Advogado do caso Gritzbach foi expulso da PM por assassinatos brutais
Advogado de PMs acusados de matar Vinícus Gritzbach perdeu cargo de tenente após condenação por duplo homicídio
atualizado
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São Paulo — O advogado Mauro Ribas Junior, que defende três policiais militares investigados por envolvimento no assassinato do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) Vinícus Gritzbach, foi expulso da Polícia Militar (PM) por envolvimento em um duplo homicídio, ocorrido em 2010.
Ele foi preso pela morte do metalúrgico Edson Edney da Silva, de 26 anos, e do segurança Emerson Heida, de 29.
As vítimas teriam sido torturados e tiveram os corpos carbonizados em um caso de grande repercussão na época. Além de Ribas, três policiais — Christiano Hideki Kamikoga, Wagner Ribeiro Avelino e Rafael Joinha Dos Santos — responderam pelo crime.
Após ser levado a júri popular, em 2015, o advogado, que era tenente da PM, foi condenado a 33 anos de prisão em regime fechado, e passou por um processo administrativo que culminou na expulsão da corporação.
Posteriormente, a condenação criminal foi revertida, mas Ribas, que já atuava como advogado, permaneceu fora da PM.
Entenda o caso
- Advogado Mauro Ribas defende três policiais militares acusados de participar da execução de Vinícius Gritzbach, o delator do PCC.
- Ele faz a defesa do soldado Ruan Silva Rodrigues e do cabo Dênis Antônio Martins, suspeitos de serem os atiradores, e do tenente Fernando Genauro da Silva, acusado de dirigir o carro utilizado no crime.
- Além dos PMs, Ribas diz já ter atuado em outros casos envolvendo integrantes do PCC.
- Ele é ex-tenente da Polícia Militar e foi expulso da corporação por um duplo homicídio, ocorrido em 2010.
Duplo homicídio
Denúncia do Ministério Público (MPSP), noticiada pela imprensa na época, relata que Edson Edney da Silva e Emerson Heida desapareceram no dia 10 de setembro de 2010 e, poucos dias depois, os seus corpos e o carro em que eles estavam foram encontrados queimados, em Parelheiros, na zona sul de São Paulo.
Eles teriam desaparecido após passar por uma abordagem policial. No julgamento do caso, testemunhas relataram que Ribas, então tenente da PM, havia se envolvido em uma briga com Emerson cinco anos antes, durante uma partida de futebol. Dentro do carro carbonizado, a perícia encontrou restos de um ofício do 50º Batalhão, onde os quatro militares atuavam.
A perícia também revelou manchas de sangue dentro da viatura usada pela guarnição no dia em que as vítimas desapareceram. Um teste de DNA mostrou que o sangue era compatível com o de Emerson Heida.
Em novembro de 2011, o caso foi levado a júri no Fórum da Barra Funda, que condenou Mauro Ribas por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver, enquanto que os outros três soldados foram absolvidos das acusações.
Com a condenação, Ribas, que já estava afastado da Polícia Militar, foi desligado da corporação e passou a atuar como advogado criminal. A sua defesa recorreu da decisão do júri, argumentando que não seria possível ele ter executado o crime sozinho.
Durante todo o processo, a defesa negou a autoria de Ribas nos homicídios e conseguiu levar novamente o caso a julgamento. Segundo a defesa, Ribas foi absolvido das condenações e colocado em liberdade. Ele tentou, sem sucesso, retornar à Polícia Militar, mas teve recurso negado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Nós conseguimos a anulação e foi a júri outra vez, que anulou a decisão e o colocou em liberdade. Ele foi desligado da polícia na primeira condenação. Nós entramos com um recurso para ele retornar a PM, que foi negado. Como ele já estava bem na advocacia, não recorremos mais”, explicou ao Metrópoles o advogado Renato Soares, que representa Mauro Ribas.
Atentado em Sorocaba
Neste sábado (1º/2), Mauro Ribas Junior relata ter sido alvo de um atentado a tiros na Rua Projetada 1, no bairro Quintais do Imperador, em Sorocaba. Ele relata que conduzia seu veículo quando foi alvo de disparos de armas de fogo e ficou ferido no rosto por conta dos estilhaços do vidro.
O registro do caso que o Metrópoles teve acesso mostra que, no carro do advogado, foram encontrados dois estojos de munição de arma de fogo e um projétil. O suposto atentado é investigado pela Delegacia de Homicídios da Deic de Sorocaba.
O atentado acontece na mesma semana em que os três policiais defendidos por Ribas no caso Gritzbach passaram por audiência de custódia no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ainda não foram encontrados elementos que liguem os tiros no carro do advogado e a sua atuação na morte do delator do PCC.