Parlamento russo aprova suspensão de acordo nuclear com os EUA
Acordo nuclear foi assinado entre Rússia e EUA e prevê a redução dos arsenais dos dois países. Após fala de Putin, Duma concorda com saída
atualizado

A Duma, como é chamada a câmara baixa do parlamento russo, aprovou por unanimidade uma lei que suspende a participação o país no Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Novo Start). O tratado é um acordo nuclear entre a Rússia e os Estados Unidos que prevê a redução dos arsenais de ambos os países.
A proposta chegou à Duma por meio de um pedido do presidente Vladimir Putin. Com ela, a Rússia suspenderia a participação no tratado. Na terça-feira (21/2), Putin anunciou essa suspensão, durante discurso de 1h45 no Parlamento, em que atacou as nações ocidentais e responsabilizá-las pela guerra com a Ucrânia. O conflito se arrasta para o marco de 1 ano, na próxima sexta-feira (24/2), sem perspectiva de paz.

Vladimir Vladimirovitch Putin é o atual presidente da Rússia. No poder há 20 anos, desde a renúncia de Boris Yeltsin, Putin é conhecido por apoiar ditadores e declarar oposição ferrenha aos Estados Unidos Sergei Guneyev /Getty Images

Pertencente a uma família de operários, Vladimir cresceu em uma periferia russa, em São Petersburgo, e sonhava ser espião Mikhail Svetlov /Getty Images

Formou-se em direito e, em seguida, entrou para o serviço secreto russo, a KGB, em 1975 Alexei Nikolsky /Getty Images

Tempos depois, iniciou vida política como vice-prefeito de São Petersburgo. Em 1999, tornou-se primeiro-ministro e, no ano seguinte, após a renúncia do então presidente, Boris Yeltsin, foi eleito presidente da Rússia Carl Court /Getty Images

Pouco depois de assumir a presidência, liderou com êxito tropas russas ao ataque à Chechênia, durante a 2ª Guerra da Chechênia, o que o fez crescer em popularidade Sergei Karpukhin /Getty Images

Em 2004, Putin foi reeleito e, em seguida, assinou o protocolo de Kyoto, documento que o tornou responsável por reduzir gases-estufa liberados pela Rússia Alexei Nikolsky v

Seguindo a Constituição russa, que o impedia de exercer mais de dois mandatos consecutivos, o ex-KGB apoiou o seu primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, nas eleições que o sucederiam Mikhail Klimentyev /Getty Images

Em 2012, no entanto, voltou a ser eleito para novo mandato de seis anos, mesmo com forte oposição Matthew Stockman /Getty Images

O líder russo Vladimir Putin diz que não irá recuar e desafia a comunidade internacional Alexei Nikolsky /Getty Images

No ano seguinte, apoiou a guerra que aconteceu na Síria e enviou militares para ajudar o regime do presidente sírio, Bashar Al Assad Mikhail Svetlov/Getty Images

Apesar de toda desaprovação mundial diante de atos de guerra, Putin conseguiu se eleger em 2018 para mais seis anos, com vantagem expressiva em relação aos adversários Mikhail Svetlov /Getty Images

Devido à lei que sancionou em 2021, Putin poderá concorrer nas duas próximas eleições e, se eleito, ficar no poder até 2036 Mikhail Svetlov /Getty Images

Recentemente, após exigir que o Ocidente garantisse que a Ucrânia, que faz fronteira com território russo, não se juntaria à Otan, reformou a inimizade entre os países Vyacheslav Prokofyev /Getty Images

O conflito, que acendeu alerta mundial, ganhou novos capítulos após Putin ordenar, no dia 25 de fevereiro de 2022, que tropas invadissem a Ucrânia utilizando armamento militar Anadolu Agency /Getty Images

Apesar dos avisos de sanções por parte de outras nações, o presidente russo prosseguiu com a intentada e deu início à guerra picture alliance /Getty Images
“Nesse sentido, sou forçado a anunciar hoje que a Rússia está suspendendo sua participação no tratado estratégico de armas ofensivas”, disse Putin.
De acordo com o chefe do Kremlin, antes de retomar as discussões sobre novas atividades do tratado, a Rússia precisava descobrir como os arsenais dos outros países, inclusive as armas nucleares da Otan, o Reino Unido e a França, seriam levados em consideração com a força dos EUA.
“Violações dos Estados Unidos”
Leonid Slutsky, presidente do Comitê de Relações Exteriores da Duma, deixou claro que a Rússia não teve escolha por causa das, segundo ele, “inúmeras violações dos Estados Unidos ao tratado”.
“O Ocidente coletivo escolheu deliberadamente piorar as relações com a Rússia”, disse. Vyacheslav Volodin, presidente da Duma, seguiu pelo mesmo caminho ao dizer que a lei aprovada “contribuirá amplamente para garantir a segurança de nosso país”.
Não é uma saída, mas uma suspensão. Tanto que o Ministério das Relações Exteriores da Rússia pediu aos EUA “vontade política” e “esforços de boa-fé” para garantir “a retomada da operação plena do tratado”. E que o país continuaria a cumprir as restrições quantitativas do tratado.