A rede americana de fast food McDonald’s anunciou nesta segunda-feira (16/05) que vai encerrar suas operações em definitivo na Rússia e vender seus negócios no país. O anúncio marca o fim da presença de três décadas da rede na Rússia e é mais um sinal do isolamento econômico da Rússia em meio à guerra na Ucrânia.
O McDonald’s iniciou suas operações em Moscou em janeiro de 1990, ainda na era soviética, e a inauguração da primeira loja na capital do país foi encarada à época com um dos símbolos da abertura do antigo império comunista para o exterior.

Como resposta à invasão russa na Ucrânia, algumas empresas anunciaram a suspensão das atividades no território governado por Putin Getty Images

No total, mais de 300 grandes marcas com presença significativa no país anunciaram o boicote, de acordo com um inventário atualizado da Universidade de Yale. Cerca de 30 multinacionais ainda estão na RússiaGetty Images

Apple: a marca anunciou a suspensão da venda de Iphones. Aplicativos como Apple Pay e outros serviços foram limitados. Os usuários ainda conseguem acesso à loja online, porém os aparelhos e acessórios não estão disponíveis para entrega Getty Images

Nike: a empresa esportiva fechou temporariamente todas as lojas físicas espalhadas pelo país. As mercadorias também ficaram indisponíveis pelo site e aplicativo da marca Getty Images

McDonald’s: a gigante do fast food suspendeu as atividades dos 850 restaurantes na Rússia. Porém, segundo o representante da empresa, os 62 mil funcionários no país continuarão recebendo salárioGetty Images

Mastercard, Visa e American Express: as operadoras de cartão de crédito também suspenderam as atividades no país. As empresas já tinham travado parte das operações, bloqueando instituições financeiras russas, mas decidiram expandir as retaliaçõesGetty Images

Coca-Cola: quem também cortou laços temporariamente com a Rússia foi a empresa norte-americana. "Continuaremos monitorando e avaliando a situação à medida que ela evolui", informou a gigante dos refrigerantes em comunicado, sem dar detalhes de suas atividades exatasGetty Images

Starbucks: a cafeteria anunciou o fechamento temporário de seus 130 cafés, de propriedade de um conglomerado do Kuwait. O grupo comunicou que vai continuar dando suporte aos quase 2 mil parceiros que dependem da empresa para sobreviver Getty Images

Airbnb: a plataforma de hospedagem suspendeu as operações na Rússia e Bielorrússia. Isto significa que não é possível fazer novas reservas para estadias e os hóspedes em ambos os países não podem fazer reservas em nenhum lugar do mundoGetty Images

Renault: a empresa francesa de automóveis interrompeu a exportação de veículos e as outras operações realizadas em território russo temporariamente. Devido a mudança nas rotas logísticas, a fabricante interrompeu os serviços em uma das montadoras de carroGetty Images

Shell: a marca do ramo de petróleo disse que deixaria sua joint venture com a estatal Gazprom e encerraria o seu envolvimento no oleoduto Nord Stream 2, agora suspenso, construído para transportar gás natural para a AlemanhaGetty Images

Meta: a empresa que administra o Facebook, Instagram e WhatsApp restringiu o acesso dos usuários russos. Segundo comunicado do conglomerado, ucranianos poderão ainda bloquear suas contas por segurançaGetty Images

Mondelez: a marca de alimentos também fechou suas fábricas no país. A empresa fabrica marcas locais, como biscoitos Jubilee e chocolate Korona e é conhecida por vender Oreo, chocolates como Milka, chicletes e balas da região Getty Images
O McDonald’s tinha fechado temporariamente suas 850 lojas na Rússia em março, no início da guerra de agressão do regime de Vladimir Putin contra a Ucrânia. Não foi a primeira vez que a rede tomou uma decisão do gênero. Em 2014, a empresa fechou todas as suas lojas na região ucraniana da Crimeia, após a península ser anexada ilegalmente pela Rússia.
Uma rede russa chamada RusBurger acabou assumindo os antigos pontos da rede americana na Crimeia. Com o lema “sabor da Rússia”, a rede russa passou a oferecer produtos como o “X-Burguer do Czar” e o “Czar de Frango” em vez dos tradicionais Big Macs e McChickens.
“Valores do McDonald’s”
Nesta segunda-feira, o McDonald’s afirmou, em comunicado, que sua presença na Rússia não é “mais consistente com os valores” da rede americana.
“Depois de mais de 30 anos de operações no país, a McDonald’s Corporation anunciou que sairá do mercado russo e iniciou um processo para vender seus negócios. A crise humanitária causada pela guerra na Ucrânia e o consequente ambiente operacional imprevisível levaram o McDonald’s a concluir que a propriedade continuada do negócio na Rússia não é mais sustentável, nem é consistente com os valores do McDonald’s”, diz o comunicado.
A empresa acrescentou que pretende vender “todo o seu portfólio de restaurantes McDonald’s na Rússia para um comprador local” e que, após a venda, os restaurantes não poderão mais usar o nome, logotipo, marca ou cardápio do McDonald’s.
A Rússia, onde o McDonald’s administra diretamente mais de 80% dos restaurantes que usam seu nome, responde por 9% da receita da empresa e 3% de seu lucro operacional. O McDonald’s afirma que 62 mil pessoas trabalham nas lojas do país.
O executivo-chefe da empresa, Chris Kempczinski, também declarou em comunicado: “Estamos excepcionalmente orgulhosos dos 62 mil funcionários que trabalham em nossos restaurantes, juntamente com as centenas de fornecedores russos que apoiam nossos negócios e nossos franquias locais. Sua dedicação e lealdade ao McDonald’s tornam o anúncio extremamente difícil.”
“No entanto, temos um compromisso com nossa comunidade global e devemos permanecer firmes em nossos valores. E nosso compromisso com nossos valores significa que não podemos mais manter os Arcos [símbolo da empresa] brilhando lá”, prosseguiu.
Em 24 de fevereiro, Putin ordenou que suas tropas invadissem a Ucrânia, provocando a imposição de sanções ocidentais sem precedentes contra a Rússia e um êxodo de empresas estrangeiras, incluindo a H&M, Starbucks, Ikea e Siemens.
Renault é nacionalizada
Ainda nesta segunda-feira, a montadora francesa Renault entregou seus ativos no país ao estado russo, marcando a primeira grande nacionalização desde o início das sanções sobre a campanha militar de Moscou na Ucrânia.
A Renault controlava 68% da AvtoVAZ, a maior montadora da Rússia, que tem como principal marca a Lada. A empresa francesa estava sob pressão para sair do país desde o início da guerra.
Nenhum detalhe financeiro sobre o processo de nacionalização foi divulgado nesta segunda, mas o ministro russo da Indústria e Comércio, Denis Manturov, disse em abril que a Renault planejava vender seus ativos russos por “um rublo simbólico”.
“Hoje, tomamos uma decisão difícil, mas necessária; e estamos fazendo uma escolha responsável em relação aos nossos 45 mil funcionários na Rússia, preservando o desempenho do grupo e nossa capacidade de retornar ao país no futuro, em um contexto diferente”, disse o chefe-executivo da Renault, Luca de Meo, em comunicado.
O prefeito de Moscou, Serguei Sobyanin, disse que a produção de carros na fábrica da Renault será retomada sob a marca Moskvich (moscovita), da era soviética. “Em 2022, abriremos uma nova página na história de Moskvich”, anunciou.