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“A gente não dorme à noite”, diz dono de loja saqueada no centro de SP

Comerciante decidiu fechar a loja, após prejuízo de R$ 300 mil em produtos; imóvel foi invadido por usuários no último domingo

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1 de 1 Imagem mostra pessoas invadindo loja - Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo – A violência na região da Santa Ifigênia, no centro de São Paulo, tem tirado o sono de José Carlos de Souza, 72 anos, comerciante que teve a loja invadida por dependentes químicos no último domingo (28/1). “A gente não dorme à noite. Você acorda de madrugada e pensa: ‘será que estão me roubando de novo?’”.

Há 30 anos no comércio de eletrônicos da região, José Carlos diz que o lugar deixou de ser o bairro com pontos “disputadíssimos” do passado para se tornar um local com baixo movimento e marcado pela insegurança.

O empresário calcula ter ficado com um prejuízo de R$ 300 mil depois de ter a loja saqueada. “Levaram absolutamente tudo. Não sobrou nenhuma mercadoria”, diz ele.

Uma câmera de segurança gravou o momento em que dezenas de usuários invadiram o espaço. Veja abaixo:

Ainda impactado pelo episódio, José afirma que está desmontando o ponto e entregará as chaves do estabelecimento para o proprietário do imóvel até este fim de semana.

Essa é a segunda vez que um comércio dele na região é alvo da ação dos usuários. “Há dois anos eu tinha sofrido o mesmo processo em outra loja”.

Nos últimos anos, o empresário diz que precisou fechar quatro das oito lojas que mantinha no bairro. A conta já inclui o ponto saqueado neste domingo.

José afirma que tem se tornado cada vez mais comum encontrar imóveis vazios, com placas de “aluga-se”, nos quarteirões mais próximos ao fluxo de usuários da Cracolândia.

A União Santa Ifigênia, associação formada por comerciantes do bairro, estima que 60% das lojas em galerias estejam desocupadas neste momento.

“Eu tinha o maior orgulho de falar ‘sou comerciante na Santa Ifigênia’. Era uma região próspera, com muitos clientes. Hoje eu tenho vergonha”, afirma ele.

O empresário diz que soube da promessa feita pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) de aumentar o número de guardas municipais (GCMs) no bairro, mas não se sente satisfeito com a resposta dada ao problema.

Segundo ele, no dia em que a loja foi invadida, um vizinho chegou a acionar a GCM, mas os guardas teriam dito que era preciso chamar a Polícia.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também afirmou nesta segunda-feira (29/1) que pretende ampliar o efetivo de policiais militares nas ruas do centro de São Paulo com mais de dois mil agentes até o fim de 2024.

Após o episódio deste domingo, José diz que não pretende investir em novos comércios no local. “Você fica revoltado. Parece que [o problema] não vai ter fim”.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) diz que a Polícia Civil instaurou inquérito para investigar o roubo ocorrido no comércio da Santa Ifigênia e que as imagens das câmeras estão sendo analisadas.

Segundo a pasta, três homens foram detidos na tarde de domingo (28/1) após um furto a um comércio na Rua Vitória, na República. Com eles, foram apreendidos dois rolos de fios, quatro equipamentos de vídeos e uma carteira de identidade. Dois deles serão investigados e o terceiro envolvido ficou preso devido a um mandado de prisão preventiva em aberto contra ele pelo Estado da Bahia.

A secretaria ressalta ainda que as forças de segurança têm intensificado seus esforços para combater os crimes contra o patrimônio na região do 3º Distrito Policial (Campos Elíseos) e do 77º Distrito Policial (Santa Cecília), também conhecida como “Cenas Abertas de Uso”.

Segundo a SSP, 2023 registrou, em comparação ao mesmo período de 2022, uma redução de 1,5% nos furtos, equivalente a 228 casos a menos, e uma queda de 12,9% nos roubos, totalizando 1.185 ocorrências a menos. Nesse mesmo período, 466 infratores foram presos/apreendidos na região.

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