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À la Dilma, Tarcísio terceiriza política e acumula queixas de aliados

Perfil técnico e avesso a negociação política é pano de fundo para críticas que Tarcísio enfrenta entre deputados aliados e até secretários

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Governo do Estado de São Paulo
Imagem colorida do governador Tarcísio de Freitas, homem branco, grisalho e com cicatrizes de acne no rosto. A imagem é focada no rosto dele - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida do governador Tarcísio de Freitas, homem branco, grisalho e com cicatrizes de acne no rosto. A imagem é focada no rosto dele - Metrópoles - Foto: Governo do Estado de São Paulo

São Paulo — Passados seis meses de gestão, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem demonstrado um estilo avesso à política mais comezinha que suscita queixas tanto entre aliados na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) como dentro do próprio secretariado.

Dono de perfil técnico com pouca disposição para tratativas partidárias, semelhante ao da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Tarcísio resiste a lotear cargos no governo para ampliar sua base de apoio e é descrito por aliados como um gestor “fechado” e “executor” de projetos.

Na prática, o governador terceirizou a política para dois dos seus principais secretários — Arthur Lima (Casa Civil) e Gilberto Kassab (Governo) —, o que tem causado ruído na articulação e alimentado um jogo de intrigas dentro da própria base, especialmente por parte dos bolsonaristas.

Alguns secretários disseram ao Metrópoles, sob condição de anonimato, que conseguem contar nos dedos quantas audiências já tiveram com Tarcísio desde o início de governo, em janeiro. Até agora, o governador fez apenas duas reuniões com todo o secretariado — a última em abril, para marcar os 100 primeiros dias de gestão.

Segundo auxiliares que se sentem preteridos, Tarcísio concentra toda interlocução do governo em um “núcleo duro” da gestão, formado por secretários de sua extrema confiança. São eles: Natalia Resende (Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística), Arthur Lima (Casa Civil) Lais Vita (Comunicação) e Samuel Kinoshita (Fazenda).

É com essa equipe, chamada nos bastidores de “Turma de Brasília” — todos vieram do governo de Jair Bolsonaro, assim como Tarcísio —, que o governador se reúne para tomar as decisões mais importantes, pautadas, na maioria das vezes, pelo viés técnico. O governo, entretanto, nega essa dinâmica e afirma que Tarcísio se reune em grupos temáticos com todo o secretariado.

Nem sempre, porém, as decisões que Tarcísio julga apenas técnicas são bem recebidas por políticos do seu espectro ideológico. O exemplo mais recente disso foi o apoio dado por Tarcísio à reforma tributária do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que levou o governador a ser publicamente hostilizado por aliados bolsonaristas.

Antes, na votação projeto de lei que reajustou o salário das polícias, em maio, a mais importante do governo até agora, Tarcísio também enfrentou desgaste com deputados aliados, que alegaram falta de diálogo e de traquejo político do governador, que não queria ceder em nenhum ponto do texto original.

Os deputados haviam feito uma série de queixas a jornalistas sobre a falta de participação na elaboração da redação final do projeto. Quando o texto chegou à Alesp e se soube que havia uma contribuição a ser cobrada de aposentados, o tema começou a ganhar contornos de crise.

Tarcísio dobrou-se aos pedidos dos aliados, mas desde que coubesse ao governo corrigir a redação final, sem deixar que os deputados promovessem nenhuma outra mudança. O governador aprovou o projeto, mas viu crescer a insatisfação dentro de sua base.

Auxiliares no governo já cogitam, por exemplo, postergar o envio para a Alesp de projetos considerados mais polêmicos ou desafiadores, como o que permite remanejar verbas sociais (que permite que recursos da Educação migrem para a Saúde), diante da incerteza se há votos suficientes para aprová-los.

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