Autoridades ucranianas voltaram a acusar a Rússia de usar bombas de fragmentação no conflito. A mais nova investida do tipo teria ocorrido num ataque a uma estação de trem.
Nesta sexta-feira (8/4), o governador da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, atribuiu ao Exército russo o ataque e denunciou o uso do artefato.

A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerraAnastasia Vlasova/Getty Images

A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito Agustavop/ Getty Images

A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse localPawel.gaul/ Getty Images

Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 kmGetty Images

Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideiaAndre Borges/Esp. Metrópoles

Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do paísPoca/Getty Images

A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiroKutay Tanir/Getty Images

Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta OTAN/Divulgação

Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por territórioAFP

Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu territórioElena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images

Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do EstadoWill & Deni McIntyre/ Getty Images

O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários delesVostok/ Getty Images

Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo Vinícius Schmidt/Metrópoles
Quando acionado, esse tipo de bomba libera projéteis em alta velocidade por todas as direções. Além de ferir e provocar mortes, esse tipo de bomba tem efeito “psicológico”, por criar pânico generalizado.
O emprego desse tipo de bomba é proibido pela Convenção de Oslo, de 2010. Contudo, o dispositivo continua sendo utilizado em conflitos na Síria e no Iêmen, por exemplo. O Kremlin, sede do governo russo, negou a autoria do ataque e o uso desse tipo de equipamento.
A Organização das Nações Unidas (ONU) já acusou a Rússia de usar bombas de fragmentação em duas ocasiões.
A secretária adjunta da ONU para assuntos políticos, Rosemary DiCarlo, e a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, já fizeram declarações do tipo.
O ataque
Imagens do ataque russo à estação de trem de Kramatorsk mostra milhares de civis que estavam na estação aguardando um trem para deixar o país, quando um míssil russo atingiu o local. Além dos 50 mortos, há 87 pessoas feridas, segundo a imprensa internacional.
Fotos registram dezenas de corpos no chão, ao lado de malas e mochilas. Outra publicação mostra uma grande nuvem de fumaça e autoridades de segurança tentando conter as chamas.
A Rússia e a Ucrânia vivem um embate por causa da possível adesão ucraniana à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), entidade militar liderada pelos Estados Unidos.
Na prática, Moscou vê essa possibilidade como uma ameaça à sua segurança. Sob essa alegação, invadiu o país liderado por Volodymyr Zelensky, em 24 de fevereiro. Os ataques não cessam, e nesta sexta-feira (8/4) a guerra completa 44 dias.