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Para onde deve caminhar a Educação do Distrito Federal?

Transformar uma rede de educação é uma tarefa extremamente complexa, que requer respeito, diálogo e planejamento

Autor Rafael Parente

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Alunos em porta de escola
1 de 1 Alunos em porta de escola - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Uma sociedade não evolui sem investir em educação. Dela dependem os desenvolvimentos econômico, social e humano, o bem-estar, a qualidade de vida, a saúde, a segurança, etc. Os países mais ricos e sérios priorizam, realmente, a educação. Países em desenvolvimento acelerado, como Polônia, Vietnã, República Checa e Estônia conseguiram construir um pacto político e social pela educação. É disso que precisamos no Distrito Federal, e é essa a vontade do novo governo.

A rede distrital já tem uma série de vantagens em relação à média nacional, mas enfrenta enormes desafios. Temos o melhor quadro técnico, com a maior proporção de mestres e doutores, menores distâncias geográficas e remunerações superiores à média (o que não significa que não devamos ser mais ambiciosos).

Entretanto, precisamos melhorar muito a infraestrutura das escolas, as condições de trabalho, as políticas de formação continuada, de reconhecimento, de comunicação, de articulação e de transparência. É fundamental ampliar e qualificar os investimentos em diversas áreas. Devemos motivar os profissionais da educação e cuidar deles.

Para enfrentar os desafios internos da rede e das escolas, não há outra saída senão a de contar com a seleção e o desenvolvimento profissional contínuo de técnicos altamente qualificados ocupando posições estratégicas. Nossos profissionais devem ser competentes, íntegros, comprometidos e motivados. Para isso, já começamos o planejamento de uma série de ações, como incluir a análise de currículo e de perfil na seleção de assessores, subsecretários e coordenadores regionais.

Nossos espaços escolares, nosso currículo, nossas metodologias e rotinas precisam passar por um processo de modernização. Nossas escolas serão espaços acolhedores, inspiradores e desafiadores. Os alunos não podem se sentir inseguros ou com medo. Precisam compreender a relevância do processo educacional e do conteúdo apresentado e, sobretudo, sentir que fazem parte de uma comunidade

Os métodos de ensino devem se aproximar da forma como aprendemos hoje. Avanços tecnológicos que vêm impactando nossos hábitos e trabalhos serão utilizados. O acesso à internet de qualidade deve ser viabilizado. Novas descobertas das neurociências influenciarão nossas ações pedagógicas. Atividades que proporcionam o desenvolvimento de habilidades e competências essenciais para a vida serão incluídas nos planejamentos de aulas.

Estímulo aos professores
Os professores, em geral, são pessoas idealistas, que se sentem desestimulados e incapazes frente ao sistema. A carreira precisa ser atraente, com formações (iniciais e continuadas) que privilegiam a prática de forma efetiva e a constante melhoria, respeitando a singularidade de cada profissional.

O trabalho dos professores depende de materiais didáticos de qualidade e de metodologias mais atuais. Macrotendências mundiais na didática, como aprendizagem baseada em projetos, personalização e gamificação, serão conhecidas e praticadas, com infraestrutura adequada para sua utilização.

Além disso, sabemos que a comunidade escolar é constituída por outros atores e que a aprendizagem pode acontecer a qualquer hora, em qualquer lugar. Diferenças na participação de familiares são perceptíveis antes mesmo da pré-escola, já que os anos iniciais são decisivos para o desenvolvimento do cérebro.

O número de palavras conhecidas por uma criança quando ela inicia sua vida escolar tem grande influência sobre seu sucesso acadêmico, uma vez que quanto mais sabemos, mais facilidade temos para aprender. Devemos aumentar a integração e melhorar a qualidade nas relações entre escola, família e bairro. Combateremos, com políticas públicas adequadas, a violência urbana, que contribui para a baixa aprendizagem.

Investimento em formação
Vamos investir no aumento da eficiência da gestão, em níveis micro e macro. Nossos diretores e coordenadores de escolas necessitam ter formação e ferramentas adequadas. As políticas educacionais devem ser calcadas em evidências científicas e referenciadas por tendências globais.

Precisamos melhorar a implementação e a avaliação dessas políticas, além da articulação com outras pastas, como cultura, esportes, saúde e assistência social. A burocracia deve ser inteligente e ágil. A descontinuidade de quadros profissionais, de políticas e de projetos só deve acontecer quando comprovadamente ineficientes.

Transformar uma rede de educação é uma tarefa extremamente complexa, que requer respeito, diálogo e planejamento para que tenhamos profissionais e alunos comprometidos e motivados. Apesar da quantidade e do tamanho dos desafios, que não devem ser subestimados, sabemos que essa é a mais importante de todas as causas e enxergamos essa oportunidade como uma missão.

Vamos, juntos, escolas, famílias e toda a sociedade fazer o que precisa ser feito para que possamos fazer a travessia da realidade que temos para a realidade que precisamos, queremos e merecemos.

*Rafael Parente – PhD em Educação pela NYU e futuro secretário de Educação do DF

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