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Dia Mundial do Sanitário, uma questão de saúde pública

Nenhuma invenção salva tantas vidas como o vaso sanitário. No entanto, 4,5 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a um sistema eficiente

atualizado

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S.Kumar/DW Brasil
vaso sanitário
1 de 1 vaso sanitário - Foto: S.Kumar/DW Brasil

Imagine a seguinte cena de um filme: um casal de recém-casados está dormindo no interior da Índia. Os primeiros raios de sol despontam no horizonte, quando duas mulheres com lanternas batem à porta. Elas vieram buscar a noiva para acompanhá-la no trajeto até onde se faz as necessidades matinais em um matinho perto do povoado. A noiva fica tão chocada que foge do marido horrorizada.

A cena é do filme de Bollywood Toilet: A Love Story, de 2017. Trata-se da história real de um homem que lutou pela construção de instalações sanitárias no lugarejo onde mora, depois que foi abandonado pela esposa por não ter banheiro em casa.

A Índia, segundo país mais populoso do mundo, declarou guerra à falta de banheiros. Em nenhuma outra nação do mundo há mais pessoas sem acesso a condições básicas de higiene.

Só banheiros não bastam
“Os banheiros são mais importantes do que templos, anunciou recentemente o primeiro-ministro indiano Narendra Modi. O plano é que até 2019 todos os indianos tenham um banheiro seguro e sustentável”, disse Arne Panesar. Ele chefia o departamento de instalações sanitárias sustentáveis ​​na Agência Alemã de Cooperação Internacional. (GIZ) e faz visitas regulares a projetos na Índia e em Bangladesh.

Segundo Panesar, só os banheiros não são suficientes, é necessário todo um sistema de tratamento de esgotos. “O prefeito de Dhaka, capital de Bangladesh, por exemplo, alega que apenas 1% dos 16 milhões de habitantes da cidade não dispõe de banheiros, mas é preciso ver o que acontece com os dejetos”, adverte. Desses 16 milhões de pessoas, apenas 1 ou 2% têm instalações sanitárias seguras, em que os dejetos vão parar em bacias de captura. Mas nos demais 98%, eles acabam não sendo tratados, são canalizados para fora da vila e podem ameaçar a saúde da população.

“Seis em cada 10 pessoas no mundo vivem sem sistemas sanitários sustentáveis”, diz Panesar. “Isso atinge cerca de 4,5 bilhões de pessoas. Além disso, 2,1 bilhões não têm acesso à água potável”.

Quase mil crianças morrem a cada dia de causas que poderiam ser evitadas. Muitos parasitas e doenças como a cólera, o tifo e a poliomielite são disseminados devido à falta de sistemas seguros de saneamento. Além da Índia, vários países africanos têm problemas para oferecer sistemas de saneamento aos seus cidadãos.

Neste domingo (19/11), foi o Dia Mundial do Vaso Sanitário. Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu a meta de fornecer a todas as pessoas água potável e sistemas sanitários funcionais 2030. A OMS enfatiza a importância de atender às necessidades dos pobres – especialmente mulheres e meninas, para quem os banheiros significam mais do que higiene e saúde: eles são fonte de segurança e educação.

“É especialmente importante às mulheres jovens que tenham um lugar seguro para ir quando estão menstruadas. Por isso temos tantos projetos em escolas”, disse Stefan Simon, da Ação Agrária Alemã (Welthungerhilfe). “Se não tiverem banheiros limpos e separados, as meninas simplesmente não vão à escola quando estão menstruadas. Isso provoca falhas no sistema de ensino, o que por sua vez pode ter um impacto negativo no poder econômico de um país.”

No entanto, o modelo europeu de sistema de esgoto pode não ser viável em todo o mundo. O objetivo não é que todos os países instalem sistemas de esgoto ao estilo europeu. “Isso não é viável sob o ponto de vista financeiro nem estrutural”, disse Panesar. Há uma série de regiões, por exemplo, que simplesmente não dispõem de água para um sistema desses. “O mais importante é que os resíduos não sejam liberados no meio ambiente e que as pessoas tenham um banheiro seguro e digno”, acrescentou.

Questão cultural
Até 2015, as metas de desenvolvimento eram outras. Foram construídos banheiros para as pessoas não defecarem no campo, mas a maioria dos dejetos ia para os lagos ou rios das proximidades. Quando foram introduzidos os novos objetivos de sustentabilidade, os números caíram porque muitos dos banheiros construídos não eram considerados seguros”.

Os banheiros de compostagem são uma solução possível. Eles coletam e decompõem os dejetos, sem liberá-los no meio ambiente. Também uma fossa pode ser uma boa solução, se estiver localizada longe de poços ou outras fontes de água.

Para que os objetivos de saneamento sejam atendidos até 2030, não basta só construir banheiros. Há a questão cultural, de conscientizar as pessoas sobre a importância da higiene. “Na Etiópia, por exemplo, as pessoas ficam felizes ao ganhar banheiros, mas depois de certo tempo eles são usados também para outras coisas, como depósitos de alimentos”, explica Simon, destacando a importância de deixar claro que alimentos não podem ser guardados com dejetos humanos, como fezes e urina.

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