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Nada a Perder: nem de graça se vai ao cinema no Brasil

A produção sobre a vida do líder da Igreja Universal é um sucesso de salas vazias e revela um problema cultural do país

Autor Luiz Prisco

atualizado

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Cadeira cinema
1 de 1 Cadeira cinema - Foto: iStock/ Imagem ilustrativa

Como o Metrópoles apontou, Nada a Perder, primeiro capítulo da trilogia biográfica do bispo Edir Macedo, é um sucesso de bilheteria com salas vazias. Assim como Os Dez Mandamentos, a película vende milhões de ingressos, mas quase ninguém realmente assiste à produção.

A tática é simples: para colocar o filme sobre o criador da Igreja Universal no topo, a instituição religiosa compra milhões de ingressos e os distribui em seus cultos, gratuitamente, aos fieis. No entanto, as poltronas ficam vazias.

Segundo dados da ComScore, Nada a Perder deve romper a arrecadação de R$ 100 milhões nos próximos dias. Marca expressiva se correspondesse à realidade. Afinal, atualmente, trata-se de uma circulação de riqueza: a Igreja Universal financia a produção e compra os ingressos que garantem o lucro da película.

O caso dos filmes bíblicos da parceria Record/Universal é sintoma de um país que não consegue formar plateias. Anualmente, a Ancine divulga balanços sobre as bilheterias no Brasil: em 2017, o público do parque cinematográfico brasileiro recuou 1,7% em relação ao ano anterior.

Pesquisa da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) mostra que apenas 34% dos brasileiros têm o hábito de frequentar o cinema. Ou seja, mais de 60% da população não opta por acompanhar a sétima arte.

Os motivos são os mais diversos: altos preços, grande concentração de salas em áreas nobres, serviços de streaming e, é claro, pirataria.

Para pôr o dedo na ferida, no entanto, é preciso questionar a qualidade do cinema produzido no Brasil. As grandes redes de televisão criaram duas receitas: comédias fracas (Globo) e fitas bíblicas (Record). No meio desse tiroteio, obras como O Som ao Redor ficam excluídas dos principais centros de exibição – viram “filmes cults”.

Que a obsessão do bispo Edir Macedo em ocupar o primeiro lugar nas bilheterias sirva para uma radiografia mais profunda da sétima arte no Brasil: nem de graça as pessoas estão indo ao cinema.

Luiz Prisco é editor de Entretenimento e Gastronomia do Metrópoles

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