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Entenda o método para a correção do Enem: segredo é ser coerente!

Conforme o Teoria de Resposta ao Item, dois alunos que acertaram a mesma quantidade de questões não necessariamente terão a mesma nota final

atualizado

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JP Rodrigues/ Metrópoles
Enem 2019
1 de 1 Enem 2019 - Foto: JP Rodrigues/ Metrópoles

Para muitos candidatos, entender como é feita a correção das provas objetivas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um grande desafio. O sistema é utilizado há mais de 10 anos, no entanto, ainda hoje, há dúvidas sobre o critério de pontuação das questões. Isso porque, diferentemente das avaliações clássicas, a nota dos candidatos não equivale à soma do número de questões acertadas.

O método utilizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para a correção das provas objetivas do Enem é a Teoria de Resposta ao Item (TRI). Por esse método, dois alunos que acertaram a mesma quantidade de questões não necessariamente terão a mesma nota final, pois o resultado não é obtido apenas pelo número absoluto de acertos. Tudo dependerá da coerência dos acertos de cada aluno.

A TRI é cruel, por exemplo, com quem acerta as questões mais difíceis e erra as mais fáceis. Acertar os itens mais complexos e errar os mais básicos não é coerente, não é lógico. Para o TRI e, consequentemente, para o Enem, não é somente a quantidade de acertos que importa, mas a qualidade e a correspondência entre eles.

Espera-se do candidato uma coerência pedagógica no caminhar pelas questões da prova. É recomendado que, durante a prova, o candidato faça primeiro aquilo que lhe for mais fácil. O acerto das questões mais fáceis gera maior nota. O sistema usa teorias de estatística para tentar avaliar não apenas o número de acertos, mas também a proficiência real do candidato em cada área de conhecimento.

Suponha que em uma competição de tiros desportivo três candidatos tenham acertado, cada um, cinco deles. No entanto, somente um (o candidato B) acertou o centro do alvo. Os candidatos estão empatados na quantidade de acerto de tiros ao alvo, cada um acertou cinco. No entanto, o candidato B foi aquele que acertou o tiro mais difícil.

Em uma prova corrigida sem TRI, o atleta B é o que recebe a maior nota. Mas, com os critérios de correção da TRI, o importante é o conjunto dos cinco tiros e não somente a qualidade de um deles. Observe que o candidato que acerta o centro do alvo é o mesmo que em outros três tiros quase erra o alvo. Ou seja, o conjunto de tiros do candidato B mostra que o tiro que cravou o centro do alvo foi ao azar, foi sorte, ou em uma prova: foi chute!

Com os critérios de correção da TRI, o candidato de maior nota final seria o candidato A, mesmo não tendo acertado o centro do alvo. O candidato A mostrou maior equilíbrio entre os tiros. Em outras palavras, o candidato A mostrou maior coerência em seu conjunto de tiros.

Sabe aquela questão desafio das provas clássicas de algumas escolas? Aquela questão geralmente reservada para o final da prova para a qual o professor atribui uma pontuação extra? Então, em um exame que utiliza o sistema de TRI para correção não vale nada acertar a questão desafio se você cometeu deslizes ao longo da prova.

Lembre-se: a TRI avalia a coerência das respostas. Acertar questões de multiplicação e divisão, por exemplo, implicam também em acertar questões de habilidades menos complexas como as de adição e as de subtração. Do contrário, sua nota não será das melhores.

Cada prova objetiva do Enem é composta, em ordem aleatória, por 45 questões de diferentes níveis de dificuldades. O nível de proficiência do candidato é obtido de acordo com a constância de acertos na escala de dificuldade. Por isso que alunos que acertam o mesmo número de questões não têm, necessariamente, a mesma nota final.

A TRI pode parecer injusta, mas é um dos melhores métodos para conhecer o real nível de conhecimento do aluno. É um método utilizado em exames no mundo inteiro desde 1950.

É melhor deixar uma questão em branco ou “chutar”?
Deixar uma questão em branco significa errar a questão! E chutar a questão não significa que o candidato não receberá nenhum ponto por ela, apenas que ela poderá ser menos valorizada. Faça primeiro as questões mais fáceis, depois as mais difíceis e, caso não saiba a resposta, chute!

Na Teoria de Resposta ao Item, um acerto é sempre melhor que um erro, mesmo que esse acerto seja eventual, proveniente de um palpite.

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