresário contava com histórico criminal por receptação, furtos, tráfico de drogas e formação de quadrilha.

Rivais mortos e “caguetados”

A denúncia do MPSP, obtida pelo Metrópoles, aponta que o grupo de Magrelo também é responsável pelos assassinatos de membros do PCC.

Além disso, o bando informava à polícia, anonimamente, sobre reuniões e atividades envolvendo o tráfico de drogas dos rivais, “eliminando a concorrência”, por meio da “caguetagem”, ou seja, delatando o PCC.

Braço direito

As investigações identificaram Willian Ribeiro de Lima Diez, de 28 anos, o “Feio”, como o braço direito de Magrelo. Ambos estão presos, acusados pelo homicídio do empresário Juliano Gimenes Medina, de 40 anos, em junho de 2022. Ele foi assassinado com mais de 20 tiros em São Pedro, cidade que fica a cerca de 50 quilômetros de distância de Rio Claro, no interior paulista.

Medina foi investigado pela Polícia Federal como suspeito de envolvimento em uma organização internacional de drogas. O crime atribuído à dupla teria tido o apoio de mais quatro suspeitos e sido concretizado mediante emboscada, promessa de pagamento e com arma de uso restrito.

Na denúncia, a Promotoria destaca que algumas das vítimas do bando de Magrelo estavam envolvidas com o tráfico de drogas.

“A consequência de quem ousa contrariar as determinações de Anderson Ricardo é uma só: a morte!”, afirma o MPSP na denúncia.

Raio de ação

O Gaeco identificou, a partir de mensagens trocadas entre a quadrilha, que o bando comercializa drogas com ao menos oito cidades.

Os diálogos foram acessados após a apreensão do celular de Rogério Rodrigo Graff de Oliveira, o Apertadinho. Ele também está preso, sob a suspeita de participação no mesmo homicídio do empresário em São Pedro.

De acordo com as conversas no celular, o bando de Magrelo mantém contatos comerciais para a venda de drogas, em Louveira, Pirassununga, Leme, Americana, Sumaré, São Carlos e Jundiaí, todas no interior paulista.

Membros identificados

Além do trio mencionado, o MPSP identificou e prendeu Carlos Euzébio, o Carlinhos, de 36 anos, acusado de tráfico de drogas e por ser o responsável por guardar armas e entorpecentes da quadrilha.

Foram identificados também como membros do bando de Magrelo: Allam Messias de Souza, de 23 anos, Daniel Henrique Costa Feliciano de Sousa, de 32, Rafael Freitas dos Santos, o Nariz Torto, e José Vagson dos Santos Júnior, o Zé, ambos de 27 anos.

Um integrante do Gaeco que acompanha as investigações afirmou ao Metrópoles, sob condição de sigilo, que o PCC “não permitiria” ao bando de Magrelo se expandir além do território onde já é atuante.

“O PCC convive com parceiros de comércio [tráfico]. Por isso, a cúpula não se importa muito com esses episódios locais. Podem até gerar burburinho, mas sem conteúdo de fato. Geralmente, são grupos bem locais, bem armados e com grande poder no tráfico e roubo, além de certo controle em uma região, uma cidade. Se fosse facção, de fato, tenha certeza, não duraria nada”, afirmou.

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