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No ponto G. O jornalismo político é machista e covarde

Por que O repórter x ou y pode dar matérias exclusivas, ter fontes e A repórter só “consegue” os mesmos feitos caso tenha envolvimento com a fonte? Desmerecer o trabalho de alguém, tentando diminuir a profissional é, no mínimo, covarde

Autor Manoela Alcântara

atualizado

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Reprodução/GloboNews
Andreia Sadi
1 de 1 Andreia Sadi - Foto: Reprodução/GloboNews

Não. Repórter de política não é touchscreen. O fato de os deputados serem eleitos pelo voto popular não dá a eles o direito de conversar com as jornalistas insinuando intimidade, pegando no braço, ou, pior, deixando no ar que a profissional conseguiu uma informação por ser mulher, bonita, interessante e (supostamente) ter se relacionado com a fonte.

Bem, vou contar um segredo: mulheres são seres inteligentes, capazes de absorver e publicar informações corretas, sem qualquer relacionamento sexual envolvido no processo.

Mais um segredo: fazer esse tipo de associação é machismo. Por que O repórter x ou y pode dar matérias exclusivas, ter fontes e A repórter só “consegue” os mesmos feitos caso tenha envolvimento com a fonte? Desmerecer o trabalho de alguém, tentando diminuir a profissional é, no mínimo, covarde.

Estou me referindo a três ocasiões recentes que revelam o preconceito e o machismo do jornalismo político. Textos publicados e compartilhados na internet colocavam em xeque a capacidade profissional de duas repórteres muito bem sucedidas.

Andreia Sadi, foi alvo de duas “matérias” que denegriam sua imagem e seu trabalho na cobertura sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a saída de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara. Débora Bergamasco, editora da revista “Isto é” também foi atacada após publicar reportagem sobre a delação de Delcídio do Amaral, aquela que levantou suspeitas sobre políticos antes nunca investigados.

Não acho que elas precisem de defesa. Afinal, não são culpadas. Nada, absolutamente nada, desmerece o trabalho das duas, nem de nenhuma outra mulher. Se elas se envolveram com jornalistas ou com políticos, é a vida. Se não, legal também. O mérito não é esse. Se a informação está correta e elas conseguem divulgar os assuntos em primeira mão, desagradando esquerda ou direita, o mérito é delas.

Quem acha que pode tudo — e que relação de poder envolve subordinação — engana-se. Estamos falando de capacidade, não de sexo. Mas poderíamos falar de sexo, sem problemas. Tabus ficaram nos anos 1920. Aliás, temos uma coluna bem legal no Metrópoles para tratar do assunto. Chama-se “Pouca Vergonha” e é escrita por duas mulheres. Acredita?

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