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Gasto com segurança em escolas dos EUA aumenta, mas medo persiste

Americanos acreditam que as instituições são hoje menos seguras do que há duas décadas, diz pesquisa

atualizado

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JOSE LUIS MAGANA/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Manifestação nacional de estudantes pede controle de armas nos EUA
1 de 1 Manifestação nacional de estudantes pede controle de armas nos EUA - Foto: JOSE LUIS MAGANA/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Mostre os documentos para leitura e verificação. Tire uma foto. Passe os pertences pelo detector de metais. É assim que os americanos chegam à escola dos filhos. Vinte anos após o tiroteio na Escola Columbine High, uma visita à escola pode parecer mais uma ida ao aeroporto. Mochilas translúcidas e guardas armados são comuns nos campi de todos os Estados Unidos.

O mesmo vale para treinamentos que ensinam a “fugir, se esconder e lutar”, cheios de dicas de como sobreviver a um atirador. Em alguns dias são realizados treinos sem que os alunos sejam informados que se trata apenas de um ensaio. E, em casos raros, o adulto ensinando álgebra ou estudos sociais pode estar armado.

Centenas de milhões de dólares em dinheiro público foram gastos “reforçando” as escolas contra o maior pesadelo de qualquer pai: algo semelhante ao tiroteio de 1999 em que dois alunos mataram 12 de seus colegas e um professor em uma escola do ensino médio no Colorado, dando início a um debate a respeito da violência com armas de fogo e a segurança nas escolas americanas.

Mas a crescente segurança nunca serviu como alívio para a ansiedade. Os americanos acreditam que as escolas são hoje menos seguras do que há duas décadas, de acordo com nova pesquisa de opinião – mesmo com dados federais mostrando que, de acordo com a maioria dos critérios, as escolas se tornaram mais seguras.

Dados

Um levantamento recente revelou que 74% dos pais de crianças em idade escolar e 64% dos não-pais acreditam que as escolas são hoje menos seguras do que em 1999. A série aparentemente interminável de tiroteios em massa não ajudou: Newtown, Parkland, Santa Fe.

Os homicídios estão entre as principais causas de mortes entre jovens americanos, mas a maioria ocorre em casa ou em áreas residenciais. Entre 1992 e 2016, apenas 3% dos homicídios de jovens e 1% dos suicídios de jovens ocorreram nas escolas, de acordo com o relatório federal.

O crime nas escolas teve queda entre 2001 e 2017. O número de estudantes entre 12 e 18 anos que relataram terem sido vítimas de algum crime violento na escola nos seis meses mais recentes caiu de 2% para 1%. Quando ocorreram tiroteios em escolas, estes foram principalmente o resultado de disputas individuais, violência ligada a relacionamentos ou assaltos, de acordo com um estudo.

O horror particular dos tiroteios em massa significa que eles ocupam um espaço central entre os temores dos pais, por mais que esses episódios sejam raros. Foram 37 incidentes com atiradores em escolas americanas entre 2000 e 2017, média de dois ou três casos do tipo por ano. Esses eventos resultaram em 67 mortos e 86 feridos, de acordo com os dados federais.

O professor Jagdish Khubchandani, da Universidade Estadual Ball, em Indiana, alertou que o dinheiro gasto com a segurança nas escolas teve seu custo: menos recursos para assistentes, orientadores e atividades de complementação acadêmica. “Entramos em uma escola e é quase como se fosse uma instalação militar”, disse o professor Khubchandani. “Será que isso favorece o ensino?”

(Tradução de Augusto Calil)

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