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Sob pressão, empresas de aplicativos tentam provar força econômica

A Fipe produziu novo estudo sobre o impacto do iFood no PIB; Cebrap mediu o peso da empresa e do Uber, 99 e Amazon no mercado de trabalho

atualizado

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Divulgação / iFood
Imagem colorida mostra entregador do iFood andando de bicicleta pela ciclovia da avenida Paulista, em São Paulo - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra entregador do iFood andando de bicicleta pela ciclovia da avenida Paulista, em São Paulo - Metrópoles - Foto: Divulgação / iFood

Sob pressão do governo federal e de decisões desfavoráveis da Justiça do Trabalho, as empresas de aplicativos estão se esforçando para produzir análises técnicas que comprovem a relevância para a economia – e para o emprego, em especial – de suas atividades no Brasil. 

Nesta sexta-feira (1º/12), o iFood divulgou um estudo com esse perfil. Preparado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ele mostra que o ecossistema que gira em torno do app movimentou, direta e indiretamente, R$ 97 bilhões em 2022, o que representou um impacto de 0,53% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

Ainda segundo a pesquisa, para cada R$ 1.000 gastos em restaurantes e mercados a partir dos pedidos na plataforma são injetados mais R$ 1.385 na economia, considerando a demanda criada em todos os segmentos envolvidos. Com base nessa mesma lógica, a cada R$ 1.000 de impostos pagos com as compras no iFood, mais R$ 1.127 são arrecadados pelo poder público. 

Efeito cascata

De acordo com Erica Diniz Oliveira, economista-chefe do iFood, esses dados são resultado de uma contabilidade extensa. “Se considerarmos a compra de uma torta de morango por meio do aplicativo, são estimados os impactos em toda a cadeia produtiva”, diz. Isso inclui desde o pagamento de funcionários até a produção e o transporte de insumos, como o morango ou as embalagens de papel usadas no processo. A conta inclui até a eventual compra de um eletrodoméstico por parte do dono do comércio, como resultado do aumento de renda.

Érica observa que o conceito usado no trabalho da Fipe foi o de Valor Bruto de Produção (VPB). Ele compreende a totalidade das transações, mais a variação de estoque, envolvidas na trajetória de todas as partes de um produto até a entrega realizada pelo iFood. Nesse caso e em algumas situações, pode haver uma dupla contagem de insumos. 

Isso porque o VPB é a soma da produção de todos os bens intermediários do processo. Já o cálculo do PIB é diferente. Para evitar a repetição da soma de partes de um produto, ele considera apenas o valor final dos bens e serviços.

Trabalho

Ainda segundo o estudo da Fipe, em 2022, os negócios ligados ao iFood criaram 873 mil postos de trabalho diretos e indiretos, em toda a cadeia produtiva. “O impacto ocorreu principalmente nos setores de alimentação e comércio por atacado e varejo, mas também em atividades como a de produtores agrícolas, transportadoras e profissionais de TI, responsáveis pelos sistemas utilizados na operação.”

Perfil dos trabalhadores

Em abril, a  Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), também formada pelo iFood, além da 99, do Uber, do Zé Delivery (da Ambev) e da Amazon, havia divulgado um trabalho similar, que também mostrava o peso dessas empresas, mas notadamente  no mercado de trabalho brasileiro. 

Nesse caso, o estudo foi feito pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Ele continha informações sobre o perfil dos trabalhadores das companhias, o que incluía aspectos como raça, rendimento médio e jornada diária de trabalho. Chamou a atenção o fato de, para a conclusão do levantamento, as empresas terem aberto informações consideradas estratégicas para os negócios. 

Por fim, a  pesquisa mostrou que 1,66 milhão de brasileiros trabalham como entregadores ou motoristas de aplicativos no país. De acordo com a análise, a renda líquida dos trabalhadores com 40 horas semanais, já descontados os custos de operação, pode variar entre R$ 2.925 e R$ 4.756 por mês para motoristas e, para entregadores, entre R$ 1.980 e R$ 3.039. Além disso, 43% dos motoristas entrevistados disseram que estavam desempregados quando decidiram trabalhar nas plataformas.

Nova lei a caminho

Essas demonstrações da relevância econômica dos aplicativos ocorrem no momento em que o governo federal prepara um projeto de lei para regulamentar o trabalho de motoristas e entregadores dessas empresas. As discussões sobre o tema começaram em 1º maio, em Brasília.

O acordo entre empresas e motoristas de passageiros sobre temas como critério e valor mínimo para o pagamento da hora trabalhada avançou, mas os entregadores não concordaram com as propostas formuladas. As discussões foram interrompidas e o Ministério do Trabalho e Emprego deve bater o martelo sobre as regras da proposta para a nova legislação. 

Na Justiça do Trabalho, outra fonte de pressão permanente para os aplicativos, são frequentes as decisões que reconhecem vínculo empregatício entre as empresas do setor e os motoristas e entregadores. Em setembro, no caso mais notório de uma ampla lista de sentenças, o Uber foi condenado em primeira instância, em São Paulo, a pagar uma multa de R$ 1 bilhão e a contratar formalmente todos os trabalhadores vinculados à plataforma. A empresa disse que recorreria da decisão e não adotaria as medidas determinadas até que todos os recursos fossem esgotados.

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