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Mega-Sena: confira quanto as loterias pagam em prêmios pelo mundo

Prêmios pagos nos Estados Unidos em loterias já chegaram à incrível cifra de R$ 6 bilhões, mas a chance é de 1 para 300 milhões

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Bilhete de loteria
1 de 1 Bilhete de loteria - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Egípcios, gregos, romanos, chineses, hindus, todos já apostavam no azar. Árabes também, a própria palavra é de origem dos muçulmanos ocupantes da Andaluzia durante mais de sete séculos e que adoravam tomar decisões com a ajuda de uma dado (al-zahr). A jogatina e o termo atravessaram os povos e os idiomas europeus, guardando significado desagradável, com exceção do francês onde “hasard” significa “acaso”, e não má sorte.

Se os islamistas não viam problema no divertimento, a igreja católica batalhou durante séculos para impor proibições, muitas vezes vigorando até hoje. Os reis primeiro, os estados depois logo se aproveitaram do entusiasmo dos povos em sonhar numa riqueza fácil e rápida. Mantiveram a proibição aos particulares de organizar os sorteios, mas criaram estatais para gerenciar a fézinha. Sem esquecer de abocanhar parte significativa do dinheiro dos apostadores sob os mais variados pretextos.

O Brasil não foge à regra. A primeira loteria foi organizada em Ouro Preto, no fim do século XVIII. A administração visava arrecadar fundos para a construção da câmara municipal e da cadeia de Vila Rica (onde hoje está instalado o Museu da Inconfidência). Um século depois, no Rio de Janeiro, os animais do jardim zoológico da Vila Isabel foram as estrelas de uma loteria que, a pretexto de melhorar a alimentação dos bichos, continua ocupando as esquinas e os postes muito além da então capital da República.

Foi em 1961 que um Decreto-Lei reservou definitivamente a responsabilidade dos jogos de azar à Caixa Econômica Federal. A Mega-Sena apareceu em março de 1996. E a Mega da Virada, em 2008. Desde então, os sonhos milionários podem virar realidade se as seis dezenas marcadas no boletim correspondem às que saem do globo prateado.

E apesar dos vultosos números atingidos nos sorteios especiais, ou quando o prêmio acumula por 12 vezes consecutivas como nesta quarta-feira (18/09/2019), o maior ganhador sempre é o Tesouro Nacional, que fica com 51 % do valor total das apostas. Parte vem diretamente em impostos, outra é distribuída em fundos variados, aos comitês olímpico e paralímpico sendo a fração mais importante (17,32 %) para reforçar o orçamento da Seguridade Social.

Os ganhadores de todos os prêmios (sena, quina e quadra) recebem 43,35 % do total de apostas do concurso. E ainda há de descontar o imposto de renda de 30 %, tributado na fonte. Os prêmios, quando anunciados pela Caixa, são líquidos. É a estatal que se encarrega de recolher o tributo.

Assim, em 11 de maio deste ano, quando um boletim de Pernambuco rendeu a seu dono o maior prêmio pago pela Mega-Sena (exceto as especiais da Virada) até hoje, pouco mais de R$ 289 milhões, o caixa da Caixa viu entrar quase R$ 900 milhões. E mais de R$ 637 milhões quando um brasiliense que validou seu boletim na QI 25 do Lago Sul embolsou R$ 205 milhões em novembro de 2015, segundo maior sortudo da história.

Os números dos sorteios da noite de São Silvestre são mais elevados, mas raramente há um só ganhador, por isso os prêmios individuais após rateio não maravilham tanto. No fim do ano passado, foram pouco mais de R$ 300 milhões, mas divididos por 52 ganhadores (1 do DF), a quantia que coube a cada um dos felizardos foi R$ 6 milhões.

No exterior

Já no exterior, algumas loterias disputam o título do grande prêmio mais polpudo. E os números são de encher os olhos dos apostadores brasileiros (vários dos quais realizam apostas via sites especializados). Nesta briga entre europeus e norte-americanos para alinhar o maior número de zeros no cheque entregue ao vencedor, a palma está desde janeiro de 2016 nos Estados Unidos.

O Power Ball, uma Mega-Sena presente em quase todos os estados acumulou por dois meses, e atingiu R$ 1,586 bilhão (cerca de R$ 6,4 bilhões). Apesar de ter sido dividido por três sortudos, é pouco provável que eles tenham reclamado. Nota-se lá o prêmio, para dar mais efeito, é anunciado bruto. O primeiro ato de felizardo é recolher 40 % a título de imposto de renda. A não ser que opte por receber uma parcela no ato, e o restante em prestações anuais ao longo de 29 anos.

O também estadunidense Mega Millions, depois de vários anos concorrente do Power Ball, compartilha hoje a mesma rede de venda através dos estados que autorizam o jogo. Passou, em 2017, por uma evolução, marcada pelo preço da aposta simples, que dobrou de US$ 1 para U$ 2. Mas os prêmios também inflaram. E se aproximam do recorde da bola poderosa: em 23 de outubro do ano passado, um só apostador fez jus a US$ 1,537 bilhão (US$ 922 milhões se optar por receber tudo de uma vez).

O princípio do Power Ball é parecido como o de nossa Mega-Sena, mas com algumas diferenças que dificultam as chances de acerto. Primeiro há de escolher cinco números entre 1 e 69. O sexto número, a tal de Power Ball, é uma bola vermelha que vai de 1 a 26.

Pequena mudança, grande efeito estatístico: se a probabilidade de ganhar na Mega Sena, como mostrou o M Dados, é de uma em 50 milhões (só por curiosidade de comparação, uma grávida tem 86 vezes mais chance de ter gêmeos de que ganhar na Mega Sena), para o Power Ball a possibilidade chega a uma em 292 milhões. Pior ainda para o Mega Millions. São também cinco números, mas de 1 a 75. E o sexto não é vermelho mas dourado. Pode ser de 1 a 15. A estatística sobe acima de 1 por 300 milhões.

Do lado europeu, o foco é o Euromillions, espécie de Mega-Sena que reúne nove países do Velho Continente. O Jackpot, prêmio principal, pode acumular até o teto de 190 milhões de euros (R$ 855 milhões), quantia que já foi ganha duas vezes, uma em Portugal em 2014 e outra na Espanha em 2017. A mordida do leão é menor que nos Estados Unidos, 20 %, por isso os prêmios líquidos foram de 152 milhões (R$ 684 milhões).

O princípio é similar às outras Megas: cinco números para começar, mas só de 1 a 50. E depois duas bolas “estrela”, de 1 a 12. A probabilidade é melhor que nas americanas, mais ainda quase três vezes menor que na brasileira: 1 chance em 140 milhões.

No mundo das loterias, a estrela é espanhola. El Gordo é uma tradição de mais de dois séculos repleta de pompa durante a tiragem que dura horas, particularmente no Natal, quando há um total de prêmios muito especial: 2,38 bilhões de euros (mais de R$ 10 bilhões) no ano passado. Mas a filosofia é diferente da americana. Primeiro pela complexidade do sorteio. Como na loteria clássica, é preciso comprar um bilhete.

Mas este é tão caro (200 euros, ou R$ 900) que as pessoas acabam comprar só um décimo dele. Depois, é preciso ter paciência e gostar de números para conferir no dia: 100.000 números pré-definidos são impressos nas cartelas, cada um contendo um código de cinco dígitos variando de 00000 a 99999. 170 cópias idênticas de cada cartela são impressas (ou seja 1.700 se considerar os décimos). E o sorteio é feito com dois enormes globos que contêm milhares de bolinhas de 3 gramas e menos de 2 centímetros de diâmetro.

Assim, o prêmio principal é realmente polpudo (680 milhões de euros), mas será tão divididos entre os ganhadores que, individualmente, não passará de 400 mil euros (R$ 1,8 milhão) por décimo. Os espanhóis preferem distribuir para mais pessoas e menos individualmente. Por isso, dos 170 milhões de décimos de bilhete à venda, 26 milhões são ganhadores, mesmo que com quantidade pequena. 1 chance em 6,5 não de ficar milionário mas pelo menos feliz no Natal.

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