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No Chile, Bolsonaro assina documento que cria o bloco ProSul

A aliança sepulta a Unasul, criada há 11 anos sob inspiração do ex-presidente Lula e do venezuelano Hugo Chávez

atualizado

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Marcos Corrêa/PR
Jair Bolsonaro chegando ao Chile
1 de 1 Jair Bolsonaro chegando ao Chile - Foto: Marcos Corrêa/PR

Enviada especial a Santiago (Chile) – Um novo bloco regional, o ProSul, articulado por governos de direita da América do Sul, foi criado na reunião de cúpula de chefes de Estado, nesta sexta-feira (22/3), na capital chilena, Santiago. A aliança sepulta a Unasul, criada há 11 anos, em uma época de predomínio de governos de esquerda no continente e sob inspiração do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do venezuelano Hugo Chávez.

“A Unasul foi praticamente extinta hoje, falta só a prática”, disse o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), signatário do documento que cria o novo bloco. Segundo ele, “a Unasul começou bem, depois foi para um viés ideológico e passou a fazer parte de uma politica de poder. A Unasul sempre foi nome de fantasia do Foro de São Paulo”, acrescentou, referindo-se ao grupo que reúne organizações de esquerda.

A Declaração de Santiago, que criou o ProSul (Foro para o Progresso da América do Sul), foi assinada no Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, por sete presidentes – Sebastián Piñera (Chile), Jair Bolsonaro (Brasil), Maurício Macri (Argentina), Ivan Duque (Colômbia), Mário Abdo Benítez (Paraguai), Lenín Moreno (Equador), Martín Vizcarra (Peru) – e pelo representante diplomático da Guiana. Integrantes dos governos da Bolívia, Uruguai e Suriname participaram da cúpula como observadores e não assinaram a declaração de criação do ProSul.

O governo chileno esclareceu que esses três países “seguem participando de todas as instâncias próximas de diálogo e poderão ingressar no momento que decidirem”. As ausências de Evo Morales, da Bolívia, e de Tabaré Vasquez, do Uruguai, ilustram o mal-estar de governos mais à esquerda com a desenvoltura do presidente chileno, Sebastián Piñera, na articulação do novo bloco, claramente alinhado à direita.

A outra grande ausência foi a da Venezuela. Nicolás Maduro não foi convidado, uma vez que Piñera e os outros presidentes reconhecem o líder opositor, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e autodeclarado presidente interino, como o legítimo representante do país caribenho.

O texto de criação do ProSul não menciona expressamente por que a Venezuela foi excluída, mas afirma que entre os requisitos essenciais para participar do bloco estão “a plena vigência da democracia, a ordem constitucional, o respeito à separação de poderes do Estado, a promoção, a proteção, o respeito e a garantia dos direitos humanos e das liberdades fundamentais”. O primeiro presidente pro tempore do bloco será Sebastián Piñera, durante um ano. O sucessor será o Paraguai.

Piñera também não se referiu explicitamente à Venezuela, mas abordou a percepção do que falta ao país, nas entrelinhas do discurso. Disse que o ProSul será um “foro aberto a todos os países da América do Sul, sem ideologia, que vai respeitar a diversidade e as diferenças que cada povo decida ao eleger seus governos, também vai ter firme e claro compromisso com a democracia, com as liberdades e com o respeito aos direitos humanos de todos os habitantes de nossa América do Sul”.

Ao deixar o Palácio de La Moneda, Jair Bolsonaro também falou sobre a crise venezuelana: “Eu digo que a ditadura da Venezuela se fortalece na fraqueza do Maduro. Uns 2 mil generais estão do lado dele, alguns narcotraficantes, tem também lá aproximadamente 60 mil cubanos, as milícias, terroristas… Esse pessoal faz com que ele fique de pé”.

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