Bolsonaro deixa entrevista com pergunta sobre crítica de ministro
Perfil do presidente postou — e depois apagou — vídeo no qual leão representando Bolsonaro estaria cercado por hienas, entre elas o STF
atualizado
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Enviado especial a Riade (Arábia Saudita) — O presidente Jair Bolsonaro (PSL) deixou uma rápida entrevista à imprensa na manhã desta terça-feira (29/10/2019), em Riade, sem responder questões sobre críticas do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), a um vídeo que provoca a Corte postado no perfil oficial do Twitter — e logo apagado. O mandatário brasileiro, que terá nesta terça-feira (29/10/2019) o segundo encontro seguido com o príncipe herdeiro do país, deixou a entrevista assim que o assunto foi trazido.
Quando foi chamado pela imprensa na porta do hotel em que está hospedado, em Riade, o presidente afirmou estar sem tempo, mas, diante da insistência dos repórteres, disse que falaria e pediu perguntas “relevantes”.
“Defesa é o mais importante que estamos tratando aqui”, apontou o presidente. “Eles [sauditas] querem investir no Brasil. O Brasil é um mar de oportunidade que eles descobriram”, afirmou. Nesta quarta-feira (30/10/2019), Bolsonaro será uma das estrelas do fórum econômico Future Investment Initiative, que conta ainda com outros chefes de Estado, como o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.
A postagem da discórdia
Foi postada na conta oficial do presidente nessa segunda-feira (28/10/2019) uma montagem na qual Bolsonaro é representado por um leão e inimigos, incluindo o STF, representados por hienas que o cercam.
Celso de Mello reagiu duramente. Disse, em nota, que o “comportamento revelado no vídeo em questão, além de caracterizar absoluta falta de ‘gravitas’ e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de Poderes e, o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente de que ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade da Constituição e das leis da República”.
A postagem foi apagada cerca de duas horas após a publicação, diante da péssima repercussão, e, até agora, ninguém do governo comentou o assunto.