Vladimir Putin, presidente russo, alertou para que nenhum outro país interfira na ação do país na região separatista na Ucrânia. “Quem tentar interferir, ou ainda mais, criar ameaças para o nosso país e nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e levará a consequências como nunca antes experimentado na história”.
Putin fez a declaração no início da madrugada desta quinta-feira (24/2), horário de Brasília. Foi quando tiveram início as operações militares no leste da Ucrânia. Nas palavras do líder russo, a ação era necessária para proteger os civis.

Tanques das forças ucranianas se movem após a operação militar da RússiaWolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images

Engarrafamento em Kiev: moradores tentam deixar a capital após o ataquePierre Crom/Getty Images

Tanques militares russos e veículos blindados avançam em Donetsk, UcrâniaStringer/Agência Anadolu via Getty Images

Diante do ataque russo, cidadãos ucranianos deixaram as suas casas, localizadas em zonas de conflito, e recorreram aos trensOmar Marques/Getty Images

Ataque com mísseis Pierre Crom/Getty Images
Ataques foram registrados em cidades de todo o país, segundo os primeiros relatos. O governo ucraniano afirma que a invasão não se resume às regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, reconhecidas pela Rússia na segunda-feira (22/2).
O presidente russo foi além do alerta: “Toda responsabilidade será do regime da Ucrânia. Todas as decisões já foram tomadas. A verdade está do nosso lado. Os objetivos serão atingidos.”
Pelo Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, se manifestou. “Putin acaba de lançar uma invasão em grande escala da Ucrânia. Cidades pacíficas ucranianas estão sob ataque. Esta é uma guerra de agressão. A Ucrânia se defenderá e vencerá.”
Por volta das 7h em Kiev (2h em horário de Brasília), as sirenes da capital começaram a tocar. O som foi o primeiro alerta para a população de um possível ataque aéreo. O aeroporto da cidade foi esvaziado e teve os voos suspensos.
🚨 Sirene alerta habitantes de Kiev, capital da Ucrânia, para possíveis ataques aéreos na cidade.pic.twitter.com/snRiYhaQbx
— Metrópoles (@Metropoles) February 24, 2022
Poucas horas depois, sinais de contra-ataque começaram a surgir e a imprensa internacional noticia possível reação ucraniana contra a operação militar liderada por Vladimir Putin.
Segundo a agência de notícias Reuters, militares da Ucrânia afirmaram ter abatido cinco aviões russos, além de um helicóptero, na região de Luhansk, um dos dois territórios separatistas da Ucrânia. O Ministério da Defesa da Ucrânia confirmou, por meio das redes sociais, a ação. Já a Rússia, por meio da agência de notícias RIA, negou a informação.
Início dos ataques
Em discurso televisionado, Putin disse que a ação é resposta a ameaças vindas da Ucrânia, o que ele chamou de “intolerável”. Ele acrescentou, ainda, que a Rússia não tem o objetivo de ocupar a Ucrânia, mas responsabilizou o país vizinho por qualquer possível “derramamento de sangue”.
“Simplesmente não nos deram outra opção para defender a Rússia e o nosso povo além daquela que usaremos hoje”, disse, sem precisar a magnitude da operação.

A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que pode desencadear um conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível guerraWolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images

A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito Agustavop/ Getty Images

A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse localPawel.gaul/ Getty Images

Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 kmGetty Images

Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideiaAndre Borges/Esp. Metrópoles

Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do paísPoca/Getty Images

A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiroKutay Tanir/Getty Images

Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta OTAN/Divulgação

Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por territórioAFP

Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu territórioElena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images

Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do EstadoWill & Deni McIntyre/ Getty Images

O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários delesVostok/ Getty Images

Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo Vinícius Schmidt/Metrópoles
Putin também pediu aos soldados ucranianos que deponham as armas. “A verdade está do nosso lado. Os objetivos serão atingidos”, discursou.
🚨 Ao anunciar operação militar, Vladimir Putin diz: “quem pensar em intervir e tentar nos parar, saiba que a resposta russa será imediata e levará a consequências nunca vistas”.
Presidente russo disse que responsabilidade por ‘derramamento de sangue’ será do governo ucraniano. pic.twitter.com/V3PFwfjO6H
— Metrópoles (@Metropoles) February 24, 2022
Os Estados Unidos reagiram à notícia imediatamente e afirmaram, em nota, que o ataque da Rússia é injustificável e que o país pagará pelo que está causando ao mundo.
“Putin escolheu uma guerra premeditada que trará uma catastrófica perda de vidas e sofrimento humano. Apenas a Rússia é responsável pelas mortes e destruição que esse ataque trará, e os Estados Unidos e seus aliados irão responder de maneira unida e decisiva”, disse Biden.
Dia movimentado
O anúncio foi feito logo após Moscou declarar que as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Luhansk haviam pedido ajuda para repelir “agressões” de Kiev.
Nessa quarta-feira (23), o risco de um conflito armado também dominou os discursos da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Representantes da Rússia, Ucrânia, dos Estados Unidos, além do secretário-geral da entidade, António Guterres, falaram sobre o tema. Isso em meio a várias sanções econômicas contra os russos.
O Parlamento ucraniano atendeu ao apelo do presidente Volodymyr Zelensky e aprovou nesta quarta-feira um decreto de estado de emergência válido para todo o país pelo prazo de 30 dias.