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Armas de plástico 3D entram em cena na luta contra ditadura de Mianmar

Grupos rebeldes passaram a lutar contra a repressão da ditadura militar em Mianmar com armamento feito a partir de impressoras 3D

atualizado

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Arte/Metrópoles
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1 de 1 mianmar-armas - Foto: Arte/Metrópoles

Após o golpe militar em Mianmar de 2021, protestos explodem em diversas regiões do país, com manifestantes contrários ao regime que tomou o poder na antiga Birmânia, no sudeste asiático. Alegando fraude nas eleições, as Forças Armadas do país derrubaram o governo eleito, e provocaram uma série de retrocessos nos direitos civis e políticos no país.

Além de opositores presos, como o presidente eleito, Win Myint, e a ex-chefe de Estado e vencedora do Nobel da Paz em 1991, San Suu Kyiu, chama a atenção na luta contra o regime ditatorial a fabricação e o uso de armas em impressoras 3D, em especial uma carabina semiautomática 9mm.

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Imagens e vídeos que circulam em grupos e fóruns armamentistas mostram que, pouco tempos depois do início do conflito entre governo e oposição, membros das Forças de Defesa do Povo (PDF) passaram a usar esse tipo de armamento 3D.

Lançado em 2020, a FGC-9 (Fuck the Gun Control 9mm) é uma arma idealizada pelo designer alemão conhecido na internet como JStark1809, que buscou criar um armamento de fabricação barata e de difícil rastreamento por parte das autoridades.

Segundo manuais disponíveis na internet, o projeto consiste, basicamente, em peças impressas em 3D junto de outras que podem ser encontradas em lojas de ferragens, sem a necessidade do uso de componentes produzidos pela indústria armamentista. O valor de fabricação gira em torno de US$ 100 e US$ 300, de acordo com fóruns especializados.

Apesar das diversas imagens da produção e de treinamentos realizados com modelos da FGC-9, ainda são poucos os registros do uso do armamento em combate.

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Consultado pelo Metrópoles, o especialista em segurança pública Leonardo Sant’Anna afirma que a produção em massa das armas em 3D ainda não ocorre em Mianmar, o que pode explicar a ausência da FGC-9 em campos de conflito.

Contudo, ele alerta que a tecnologia vem ajudando rebeldes de outras formas. “Com a mesma tecnologia de impressão, membros dessa resistência têm produzido granadas, transportadas por drones até os locais de ataque”, conta.

Além das armas de fabricação artesanal, Sant’Anna afirma que rebeldes têm conseguido se armar a partir dos combates com as forças de segurança locais.

“Em determinados locais do país, já ocorre uma guerra civil, inclusive apresentando resultados contra grupos militares. É nesse momento em que armas de maior poder de fogo são retiradas desses pontos atacados, aumentando o poder de fogo dos grupos civis armados”, detalha o especialista.

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