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Americanas: bancos vão à Justiça contra suspensão de cobrança de dívida

Primeira ação já teria sido apresentada pelo BTG Pactual, que tem créditos de R$ 1,9 bi com a Americanas. Ideia é derrubar decisão judicial

atualizado

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Fachada de unidade da Lojas Americanas; perícia sobre empresa é feita pela agência Kroll - Metrópoles
1 de 1 Fachada de unidade da Lojas Americanas; perícia sobre empresa é feita pela agência Kroll - Metrópoles - Foto: Divulgação

A crise na Americanas, deflagrada após a divulgação de “inconsistências contábeis” de cerca de R$ 20 bilhões no balanço financeiro da companhia, terá novos capítulos nesta semana. Bancos credores da varejista decidiram ir à Justiça para questionar a decisão judicial que suspendeu a cobrança de dívidas da empresa por 30 dias.

Segundo informações do Valor Econômico, o primeiro recurso já teria sido impetrado pelo BTG Pactual, que possui créditos de R$ 1,9 bilhão com a Americanas, mas o pedido foi negado pelo desembargador de plantão, Luiz Roldão Filho. No início da semana, outros bancos devem entrar com ações judiciais.

Como noticiado pelo Metrópoles, em pedido para a 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a varejista obteve o direito de congelar temporariamente o pagamento de suas dívidas e reverter qualquer tentativa de execução de débitos pelos bancos.

O juiz Paulo Assed, responsável pelo processo, concedeu 30 dias para que a Americanas decida se entrará em processo de recuperação judicial, etapa em que as empresas tentam renegociar seus débitos para evitar uma falência. Até lá, ela estará temporariamente protegida de “de qualquer arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição sobre os bens”, segundo a decisão de Assed.

De acordo com o jornal, as instituições financeiras mantiveram contato durante este fim de semana. Até o momento, o objetivo é tentar derrubar a decisão favorável à Americanas. Os bancos também pedirão a abertura de investigação sobre as circunstâncias em que se deu o rombo histórico da varejista, estimado em R$ 20 bilhões.

Segundo o Valor, a Americanas deve aos bancos cerca de R$ 18,5 bilhões. Os maiores credores seriam Bradesco (R$ 4,7 bilhões a receber), Santander (R$ 3,7 bilhões) e Itaú (R$ 3,4 bilhões).

No sábado (14/1), em um comunicado ao mercado por meio da disponibilização da íntegra da decisão judicial, a Americanas informou que a correção das inconsistências contábeis estimadas em R$ 20 bilhões levarão a uma revisão dos resultados de anos anteriores.

De acordo com o comunicado, os números referentes ao grau de endividamento e seu capital de giro serão alterados, o que deve levar ao descumprimento de contratos e ao vencimento antecipado de dívidas. O montante de dívidas pode chegar a R$ 40 bilhões, informou a empresa.

Diretores venderam ações antes de rombo se tornar público

Na sexta-feira (13/1), o Metrópoles noticiou, com exclusividade, que, meses antes de a Americanas anunciar publicamente a descoberta do rombo contábil em seu balanço financeiro, diretores da varejista fizeram um movimento relevante de venda de ações.

Segundo levantamento exclusivo feito pelo Metrópoles, com base em documentos públicos fornecidos pela empresa para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a diretoria da varejista vendeu R$ 241 milhões em ações entre julho a outubro de 2022. No mesmo período, houve uma compra de ações pelos diretores no valor de R$ 18 milhões, o que resulta em saldo de venda de R$ 223 milhões.

Os documentos da CVM não revelam os nomes dos diretores que negociaram as ações. Segundo uma fonte do meio jurídico, possivelmente são executivos que ocupavam cargos da diretoria estatutária (com poder de decisão sobre a empresa) na época das operações.

O período com o maior volume de venda de ações pelos executivos foi setembro. Um mês antes, a empresa havia anunciado que Miguel Gutierrez, que presidiu a Americanas por mais de duas décadas, seria substituído por Sergio Rial, ex-presidente do Santander e um dos mais renomados executivos do mercado brasileiro.

A mudança no controle era vista como um fio de esperança para a varejista, que vinha de um longo período de resultados financeiros ruins e de aperto de margens. No trimestre anterior ao anúncio da nomeação de Rial, a Americanas amargou um prejuízo de quase R$ 100 milhões, causado, principalmente, por perdas na operação digital.

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