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Na Justiça, mulher pede perdão por matar marido após ser espancada

O crime foi cometido em 2015. Além de ser agredida, a jovem foi contaminada com o vírus HIV

atualizado

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Prisoner in prison with handcuff
1 de 1 Prisoner in prison with handcuff - Foto: iSTOCK

Gloria Chochi esfaqueou e matou o marido no dia 20 de setembro de 2015, na Espanha, onde vivia com ele. Apesar do ato violento, Chochi acreditava ter muitos motivos para tirar a vida de Williams Richards, ainda mais depois de ser ameaçada. Portador de HIV, o agressor engravidou a amada no início da relação, e o bebê dos dois nasceu contaminado por consequência de suas maldades.

No dia do assassinato, Gloria, que era espancada com frequência, havia instalado grades nas janelas da frente do apartamento. Meses antes, a vítima tinha conseguido uma medida protetiva para que o marido mantivesse distância, mas isso não o impedia de ameaçá-la, segundo reportagem da BBC. Como fez na ocasião, prometendo a Chochi que a mataria.

Ele a espancou, e Chochi precisou ficar duas semanas de cama devido às dores nas costas. Contudo, a agressão fez com que ela se alarmasse, e quando Richards retornou à residência para um segundo round, a mulher foi à cozinha apanhar uma faca de 17 centímetros. Não houve briga, tampouco discussão, apenas uma estocada e o fim para Williams Richards, que havia conhecido Chochi, natural da Guiné Equatorial, na Nigéria, em 2012.

Ferido no pulmão e no esôfago, o agressor morreu quase instantaneamente. Embora tenha negado o crime naquele instante, mesmo sob a acusação das testemunhas, Chochi foi presa no local. Seu casamento, segundo ela própria, já havia acabado muito antes do incidente, além de ter adquirido uma aura “extremamente agressiva”. Além disso, Richards sofria com alcoolismo.

Deuses e monstros

De acordo com Gloria Chochi, Richards era agressivo e intimidador, além de atacá-la quando ela declarava não querer fazer sexo. Porém, para sua advogada, Claudia Lobo, Chochi enxergava o marido como “um deus”, mesmo com seus mecanismos monstruosos. Dono de uma postura austera, Richards tinha garantia de perdão, independentemente do que viesse a fazer.

Os primeiros registros oficiais dos problemas de Chochi com o marido são de outubro de 2012, dois anos após ela chegar à Espanha em busca de uma vida melhor. Em um dos relatórios, o homem forçou a esposa a beber álcool para que pudesse controlá-la.

Tentou denúncia em 2014, mas as acusações nunca foram investigadas a fundo. Para Lobo, há um motivo: Chochi é imigrante africana. Outro fator que destruiu a vida da mulher era o vírus presente em Richards: HIV. Escondendo a informação, ele contaminou Chochi ao engravidá-la. O bebê nasceu em 2013, portador da mesma doença.

A imigrante perdeu a guarda do filho quando, tempos depois, após uma discussão, Richards a proibiu de entrar em casa. Sem lugar para ir, ela e o filho ficaram na rua, mas assistentes sociais retiraram o garoto do local. Meses antes de ter matado o marido, Chochi, longe do alcoolismo atualmente, vivia por conta própria, em um apartamento alugado. Agora, da prisão, ela mantém esperanças de voltar a ficar com o filho, além de adquirir o perdão do rei da Espanha.

Crime e realeza

A defesa da ré afirma que, na hora da morte, ela estava em um “estado de desordem mental” provocado “por medo e choque insuportáveis”. O laudo da necropsia informa que Richards recebeu a facada brutalmente, e que Chochi insistiu no golpe, afundando a lâmina no peito dele.

Com 41 anos, Chochi foi acusada por um júri com nove pessoas, em dezembro de 2017, de assassinato do ex-companheiro. O mesmo júri recomendou que o caso dela fosse perdoado, dada as circunstâncias do crime. A defesa, portanto, recorre ao primeiro-ministro espanhol.

O pedido de perdão deve ser aprovado pelo conselho de ministros, e, em seguida, ser assinado pelo rei da Espanha, Filipe VI de Espanha. Porém, dentre os 200 crimes absolvidos nos último quatro anos, nenhum se trata de violência doméstica.

Por enquanto, na prisão, Chochi pode ver o filho uma vez por mês. Em fevereiro, o garoto levou um desenho para ela, que o guardou junto com o desejo de transformar a casinha para o filho e a mansão para ela, ilustradas no papel, em realidade. As informações são da BBC Brasil.

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